Capítulo 8 – O Coração em Conflito

543 Words
Por Bianca Eu não conseguia respirar direito. As palavras de Pedro ainda ecoavam na minha cabeça, repetindo-se como um disco quebrado. "Eu te amo. Sempre amei." Isso não podia estar acontecendo. Passei as mãos no rosto, tentando organizar meus pensamentos. O jantar, Marcos do outro lado da rua, o olhar de Pedro, a discussão no carro… e então, aquela confissão. Eu queria acreditar que tinha ouvido errado. Mas não tinha. Pedro me amava. Pedro, o meu melhor amigo. O homem que esteve comigo nos meus piores momentos. O cara que eu sempre admirei, sempre confiei, sempre me senti segura ao lado. Mas… eu nunca o vi assim. Ou será que vi e nunca quis admitir? Suspirei, sentindo o peso dessa dúvida me esmagar. A verdade é que, até Marcos aparecer, eu nunca havia pensado nessas possibilidades. Pedro sempre foi uma presença constante na minha vida, mas eu nunca me permiti imaginá-lo como algo além disso. E agora tudo estava bagunçado. Olhei para o celular na mesa. Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Pedro não falava comigo desde aquela noite. E Marcos? Bom, ele não era do tipo que desaparecia. O que ficou claro quando, na tarde seguinte, ele entrou na minha loja como se fosse um cliente qualquer. Meu coração disparou quando o vi. Ele vestia uma jaqueta preta sobre uma camiseta justa e jeans escuros, e o jeito como caminhava, cheio de confiança, irritantemente atraente, só me deixava mais confusa. Marcos parou na frente do balcão e sorriu. — Você andou fugindo de mim. Cruzei os braços. — Eu não estava fugindo. — Não? — Ele arqueou uma sobrancelha. — Então quer dizer que ignorar mensagens e evitar lugares onde sabe que posso estar é o quê? Coincidência? Revirei os olhos. — O que você quer, Marcos? Ele apoiou os antebraços no balcão e me encarou. — Quero saber o que tá acontecendo aqui. — Aqui onde? — Entre a gente. Engoli em seco. — Não tem "a gente". Ele sorriu de lado. — E ainda assim, você está nervosa. Ótimo. Ele percebeu. Marcos suspirou, como se estivesse se divertindo com a situação. — Eu vi vocês dois aquela noite. Você e Pedro. Meus músculos se contraíram. — E daí? — Daí que eu sei o que aconteceu depois. Meu coração parou por um segundo. — Como assim? Ele se inclinou um pouco mais perto, a voz baixa, rouca. — Ele finalmente disse, não disse? Minha respiração travou. — Eu… — Ele te ama. — Marcos disse isso como se já soubesse, como se fosse óbvio. Como se não se importasse. — E você? Tentei ignorar a forma como meu estômago se revirou. — Eu… eu não sei. Marcos me observou em silêncio por alguns segundos. E então, ele sorriu. Mas não era um sorriso divertido. Era um sorriso de quem já tinha vencido um jogo antes mesmo de ele começar. — Isso significa que ainda há espaço para dúvida. Me afastei, sentindo o peito apertado. — Eu não quero jogar, Marcos. Ele segurou minha mão antes que eu pudesse sair de perto. — Eu também não. Meu corpo inteiro arrepiou. Era isso que me assustava. Pedro era amor, segurança, proteção. Marcos era perigo, desejo e mistério. E eu estava presa entre os dois.
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