Tessa...............
A sala de espera é uma cacofonia de latidos, miados e donos de animais ansiosos. É como um pequeno concerto de amigos peludos.
Eu ando pela multidão, meus braços cheios de gráficos e um estetoscópio balançando em volta do meu pescoço. O telefone na recepção toca incessantemente, e eu pego o olhar apressado de Sabrina enquanto ela faz malabarismos com várias linhas.
"Tessa, você consegue lidar com a admissão?" ela grita, sua voz tensa. "Estamos atolados aqui."
Eu aceno, já indo em direção à balança no canto. "Pronto. Mande-os de volta."
Um golden retriever salta em minha direção, quase me derrubando de excitação. Não consigo evitar sorrir enquanto coço atrás de suas orelhas.
"E aí, grandão. Vamos ver quanto você pesa, hein?"
Enquanto eu persuadia o cachorro a subir na balança, notei que a dona batia o pé impacientemente. Tento reprimir minha irritação. Por que algumas pessoas são tão babacas?
"Sessenta e nove libras", anuncio, anotando no gráfico. "Por aqui, por favor."
Eu os levo para uma sala de exames, minha mente já está no próximo paciente. São dias como esses que me fazem questionar por que eu simplesmente não abri um abrigo em vez de trabalhar em uma clínica. Pelo menos então eu só teria que lidar com os animais. Infelizmente, administrar um abrigo de animais não paga as contas.
Ao avistar um chihuahua trêmulo nos braços de uma senhora idosa, lembro-me do motivo de estar aqui. Esses bichinhos precisam de mim, mesmo que seus donos às vezes me deixem louco.
Eu chamo o próximo nome da minha lista — Morgan Blaise — esboçando meu melhor sorriso profissional. Vai ser um longo dia, mas, para os animais, vale a pena.
Morgan agarra a coleira do cachorro e corre até lá, seus saltos estalando agressivamente contra o piso de linóleo. Um cachorro pequeno e peludo trota ao seu lado, sua coleira esticada.
"Já era hora", ela retruca, sua voz cortante o suficiente para cortar vidro. "Estou esperando há eras."
Mordo a língua, lembrando a mim mesma que não é culpa do cachorro que seu dono seja um pedaço de merda. "Peço desculpas pela espera. Você poderia, por favor, colocar seu cachorro na balança?"
Ela revira os olhos, mas obedece, praticamente derrubando a pobre coisa na superfície de metal. Estremeço internamente, meu coração doendo pela pequena bola de pelos brancos.
Ela revira os olhos, mas obedece, praticamente derrubando a pobre coisa na superfície de metal. Estremeço internamente, meu coração doendo pela pequena bola de pelos brancos.
Enquanto registro o peso, algo me chama a atenção. Apesar do pelo abundante, há uma depressão perceptível nas laterais do cachorro. Franzo a testa, verificando os números duas vezes.
"Hmm", murmuro, mais para mim mesmo do que para a mulher impaciente que bate o pé ao meu lado.
"O quê?", ela pergunta, com o tom cheio de irritação.
Escolho minhas palavras com cuidado, sabendo como alguns donos podem reagir. "Seu cachorro parece estar um pouco abaixo do peso para seu tamanho e raça. Houve alguma mudança em seu apetite recentemente?"
Os olhos azul-gelo da mulher se estreitam perigosamente. Eu praticamente consigo ver a tempestade se formando atrás deles, e me preparo para a explosão inevitável. Mas eu não vou recuar — não quando a saúde de um animal está em jogo.
“Você está me acusando de deixar meu cachorro passar fome? Sério? Eu pareço alguém que faria isso?”
Faço uma anotação de que o cachorro está abaixo do peso e mordo minha língua. Não é meu lugar. Não é meu lugar. Não é seu lugar, Tessa.
Respiro fundo enquanto levo a mulher para a sala de exames. Estou pronto para passar para as perguntas padrão de pré-consulta, quando a mulher de repente agarra seu cachorro. Em um movimento rápido e brusco, ela iça a pobre criatura para a mesa de exames. Um grito aterrorizado escapa da pobre coisa, mas ela rapidamente recua e se encolhe quando a mamãe querida lança a ele um olhar que poderia coalhar o leite.
"Pronto. Podemos continuar com isso?", ela pergunta bruscamente, suas unhas bem cuidadas batendo impacientemente na superfície de metal.
Meu coração dispara, adrenalina correndo pelo meu sistema. O jeito que ela maltratou aquele cachorrinho doce... é tudo o que posso fazer para não me colocar fisicamente entre eles.
O cachorro se move em direção à borda da mesa de exame e a mulher o agarra pela coleira e o arrasta de volta, empurrando-o bruscamente para a superfície de metal.
"Ei!", eu lati, minha voz mais áspera do que eu pretendia. "Por favor, tenha cuidado com seu cachorro. Não precisa ser tão rude."
Os olhos da mulher brilham com raiva óbvia, e sei que cruzei uma linha. Mas não consigo me importar. Tudo o que consigo pensar é em proteger o animal inocente.
"Com licença?" ela sibila, se inclinando para perto. Seu perfume é enjoativo, quase sufocante. "Quem você pensa que é para me dizer como lidar com meu próprio cachorro?"
Eu me mantenho firme, encontrando seu olhar. "Sou o técnico veterinário responsável pelo bem-estar do seu animal de estimação nesta clínica. E agora, estou preocupado com a maneira como você o está tratando."
Ela ri, um som áspero e amargo que faz minha pele arrepiar. "Oh, querida. Você não tem ideia de com quem está lidando. Eu poderia ter seu emprego por isso."
Engulo em seco, sabendo que ela pode estar certa. Mas o filhote trêmulo na mesa reforça minha determinação. Algumas coisas valem a pena lutar.
Os olhos da mulher se estreitam em fendas enquanto ela dá um passo ameaçador em minha direção. Meu coração dispara, mas eu me recuso a recuar. De repente, a guia estica enquanto ela caminha em minha direção, e o tempo parece parar enquanto seu cachorro perde o equilíbrio.
"Não!", eu suspiro, avançando.
Minhas mãos se estendem, m*l conseguindo pegar o cachorro antes que ele caia no chão duro. Alívio me inunda enquanto o embalo contra meu peito, sentindo seu batimento cardíaco rápido.
"O que diabos você pensa que está fazendo?" Eu rosno para a mulher, raiva e medo fazendo minha voz tremer. "Você poderia tê-lo machucado seriamente!"
Seu rosto se contorce de raiva. "Como você ousa! A culpa é sua. Se você não tivesse me distraído—"
"Minha culpa?", interrompo, incrédula. Gentilmente coloco o cachorro de volta na mesa, mantendo uma mão protetora em suas costas. "Você é quem—"
"Escute aqui, seu pequeno..." ela rosna, avançando em minha direção com os punhos cerrados.
A porta da sala de exames se abre, e o Dr. Hartley entra, arregalando os olhos enquanto observa a cena.
"O que está acontecendo aqui?", ele pergunta, olhando entre nós.
Abro a boca para explicar, mas a mulher fala primeiro.
"Finalmente, alguém com autoridade real", ela zomba. "Seu funcionário aqui tem sido completamente antiprofissional..."
Enquanto ela começa seu discurso, só consigo ficar ali, com minha mão ainda apoiada no corpo trêmulo de seu cachorro, me perguntando como essa situação saiu tanto do controle.
Observo incrédula a expressão do Dr. Hartley se transformar de preocupação em desaprovação, seu olhar alternando entre a mulher irada e eu. Meu coração dispara, e eu me esforço para encontrar minha voz.
"Dr. Hartley, eu..." começo, mas ele me interrompe com a mão levantada.
"Tessa, acho que é melhor você sair um pouco", ele diz, em tom cortante.
Relutantemente, saio da sala de exames, minhas pernas parecem chumbo. O corredor parece se fechar ao meu redor enquanto me encosto na parede, tentando processar o que acabou de acontecer. Os minutos passam, cada um parecendo uma eternidade.
Finalmente, o Dr. Hartley surge, seu rosto sombrio. "Tessa, precisamos conversar."