Primeiro dia

2169 Words
Acordei no dia seguinte com o sol no meu rosto, tinha deixado as cortinas abertas na noite passada. Olhei e o relógio marcavam quase seis da manhã, levantei tomando já um banho para acordar, me vesti casualmente e fui à delegacia cedo, subi até o quinto andar e tudo que eu pedi estava lá, as mesas eram maiores, prateleiras suficientes, lousas para que pudéssemos anotar sobre os casos e um espaço para nosso técnico, sorri com satisfação. Deixei a caixa com minhas coisas em cima da mesa que seria minha e desci até o escritório do Hawk, ele parecia estressado e bastante concentrado numa papelada que estava sob sua mesa. Dei dois toques na porta, ele me olhou e assentiu para que eu entrasse. - Bom dia senhorita Hank. - disse com uma voz suave que poderia assustar tamanha condolência vindo dele. - Bom dia Hawk. Só queria lhe agradecer e dizer que espero muito que nos demos bem aqui. - Alice Hank - falou calmo. - Só está aqui porque atendi ordens que estão bem acima de mim, mas ainda assim, espero que não passe por cima de mim e de minhas regras. - Sim senhor - falei séria. - Acho que podemos recomeçar daqui e não faça meu trabalho mais difícil. - Certo, senhor. Tenha um bom dia. - sorri e ele também. - Tenha um bom primeiro dia, uma dica, conheço cada um dos detetives e, se confiar neles, irão confiar em você. Apenas assenti e sai da sua sala, subi para o quinto andar e abri as percianas das janelas, coloquei a lousa num lugar mais adequado para nós utilizarmos. - Chegou cedo - me virei, a mulher loura estava com uma caixa nas mãos. - Queria ver se estava tudo certo - forcei um sorriso e ela passou os olhos por todo o espaço. - Aqui é legal, qual mesa é a minha? - eu a encarei. - Pode escolher qualquer uma, vocês escolhem. Esse será nosso novo local de trabalho. - Aliás, meu nome é… - a interrompi. - Jessica Fitz, formada com honra na academia de polícia. Foi uma ótima policial pelo pouco período que ficou, e se tornou detetive em menos de cinco anos. - ela sorriu. - Claro que sabe quem sou. - Eu vou para meu lugar organizar minhas coisas. Avise os outros para escolher suas mesas. Minha mesa ficava no canto perto da janela. Não havia nada demais e nem ficava numa sala separada dos demais, comecei a analisar fichas de algumas pessoas com potencial para entrar para equipe e que tinham a ficha limpa, peguei de todos os policias que trabalhavam na delegacia e tinham se inscrito. Os outros chegaram e não me cumprimentaram, pois viram que estava ocupada. *Ligação On* “ Alô, detetive Hank?” “Sim, pode falar” “Temos um corpo. Na principal com a 37.” “Estamos indo” *Ligação Off* Desliguei o telefone já puxando o casaco pendurado no encosto da cadeira. Eles me olharam rapidamente e se levantaram. Sabia que Jessica e Jesse eram parceiros, me sobrou Parker e confiava nele por alguma razão. - Pessoal vamos. Principal com a 37. Parker quero você comigo. - o moreno me acompanhou enquanto os outros dois nos seguiam. Descemos até o estacionamento e entramos nos carros. No caminho para o local, percebi que Parker parecia desconfortável e com uma v*****e insaciável de fazer uma pergunta. Eu me incomodava com muitas perguntas que me faziam, porque a maioria não podia responder e a outra metade, não tinha como responder, não tinha as respostas que queriam ouvir. - Pergunte logo Lee. - ele me encarou. - Porque me chamou para vir com você? E me chame de Parker só. - Percebi que Jessica e Jesse estão juntos. Não queria que ficasse constrangedor. - Como sabia? Ninguém sabe. - me encarou. - Eu percebo muitas coisas Parker. Vocês costumam expressar muito mais do que falam - sorri e ele me encarou incrédulo - não quero ocupar o lugar do Russel, ele era referência de quem eu queria me tornar. Prender ele foi uma das piores coisas que já tive que fazer na minha carreira. - Eu sei quem ele era, você não quis falar, mas eu vi a ficha dele e pelo que foi acusado. Caso era sólido e tinha provas - balancei a cabeça apenas. - Porque