Chefes Podres De Ricos

Capítulo. 20

Os lábios de Morgan se curvam em um sorriso irônico. "Tudo bem. Eu vou. Mas isso não acabou, Cole. Você vai se arrepender."

Enquanto ela sai furiosa, batendo a porta atrás de si, eu afundo na minha cadeira. O silêncio parece quase ensurdecedor depois de sua explosão. Eu esfrego minhas têmporas, me perguntando como diabos eu pensei que me envolver com Morgan era uma boa ideia.

E por que, apesar de tudo, uma pequena parte de mim ainda se sente culpada?

Grayson

O zumbido das projeções financeiras desaparece no fundo enquanto meu telefone vibra contra minha coxa. Eu discretamente o deslizo para fora, esperando outro e-mail tedioso. Em vez disso, vejo o nome de Tessa, e meu coração pula uma batida.

Toco na tela e, de repente, lá está ele: Zeus, seu r**o abanando furiosamente, correndo atrás de uma bola de tênis amarela brilhante. Sua língua pende para fora, e quase consigo ouvir sua respiração ofegante de felicidade.

"Sr. Harrington?" A voz de Johnson corta meu devaneio. "O que você acha da previsão do Q3?"

Eu limpo minha garganta, guardando meu telefone no bolso. "Parece sólido. Vamos rever o orçamento de marketing, no entanto. Acho que podemos pressionar por um crescimento mais agressivo."

À medida que a reunião avança, minha mente continua voltando para Zeus. Para Sarah. Para Tessa. A alegria de vê-lo tão feliz se mistura com uma tristeza profunda e dolorida. Sinto muita falta dela.

Três anos. Já faz três anos sem a luz da minha vida.

Três anos desde que a vi desaparecer, sua risada e calor escorregando por entre meus dedos como areia. Ainda me lembro da última vez que ela sorriu para mim, do jeito que ela apertou minha mão mesmo que isso exigisse toda a sua força. Aquele momento frágil quando eu prometi a ela que ficaria bem, mesmo sabendo que era mentira.

Fecho os olhos contra as memórias, mas elas vêm de qualquer maneira — sem serem convidadas e implacáveis. Os quartos de hospital que cheiravam a antisséptico, o bipe interminável das máquinas que marcavam a contagem regressiva para o inevitável. A maneira como seus olhos antes vibrantes escureciam a cada dia que passava, e tudo o que eu podia fazer era sentar lá, impotente, enquanto o câncer a roubava pouco a pouco.

Eu me joguei no trabalho depois que ela se foi, me afogando em prazos e negócios porque era mais fácil do que encarar uma casa vazia, mais fácil do que confrontar o silêncio que costumava ser preenchido com sua voz. Parei de chegar em casa cedo, parei de me deixar pensar em um futuro que não a tivesse nele. Qual era o sentido? O trabalho nunca parava, e nem a dor, mas pelo menos uma dessas coisas eu podia controlar.

Mas alguns dias, ainda me pega. Como agora.

Finalmente, a reunião termina. Eu praticamente corro para o meu escritório, fechando a porta atrás de mim. Pego meu telefone novamente, assistindo ao vídeo novamente. Zeus parece saudável novamente, seu pelo brilhante e seus olhos brilhantes. Tessa tem sido boa para ele.

Tessa. Pensar nela traz consigo uma confusão de emoções. Gratidão, certamente. Mas também... outra coisa. Algo que ainda não estou pronto para nomear.

Eu me inclino para trás na cadeira, olhando pela janela para o horizonte de Chicago. "O que posso fazer por ela?", murmuro para mim mesmo. "Ela me deu esse presente, me reconectando com Zeus. Com a memória de Sarah."

Meus dedos tamborilam no braço da cadeira enquanto contemplo. Uma doação para o abrigo dela? Não, muito impessoal. Quero que signifique alguma coisa. Para mostrar a ela que a vejo, não apenas seu trabalho.

Lembro-me de como os olhos dela brilhavam quando ela falava sobre resgatar animais. A paixão em sua voz. Talvez... talvez eu pudesse me voluntariar? A ideia de limpar canis não é exatamente atraente, mas a imagem do sorriso surpreso de Tessa faz parecer que vale a pena.

Chamo Juniper para entrar no meu escritório, esperando que ela tenha algumas ideias. Ela entra, seu cabelo ruivo perfeitamente penteado e seus óculos empoleirados na ponta do nariz.

"O que posso fazer por você, Sr. Harrington?", ela pergunta, com uma voz doce como mel.

"Preciso da sua ajuda com um presente de agradecimento", digo, inclinando-me para a frente. "Para Tessa Morrow."

O sorriso de Juniper vacila por uma fração de segundo antes de ela se recuperar. "Ah? O treinador de cães?" O tom dela é leve, mas há uma ponta nele.

"Sim, ela tem feito um trabalho maravilhoso com Zeus. Quero mostrar minha apreciação."

Juniper se inclina contra minha mesa, sua saia subindo levemente. "Tem certeza de que isso é necessário? É o trabalho dela, afinal."

Franzo a testa, sentindo uma onda de proteção em relação a Tessa. "É mais do que isso. Ela foi além."

"Bem", Juniper diz, enrolando uma mecha de cabelo em volta do dedo, "se você insiste. Talvez uma boa garrafa de vinho? Ou alguns chocolates chiques?"

Eu balanço a cabeça. Essas sugestões parecem vazias, impessoais. Nada como a dedicação feroz de Tessa.

Antes que eu possa responder, Cole irrompe no escritório, seu rosto marcado por linhas sombrias. "Grayson, precisamos conversar."