Acordei no dia seguinte com a minha cabeça latejando. Tomei aspirina, um banho e fui para o trabalho, só Kyera e Parker tinham chegado.
- Bom dia detetive Hank.
- Bom dia pessoal. - me joguei na minha cadeira.
- Parece que teve uma daquelas noites. - Parker sentou sobre a minha mesa rindo.
- Eu bebi muito ontem. Preciso de café. - levantei indo para cozinha e Parker me seguia. - Acho que falei alguma coisa para o Jesse. - disparei e ele encarou-me.
- Como assim? - ele segurava para não rir.
- Eu não sei, mas acho que dei uma cantada nele. - acabamos rindo e pegamos uma xícara de café. - Acho que falei dos olhos dele.
- Ele com certeza tem olhos bonitos. - ele gargalhou e eu bati no seu braço.
- Hey, Howard está nos chamando. - Kyera saiu correndo e a seguimos. Howard colocou uma fotografia de um homem no quadro branco que usávamos para coletar provas e relacioná-las.
- Parker e Alice, quero vocês no hospital. Teve uma tentativa homicídio e e*****o ontem a noite, a garota sobreviveu e esta internada. Kyera vai encontrar com Matthew no local do crime, ele já está lá com Jesse.
- Cadê a Jessica?
- Tentei ligar, mas não atende.
- Tá, vamos ao hospital e depois passamos na casa dela. - sorri e Howard apenas concordou.
Parker e eu seguimos para o hospital, conversamos com a garota, relatou que não lembrava tudo que havia conhecido e viu apenas traços do homem que pegou ela e amiga. Estava muito escuro e não tinha muita visibilidade, mas era um homem alto, com olhos castanhos e cabelos grisalhos, utilizou um carro sedan cobalt para levar elas.
Fomos para casa da Jessica e o carro ainda estava na saída da garagem. Percebi que a porta estava apenas encostada. Saquei a a**a do coldre e apenas fiz sinal para o Parker, entramos na casa da Jessica e estava tudo revirado, tinha muitos sinais de luta e sangue.
- Avisa o Howard e chama a perícia. Precisamos saber de quem é todo esse sangue. - Parker concordou e ligou para o Howard.
Apenas suspirei e torci para não ser da Jessica o sangue. Revirei a casa atrás de algo que pudesse ajudar-nos, apenas encontrei um caderno com vários nomes, pareciam nome de casos em que ela trabalhou. Sai da casa quando vi a perícia chegar acompanhada de várias viaturas e do nosso pessoal, Jesse saltou do carro e eu empurrei-o para que não entrasse.
- Não. - coloquei a mão no seu peito não o deixando passar.
- Deixa eu ver Alice, preciso ajudar. - ele tentou afastar-me e eu puxei-o pelo braço para o canto.
- Jesse eu sei que a Jessica significa muito para você - ele encarou-me. - Se quer ajudar, não demonstre tanto sentimento ou Howard vai tirar-te do caso, aliás, a casa tá cheia de sangue e ainda não sabemos se é dela. - ele passou a mão pelos cabelos e suspirou. - No mais, não há nada mais que possa ajudar-nos.
- Tem certeza?
- Jesse, eu fui agente do FBI e CIA, não deixo nenhum detalhe para trás. Confia em mim, por favor. - ele apenas acenou e entrou no carro novamente. - Parker. - gritei e o mesmo veio até mim.
- O que foi Alice? - apontei para camera.
- Porque a Jessica teria colocado cameras? - o encarei.
- Só se estivesse a ser perseguida. - apenas balancei a cabeça. - Vou pedir as gravações e mandar para o Jeff analisar.
- Peça que analise esse caderno. - o entreguei o caderno que havia tirado da casa. - Acho que pode ser nome de casos que trabalhou e pode ter algum suspeito. - Parker ia saindo quando segurei o seu braço. - Não fala nada para o Jesse, ela é a parceira dele, deixa que eu falo se tiver algo relevante a ser dito.
- Tudo bem. E você vai para onde?
- Pedir uns favores.
Coloquei o meu óculos de sol e entrei no carro seguindo caminho até a casa do Shaw, não ficava muito longe, mas seria uma viagem quase. Quando cheguei o mesmo não estava, somente a esposa dele, ela deixou eu entrar e ficamos a conversar na varanda dos fundos até Shaw chegar.