permitiu Jessica e Jesse continuarem? - Porque não está atrapalhando nenhum caso, quando atrapalhar, não irei permitir. - Você é legal, devia pegar leve com pessoal. - Eu pego leve, eu sei que não gostam de mim. - Eu gosto de você - ri. - eles só não conhecem você e, não começou de uma forma boa. A quanto tempo é detetive? - A mais tempo do que me lembro. Chegamos no local, tinha muitas viaturas da polícia, pessoas curiosas atrás da faixa amarela utilizada para isolar o local e preservar possíveis pistas e provas. O lugar fedia a esgoto, o sangue estava mais escuro do que o normal, a bala foi diretamente na cabeça, indicava ter sido por um atirador muito bom. Não tinham encontrado nenhuma cápsula próxima ao corpo, o que fazia pensar que o tiro poderia ter sido mais distante, podendo ser em uma distância de mais de 500 metros. Teríamos que esperar a perícia para sabermos a hora e a distância exata. - Temos duas testemunhas que possivelmente viram o atirador. - disse Jesse parando ao meu lado. Estava agachada ao lado da vítima. - Ótimo, levem para delegacia e interroguem. - respondi sem olhar para ele. - Quero a autópsia mais rápido possível e Parker, precisamos descobrir se ele tem família. - Parker apenas assentiu e saiu. Voltei para delegacia, contatei a balística e a perícia para pedir que enviassem os resultado assim que possível. Os testemunhos que Jesse e Jessica pegaram não diziam muita coisa. - Com licença, detetive Hank - olhei e Jesse estava acompanhado de Matthew e Kyera. - Disseram que pediu para eles virem aqui. - Sim, claro. Sentem - sorri. Os dois sentaram a minha frente. - Se inscreveram para inteligência, certo? - Sim senhora - responderam. - Bom, eu estudei a ficha e o desempenho de vocês na academia. Quero vocês dois, mas saibam que não é a mesma coisa que faziam antes e não devem questionar os meus métodos - eles assentiram. - Se troquem e falem com a detetive Fitz, estamos em meio ao um caso. - Sim senhora, obrigado - respondeu Matthew. Os dois ainda vestiam a farda de policial. Eles saíram, recebi e-mail da perícia e da balística, estava claro que a morte tinha sido encomendada, o atirador era profissional e o calibre da a**a, era armamento militar. - Stockler! - o chamei anda entrando o computador. - Oi? - perguntou se aproximando da minha mesa e gesticulei para que olhasse o computador. Foi a primeira vez que ficamos tão próximos, pude sentir seu perfume amadeirado, sua respiração era tranquila e suave. Por alguma razão meu coração começou a acelerar, minhas mãos soavam frio e eu senti um calor. - isso é de uma a**a militar - falou virando o rosto para mim e estávamos próximos demais. Levantei rapidamente. - Sim, está aqui a bastante tempo? - ele assentiu. - Sabe se existe, mínima que seja, a possibilidade de uma g****e estar contrabandeando armamento militar, ou que tenha um militar ou sei lá. - Não, mas isso aqui é um profissional detetive, um tiro no lugar certo, foi para m***r. Não é coisa de g****e - disse firme e eu assenti. - Eu sei - respondi pensativa e ele me olhou indiferente. - No que está pensando? - Foi acerto de contas isso Stockler! - Vou revirar a vida dos pais da nossa vítima. - Faz isso - falei assentindo e ele saiu. Suspirei aliviada e voltei a me sentar, estava ficando inquieta, esperar tanto não era meu forte, mas precisava aprender a ter paciência e resolver os casos junto com a equipe. Jessica juntou a lousa informações sobre a família do garoto, eram parte de uma g****e do lado sul de jersey, local dominado e mesmo que encontrassemos o atirador, seria arriscado ir lá e prender somente um. - Tem certeza? - perguntou Parker. - É o nosso trabalho, independente do que os pais do garoto são, ele não tem culpa. - falei séria e todos continuavam me olhando. - Se irmos lá, sabe que será um m******e. - disse Parker. - Não, iremos civilizadamente. Conversaremos primeiro. - falei firme pegando minhas coisas. - Tem certeza? - perguntou Jessica. Matthew, Jesse e Kyera observavam em