Aldora tamborilava os dedos no braço do trono com irritação contida. O salão estava silencioso, exceto pelo ranger ocasional da madeira antiga sob seus pés e os suspiros do rei Assuero, que terminava o terceiro cálice de vinho. Hermes estava recostado num dos pilares, com os braços cruzados e expressão entediada. Olhava para os pais como se tivesse coisa melhor pra fazer — e tinha. Mas Aldora exigira a presença dele naquela noite. Fingir harmonia de família era útil, de vez em quando. Assuero finalmente levantou-se. Os cabelos grisalhos caíam sobre os ombros com descuido. Olhou para a esposa, mas ela desviou o olhar. — Vou me recolher. Os ombros estão me matando — murmurou ele, arrastando os pés em direção ao corredor oeste. Não trocavam mais que três frases por dia. Fazia anos que dor

