Dois meses se passaram, o cerco estava se fechando e boatos corriam de que eu estava em Martinsville, era vista constantemente por lá, minha barriga estava enorme, seis meses de gestação e caminhando tudo bem, eu fazia minhas atividades domésticas e passeava todos os dias pela floresta para não enlouquecer, titia estava apavorada, eu sentia isso nela, mas não me contava o que estava acontecendo, o verão chegou com tudo, e era muito bom ter Axton numa temperatura agradável, depois do almoço resolvi fazer minha caminhada, eu ganhei um cachorro vira-lata, mas ele mais vivia pela mata do que comigo, aparecendo quando estava com fome e sede, era engraçado, mas eu não me apeguei a ele, mas gostava quando aparecia, caminhamos lado a lado entre as arvores, ele me fazia rir por que era engraçado e corria pulando e eu jogava gravetos para ele que corria com suas longas orelhas grandes, eu dei o nome de Dumbo, ele era bege e esguio e desajeitado, cheguei ao descampado, estendi a minha manta, Dumbo deitou ao meu lado se esfregando de costas na manta deixando seu cheiro de terra e cachorro, acariciei sua barriga magra e relaxei, aquilo era meu paraíso, minha filha pulava na minha barriga e era incrível como Dumbo ficava intrigado quando apoiava a cabeça na minha barriga para descansar e querer me mimar.
Suspirei fundo e passei há olhar as nuvens e fechei os olhos sentindo o sol e o vento tocaram a minha pele, puxei minha camiseta para aquecer minha barriga e fiquei curtindo a musica que o vento fazia nas folhas das arvores e o cantar dos pássaros que sobrevoavam sobre mim, meus pensamentos agora eram mais ordenados e eu sentia paz e tranquilidade por estar só e pela primeira vez amando a casa onde nasci, eu estava determinada a nunca mais sair da li, e viver uma vida simples, criar meu bebê e voltar a trabalhar como enfermeira se sentisse necessidade para me ocupar, eu sabia que o bebê me tomaria tempo, mas eu não podia passar para ele que a vida era fácil.
Dumbo latiu ao longe, estava feliz, provavelmente correndo a traz dos pássaros que pousavam no chão, ele queria caçar, mas por ser desengonçado, ele só latia revoltado quando levantavam voo, nem me preocupei e nem o olhei, deixei que brincasse e fiquei curtindo o sol e acariciando a minha pequena no meu ventre.
Senti minha mão ser acariciada, e algo se deitando ao meu lado, girei a cabeça, conhecia aquele toque, Nigel estava deitado ao meu lado, sorrindo lindamente, estava sereno, eu sorri para ele, me sentia aquela adolescente de 15 anos quando ele me beijou pela primeira vez, abri o sorriso com esse pensamento e comecei a gargalhar e deixas as lagrimas rolarem dos meus olhos, todos esses meses escondida e apenas cultivei lembranças de nossos dias juntos e em nenhum momento desejei ou sofri que ele não estivesse lá comigo, Nigel começou a gargalhar comigo, segurando minha mão com carinho, parecíamos dois bobos e sim, - apaixonados como antigamente.
"O que faz aqui?", perguntei o olhando e sorrindo agradecida por vê seu rosto.
Ele soltou um longo suspiro, "Vim te buscar!".
"Eu não posso sair daqui Nigel!". Minha voz saiu embargada.
"Eu preciso tirar você daqui Victória, eles estão na cidade e estão vindo para cá neste momento, e você só tem duas opções, ficar e ser pega, ou ir comigo!".
Olhei para o céu, "Eu não posso largar a casa assim, eu tenho minhas joias e meus pertences lá dentro, preciso voltar e pegar!".
"Já estão fazendo isso, minha equipe está limpando a casa e trouxe uma família para se passar de moradores!".
"Para onde vai me levar Nigel?... Não existe lugar seguro e eu estou grávida... Você não vai me querer grávida de outro homem, ainda mais canalha como Dereck!".
Nigel respirou fundo, "Não me importo de quem é o filho Victória, eu vou cria-lo com amor e como se fosse meu, agora você precisa escolher com quem vai ficar?". Ele olhou em volta, "Temos uma boa caminhada pela frente e eu não vou forçar você a correr, vamos caminhar e conversar até chegar onde precisamos!".
Me sentei, "Tem certeza que estão pegando tudo que é meu, até o meu carro?".
"Sim!... Pode apostar que vai estar tudo com você!".
Nigel me ajudou a me levantar, puxou a manta e dobrou e jogou sobre o antebraço, laçou a minha cintura e seguimos para a floresta, sentido à pequena estrada depois da madeireira, caminhamos devagar, eu estava ansiosa demais, com medo demais, Nigel me confortava com beijos no rosto.
"Titia sabe que veio me buscar?", o olhei de lado.
"Sabe!... E sabe que não vou mais abrir mão de você e pedi para que se conformasse!".
Pisquei várias vezes e o fiz parar, tentando absorver aquela informação, "Vamos Victória, pare de fugir de mim e vamos fugir do que está acontecendo lá traz!".
A emoção tomou conta de mim, comecei a chorar, eu não sabia o porquê, mas eu precisava, me apoiei a uma arvore e escorreguei ao chão, o som do helicóptero começou a se aproximar, Nigel olhava as copas das arvores procurando pelo aparelho, mas em nenhum momento me forçou a andar, a aeronave sobrevoava lento, mas as copas das arvores nos protegia e ficamos grudados nos troncos esperando que saísse de cima de nós, e quando o aparelho seguiu a esquerda, tivemos que seguir a direita prolongando mais ainda a nossa saída da mata, Nigel puxou o celular, acho que vibrava dentro de seu bolso.
"Nigel!", disse ele, e ficou escutando, mesmo assim me guiando pela mata, "Você Sabe que não sei dela e não sei por que está me ligando!".