silêncio. - Achei que estivessem aqui para proteger aqueles que não podem proteger a si mesmos. - falei e todos me encararam. Desci até o estacionamento sendo seguida por todos, pedi apoio do patrulhamento, estava entrando no carro quando Jessica me entregou uma pasta. Mandei Parker dirigir, enquanto abria a pasta, já tínhamos o nome do possível atirador Garett Herrera. Chegamos ao lado sul de Jersey, era um bairro difícil de adentrar, as pessoas nas ruas nos olhavam f**o e não tinham um fio de medo do que poderíamos fazer. Me lembrou de uma incursão que fiz para o FBI no México uns anos atrás. - O que querem? - perguntou um homem alto, loura e forte, tinha uma a**a pendurada no ombro. Descemos do carro. - Procuramos por Garett Herrera. - falei firme e ele sorriu. - E acha que diremos onde ele está? Quem é você, nunca vi você aqui antes. - outros homens surgiram atrás dele e tinha mais pessoas do que conseguia contar. - Sou a comandante Alice Hank. - meu pessoal me olhou de esguelha e eu apenas ignorei. - Substituindo o Sargento Russel da Inteligência. - Comandante é? - ele sorriu se aproximando. Levantou a mão, antes que tivesse reação o imobilizei no chão e todos apontaram as armas um para os outros. - Não sou sua inimiga e nem pretendo ser. Casey Gonzalez foi assassinado hoje com um tiro na cabeça, uma morte encomendada. Ele só tinha cinco anos. - sussurrei com nojo e desdém em seus ouvido. Ele me olhou sério e parou de fazer força, o soltei. - Abaixem as armas - disse para sua g****e e eu gesticulei para que meu pessoal também baixassem as suas. - Não matamos crianças. - disse firme me olhando nos olhos. - Então vai me ajudar? - Julian e Ethan tragam o Herrera. - disse para dois homens atrás dele e os dois saíram. - Não sabíamos o que ele tinha feito, mas ele apareceu hoje de manhã muito assustado. - falou baixo e eu assenti. - Desculpe, qual o seu nome? - perguntei e ele riu. - Você realmente não é daqui. Sou Henry, só entregarei Herrera porque pareceu ser verdadeira, mas não quer dizer que ajudarei sempre de boa v*****e. - Não se preocupe, a próxima vez que precisar de você. Será compensado. - falei tranquila e ele assentiu. - Não deixe que me levem. - gritou Herrera para Henry. - Por favor, vão me m***r. - Cala a boca. - disse Parker o algemando. - Está preso pela morte de Casey Gonzalez… - sua voz sumiu com a distância que houve até levá-lo para o carro dos policiais. - Até breve Henry. - Comandante. Entrei no carro e Parker dava risadas sozinhos, apenas sorri e fizemos um toque com as mãos. Chegamos no prédio da delegacia, subi rápido para fazer a papelada e os outros subiram em seguida. - Foi loucura - disse Kyera animada enquanto sorriu para Matthew e Jessica. - Loucura até demais - disse Jessica com a voz indiferente. - Para, nunca conseguimos chegar tão perto de Henry. - resmungou Parker. - Eu respeito suas decisões por sua patente ser superior a minha, mas não quer dizer que concorde com elas. Você tem noção do que acabou de fazer? - perguntou Jesse sentando em uma cadeira ao lado da minha mesa. - Tenho Stockler, ganhei o respeito de um gângster importante. - Importante? Ele só é o maior traficante de Nova Jersey e é tão intocável que nunca conseguiram prender ele. - disse com a voz grossa, mas ainda baixo para que os outros não ouvisse. - Os fins justificam os meios. Um ex militar deveria saber disso. - falei séria e ele sorriu debochado. - Nunca me aliei a inimigos ou errei meu alvo. - falou sério. - Stockler vai para casa e esfria sua cabeça. - disse firme me levantando e com minha papelada. Deixei na gaveta na pasta das provas que juntamos no caso do menino. Stockler fez o mesmo e saiu quase correndo. Entendia os motivos dele para não confiar em mim, era um m*l de militar e passei por isso quando sai do exército. Foram tantos disfarces e uma vida solitária que eu realmente parei de me importar com os meios, contato que eu conseguisse o que queria.
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