- Veja se não são minhas duas garotas favoritas. - Shaw deu um beijo na sua esposa e cumprimentou-me.
- Alice quer falar com você. - levantou a esposa dele. - Apareça mais vezes. - me abraçou e eu sorri.
- Claro.
- O que quer? A última vez que veio aqui pediu para sair e achei que não queria mais me ver.
- Preciso da sua ajuda.
- Com o que?
- Jessica é uma das detetives com quem trabalho, ela é uma boa pessoa. Fomos à casa dela e parecia uma cena de crime, tudo estava revirado e tinha sangue por todos os cantos. Nenhum sinal dela.
- Irei ver o que consigo, mas Alice, é bom saber que está bem. - ele sorriu e eu retribui.
- Eu aguardo a sua ligação.
- Alice? - chamou-me e eu parei para encará-lo. - A governadora quer falar com você!
- Quando?
- Na próxima semana, no gabinete dela.
- Me despedi e voltei para a sede da delegacia, todos estavam a correr para um lado e para o outro e eu só estava a pensar, parecia que tudo passava em câmera lenta, Jesse estava sentado na mesa e parecia estar em outro mundo, Parker, Kyera, Matthew e Howard discutiam sobre qual caso davam andamento.
- Alice, vai querer ver isto. - Jeff chamou-me e fui até a mesa dele.
- O que você conseguiu?
- Tinha um carro observando a casa da Jessica, veja isto. - apontou para tela do computador onde estava aberta a filmagens da câmera. - Isso é de quase um mês atrás, o mesmo carro dia após dia.
- Sabemos quem é?
- Ampliei a imagem o máximo que consegui, porém, não consegui uma imagem boa do rosto dele ainda, mas consegui a placa do carro.
- Ótimo, manda o endereço por mensagem. - caminhei até o pessoal que debatia. - Howard pedi ajuda a uma pessoas já, se aceitar - --- Parker e eu podemos cuidar do caso da Jessica e você do caso do e*****o e homicídio
- Claro, me mantenho informado.
Parker e eu descemos até a garagem para pegar um carro quando vi uma mulher, estava a tentar caminhar de forma que ninguém reparasse na sua presença, caminhei até ela e vi ser uma das pessoas que trabalhou em vários casos comigo e Shaw.
- Alice Hank, Shaw mandou entregar-lhe isso. - me entregou uma pasta, tinha o nome da Jessica.
- O que é isso?
- Jessica é filha de alguém muito poderoso nos Estados Unidos, um dono de cassino clandestino, muito difícil de encontrar também. - É procurada pelo FBI a mais de dez anos, ela não tem nenhum contato com o pai, mas pode ter ligação, um dos maiores inimigos do pai dela é Triadi. - a encarei.
- Obrigado.
Voltei para o carro e deixei Parker dirigir para que pudesse analisar a pasta da Jessica, era uma ficha enorme e parecia ser uma mulher bem rebelde na adolescência. Vi um nome conhecido, olhei o nome do dono da placa do carro e a do relatório, era o mesmo nome.
- Parker. Griffin é um ex-namorado da Jessica, mas não parece o seu tipo fazer isso.
- Deveria saber o que homens loucos podem fazer por mulheres. - acabei rindo.
- Acelera, precisamos achar logo a Jessica.
Chegamos na casa do Griffin e o carro não estava, a porta estava trancada e não tinha ninguém. Morava sozinho, mas era uma casa bem organizada, bastante foto com os pais e nada que o incriminasse, ouvi um barulho na garagem e fui até lá verificar, Griffin estava no canto com as mãos cheias de sangue e a perna sangrando.
- Parker, achei ele. - tirei o meu cinto e fiz um torniquete na perna dele. - Griffin cadê a Jéssica?
- Como me conhece? Você é um deles? - ele começou a se debater e eu segurei-o.
- Eles quem? Griffin eu sou detetive, trabalho com a Jessica. De quem é esse sangue? - o intimei e ele acalmou-se.
