Capítulo 5 - Um Jogo Perigoso

480 Words
Por Marcos Eu sempre fui um homem de instintos. Aprendi desde cedo a confiar neles para sobreviver. Mas, naquela noite, algo dentro de mim se agitou de um jeito diferente. Algo que eu não podia ignorar. Bianca. Ela tinha algo que me atraía de um jeito quase irracional. Não era só a aparência, apesar de ser linda – e era. Não era apenas a forma como o vestido dela marcava suas curvas ou como os cachos caíam despreocupados sobre os ombros. Era algo mais profundo. Era o jeito que ela olhava para mim e tentava fingir que não. Eu reconhecia aquilo porque já vi esse jogo antes. A diferença é que, dessa vez, eu não estava interessado em apenas vencer. Eu queria entender. Foi por isso que enviei a mensagem. E foi por isso que, naquela noite, esperei. Já passava da meia-noite quando vi Bianca sair da loja. Eu sabia que Pedro não gostaria que ela andasse sozinha àquela hora, mas sabia também que ela odiava ser controlada. Fiquei encostado em minha moto, na calçada do outro lado da rua. Observei enquanto ela fechava a porta e ajeitava a bolsa no ombro. Seus movimentos eram calculados, como se ainda estivesse assustada pelo assalto. E então, ela me viu. Ela parou no mesmo instante, os olhos arregalados. Eu sorri de leve. — Não precisa fugir, gatinha. Eu não mordo. Ela franziu a testa, cruzando os braços. — O que você tá fazendo aqui? Dei de ombros. — Só passando. Coincidência. — Coincidência? — Ela riu, mas não parecia acreditar. — Acho difícil. Gostei do fato de que ela não tinha medo de me enfrentar. — Você não respondeu minha mensagem — provoquei. Ela suspirou. — Porque não tinha nada pra responder. — Não ficou nem um pouquinho curiosa? Ela hesitou, e eu soube que tinha acertado. — Olha, Marcos, eu não sei o que você quer, mas… Eu não sou esse tipo de mulher. Fingi confusão. — Que tipo de mulher? Ela desviou o olhar. — O tipo que se envolve com caras como você. Aquilo me fez rir. — E que tipo de cara eu sou? Ela ficou em silêncio por alguns segundos, como se tentasse encontrar a resposta certa. Mas no fundo, eu já sabia. Para ela, eu era um problema. Uma tentação perigosa. Dei um passo para mais perto, reduzindo a distância entre nós. — Eu acho que você já decidiu o que acha de mim, mas não tem coragem de admitir. Ela levantou o rosto para me encarar, e pela primeira vez, vi um brilho diferente em seus olhos. Não era medo. Era desafio. — E o que você acha que eu acho de você? Sorri devagar. — Acho que você quer saber até onde isso pode ir. Ela não disse nada. Mas também não recuou. E foi aí que eu soube. Esse jogo estava só começando.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD