Por Pedro
Eu estava começando a sentir que algo estava errado. Algo estava mudando, e eu não sabia como lidar com isso. Bianca estava diferente, não da maneira óbvia que você poderia perceber, mas havia algo nela que me deixava inquieto. O olhar que ela me dava não era mais o mesmo. Eu sabia que estava me apaixonando por ela, mas também sabia que as coisas estavam ficando complicadas demais.
O fato de ela ser tão insegura sobre seu corpo, sobre a doença que a acompanhava, me fazia querer protegê-la ainda mais. Eu sabia que as dificuldades dela não eram fáceis de lidar, que o peso da SOP pesava sobre ela de maneiras que só ela podia entender. Mas o que eu não sabia era o quanto isso afetava os sentimentos dela por mim. Ela nunca falava sobre isso diretamente, mas eu via nas entrelinhas. Eu sabia que ela se preocupava com a diferença de corpos, com a imagem que ela passava para os outros, e me preocupava com o quanto isso estava bloqueando o nosso caminho.
Mas o que mais me inquietava era Marcos. Eu sempre o vi como um amigo, alguém com quem eu podia contar, mas agora, algo estava diferente. Havia uma tensão no ar sempre que ele estava perto dela, e eu sabia que não era só coisa da minha cabeça. Ele olhava para ela de uma maneira que não parecia ser de amizade, e, por mais que eu tentasse não pensar sobre isso, o ciúmes me consumia.
Eu não entendia o que estava acontecendo entre eles, mas sabia que algo estava surgindo. A maneira como Marcos olhava para Bianca, o jeito como ele a tratava, tudo parecia um pouco… diferente. Ele estava começando a se aproximar dela, e eu não sabia se isso era bom ou r**m. Eu queria acreditar que era apenas amizade, que ele só estava sendo o amigo que sempre foi, mas algo dentro de mim me dizia que não era isso. Não mais.
Quando ele me contou sobre seu passado, sobre o que ele estava tentando escapar, eu vi um lado dele que nunca imaginei ver. Ele não era apenas o homem que estava sempre ali para me apoiar, ele estava lutando com as próprias inseguranças. E isso me fazia questionar tudo. Eu estava confuso, não sabia mais o que fazer. Por um lado, eu queria protegê-la, mas por outro, eu queria ficar com ela. Eu queria que ela me olhasse como eu olhava para ela: com a certeza de que nós dois pertencíamos um ao outro.
Eu vi a maneira como ele a tratava, com a calma e o cuidado que eu ainda não havia sido capaz de mostrar, e isso me deixava ainda mais inseguro. A cada encontro deles, a cada conversa que eles tinham, eu via uma cumplicidade que, no fundo, me feria. E quando ele me falava sobre os sentimentos dele, sobre o que ele sentia por ela, eu não sabia se deveria apoiá-lo ou se deveria lutar pelo que eu sentia.
“Você está bem, Pedro?” A voz de Marcos me tirou dos meus pensamentos. Estávamos juntos na sala, fazendo algumas coisas para o trabalho, e ele estava me olhando, como se me estudasse.
“Estou, sim. Só um pouco cansado”, respondi, tentando esconder o que realmente estava sentindo. Eu não queria mostrar a ele que eu estava com ciúmes, que estava me sentindo ameaçado.
Mas a verdade era que eu estava. Eu estava sentindo que ela estava se distanciando de mim, que a distância entre nós estava se alargando. Talvez fosse porque eu nunca me atrevi a ir além da amizade, a mostrar o que realmente sentia por ela, mas Marcos não parecia ter esse problema. Ele estava indo atrás do que queria, e eu… Eu não sabia mais como agir.
Ele sentou-se ao meu lado e, por um momento, ficamos em silêncio, os dois pensando em nossos próprios dilemas. Mas então, ele virou para mim, com um olhar sério.
“Eu preciso te contar uma coisa, Pedro”, ele disse, sua voz baixa. “Eu estou começando a sentir algo muito forte por Bianca, algo que eu não posso mais ignorar. E sei que você também sente isso por ela.”
Eu congelei. Isso era o que eu mais temia ouvir. Mas, ao mesmo tempo, era uma confissão que eu sabia que seria inevitável. O que eu poderia fazer agora? Eu não podia pedir a ele para se afastar, não poderia mandar ele parar de sentir o que estava sentindo. Eu só podia tentar lidar com isso, de alguma forma.
“Eu sei”, disse eu, com um suspiro pesado. “Eu também estou começando a perceber o que você está dizendo. E não sei o que fazer, Marcos. Não sei se eu posso lutar por ela.”
Ele me olhou, e, por um momento, o silêncio tomou conta de nós dois. Eu sabia que, de alguma forma, estávamos no mesmo barco. Ambos amávamos Bianca. Ambos queríamos ficar com ela. Mas o que fazer quando os sentimentos se chocam de uma maneira tão forte?
Eu não sabia se eu tinha força suficiente para competir com ele. Ele era tudo o que eu não era. Ele tinha confiança, ele tinha o mundo aos seus pés. Eu tinha… o meu trabalho, a minha luta diária para ser alguém melhor.
Mas a verdade é que, no fundo, eu sabia que eu tinha algo que ele talvez não tivesse: um vínculo real com Bianca, algo que se construíra ao longo de três anos de amizade, apoio e dedicação. E talvez isso fosse mais importante do que qualquer coisa que ele pudesse oferecer.
Mas, ainda assim, o ciúmes me consumia, e eu não sabia como isso tudo acabaria.