- Eu ia lá, quando vi uma movimentação na casa, ela lutava com uns caras, dispararam e eu saí correndo, um deles viu-me e acertou a minha perna. Eu queria ajudá-la, mas se eles me acharem?
- Você viu um deles? - apenas balançou a cabeça. - Conseguiria descrever?
- É Mark Delano, todo mundo conhece ele. Ninguém toca nele de jeito nenhum.
- Eu sei quem é. Parker chama uma ambulância, peça que um policial fique de guarda com ele. - levantei.
- Aonde você vai?
- Encontrar Delano.
Peguei o carro e sabia exatamente onde encontrar Delano, uns anos atrás fizemos trabalhar com o FBI num caso, em troca diminuiria a sua pena, foi solto a mais ou menos dois anos. Cheguei até a ‘boate’ 24 horas que pertencia a ele, estava lotada como sempre, e sempre me perguntava como tanta gente podia ter o que não fazer e estar ali.
- Veja se não é minha Agente favorita. - sentei e ele ordenou que os seus homens saíssem.
- Cadê a Jessica?
- Não conheço.
- Delano você sabe que não brinco e nem penso duas vezes. Cadê a detetive Fitz?
- Segura. - olhou com deboche.
- O que quer com ela? - o encarei.
- O irmãozinho dela me deve, ele não pagou. Talvez a irmã o incentive.
- Como assim?
- Não conhece a própria amiga?
- Quanto ele te deve?
- 50 mil. - suspirei.
- Solta ela e a dívida vai ser paga, assim como, vai deixá-los em paz, não venderá mais nada ao irmão dela ou todos irão saber o que Delano fez quando estava na prisão. - ele engoliu seco.
- Na All Street com a Oswald, tem um galpão abandonado. Vai encontrá-la, quero o dinheiro até amanhã.
Levantei e segui para o endereço que ele informou, esperava que tivessem homens lá, mas não havia nada. Entrei no galpão e vi Jessica desacordada presa a uma cadeira. Peguei a canivete que sempre escondia nas botas, a soltei e tive que carregá-la igual saco de batata, nos meus ombros, por sorte, Jessica era leve.
A deixei no hospital e fui até Delano com o dinheiro, entreguei-lhe e prometeu que nunca mais se envolveria com os Fitz novamente. Voltei para casa exausta, a porta estava destrancada, coisa que nunca fiz antes. Puxei a a**a do coldre e adentrei, Parker ria em silêncio me assistindo, estava sentado no sofá.
- Acho divertido você ser observadora.
- Sério Parker? - o encarei e fechei a porta. - O que faz aqui? - perguntei indo até à cozinha e pegando uma tequila.
- Você sumiu, milagrosamente Jessica apareceu no hospital e Howard disse que tudo estava resolvido. - ele sentou-se no banco da ilha. - tequila?
- Parker, Jessica está bem e isso que importa.
- O quanto isso te custou? - bebi uma dose.
- Não importa. Faria por qualquer um de vocês. - me olhou com olhar de repreensão.
- Alice, o que está a acontecer?
- Eu tô cansada - ele olhou-me curioso.
- Do que?
- De tudo Parker, eu amo o meu trabalho, amo trabalhar com todos vocês. Mas, amar uma pessoa e não estar com ela é difícil demais.
- Fala do Jesse - ele suspirou. - por que diz não poder ficar com ele?
- Tem noção do quanto é perigoso se envolver com um colega de trabalho? - ele negou e eu deixei uma lágrima escorrer.
- Alice, sinceramente. Acompanho o drama Alice e Jesse a anos, são basicamente perfeitos um para o outro, compulsivos pelo trabalho, movidos a ação e tiros, mas acima de tudo, fazem de tudo por um amigo. Então não vejo como isso atrapalha o trabalho.
- Está certo Parker. Porém, nunca estive apaixonada antes, tive muitos homens na minha vida, mas nunca um que eu realmente amasse. Não sei se… - pausei e ele olhou-me curioso. - não sei se consigo lidar com todo esse drama e sentimentos.
- Ainda não consigo entender o porquê de tudo isso. Para mim é simples, fala com o Jesse, conta o que sente e casem - rimos. - Alice, acho que devem conversar, porque esse negócio de ficar a sentir demais, tá matando vocês dois por dentro.
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