A Babá do Sheik

Abro meus olhos pela manhã e já consigo sentir o calor do sol que transpassa minha cortina e me esquenta na cama, gosto de acordar assim, porque me faz ser amada por Alláh. Hoje acordei me sentindo diferente, estou com um aperto no peito, coisa que nunca senti antes e não consigo explicar o porquê desse sentimento. Levanto da minha cama e vou fazer o de sempre. Quando saio do banheiro escolho um vestido simples, um pouco acima dos joelhos e com mangas longas. Depois de pronta desci as escadas, hoje era meu primeiro dia no novo emprego, ia trabalhar durante o dia e continuar minha faculdade de administração a noite, já estou no 4° semestre e não querendo me gabar, eu era boa, na verdade muito boa. Quando cheguei a sala fui surpreendida por visitas, na verdade eram dois homens que estavam completamente de preto e eram bem altos. Ambos me olharam no mesmo instante que chego a sala, confesso que eu quis me esconder, porém me mantive firme e fui até minha avó. * Salaam Aleikum . - falei, os saudando. Ambos me olharam de forma confusa, mas responderam. ( que a paz esteja com vocês) * Alaikum As-Sallaam. - falaram. ( que a paz de deus esteja sobre vós também) * Quem são eles vovó? - perguntei. * Eles vinheram por você habib, são da parte de seu pai. - disse. O que sera que aquele homem quer agora? * E o que os senhores querem aqui? - fui direta. — Eles vieram por você meu amor, são da parte de seu pai. - disse. O que será que aquele homem queria de mim agora? — O que os senhores fazem aqui? - perguntei sendo bem direta. — Nós viemos para buscá-la seu pai a quer em casa. - falaram. — Essa é a minha casa e eu não tenho nenhum pai. - disse. Viu o homem de feições mais simpáticas ficar incomodado com o que eu disse. — Senhorita Soraia, a senhorita sabe que não é de bom Tom renegar a família, então gostaria que pensasse suas palavras pois se não fizer, teremos que levá-la à força, e a contragosto eliminar quem estiver no caminho. E eu particularmente não gostaria disso. - falou. Eu não sei o porquê, mas ele me pareceu muito sincero e solidário com a minha situação. — E o que você sugere, que eu abandone minha avó, a única pessoa que me ama e esteve comigo durante toda a minha vida? - perguntei. — Não, a senhorita pode levá-la, e ela terá toda a atenção que a sua parente merece. - falou. — Eu não tinha permissão para contar, mas a sua mãe está em seus últimos dias e pediu para seu pai que a levasse. Depois poderá voltar pra este país. Quando ele terminou de dizer essas palavras meu coração imediatamente se apertou, minha mãe era o motivo de eu ainda estar viva quando nasci foi detectado uma doença rara e mortal em minha mãe, isso não fosse ela ter me mandado embora com apenas 4 anos de idade meu pai teria me matado por me culpar por a doença dela. Mas algo me dizia que era mentira, que não seria tão fácil voltar. Eu nunca fui abandonada pela minha mãe, ela sempre dava um jeito de se comunicar comigo, porém ela nunca tinha me chamado assim, então querendo ou não eu teria que voltar mesmo para casa, mesmo aquela não sendo mais a minha casa. Chamei minha avó até a parte de cima da casa para conversar com ela melhor e sem a presença dos dois. — Vó preciso que a senhora fique aqui, eu não sei o que me espera lá, então preciso de um Porto seguro aqui, para o caso de eu precisar fugir ter para onde ir. - falei. — Eu não quero que você vá sozinha, meu amor, lembre-se de tudo que o seu pai já tentou, ele não é bom. - disse chorando. — Eu sei vó, mas eu preciso ir é a mamãe que está precisando de mim, eu preciso pelo menos ver ela. Fica atende Se eu precisar eu vou voltar antes eu aviso para a senhora. - falei. Minha avó me abençoou e permitiu a minha ida sem ela a contragosto, ela sabia que meu pai não era flor que se cheire, em todos esses anos nunca quis saber como estava era sempre um empregado que ligava em nome da minha mãe perguntando se eu estava bem. Mas eu não podia deixar de ir tudo que eu queria era rever era depois de todos esses anos longe dela mesmo que estivesse no final da vida afinal foi por ela que eu nasci. Peguei uma mala e coloquei tudo o que pude, vesti o Hijab que guardava, era a única coisa que trouxe da minha mãe. Não é porque eu não usava aqui, que não tinha alguns, porém o que foi de minha mãe era o mais bonito. Desci as escadas carregando a minha mala, dei uma última olhada e um abraço na mulher que sempre cuidou de mim, no fundo eu sabia que essa viagem mudaria a minha vida, só esperava que fosse pra melhor e não pra pior.