Quando chegamos a uma casa dilapidada, o fedor nos atinge antes mesmo de abrirmos as portas do carro. O rosto de Chase se contorce em desgosto, mas eu já estou fora do carro, pegando meu equipamento do porta-malas.
"Jesus, Tessa," Chase tosse, cobrindo o nariz com a camisa. "Este lugar é um lixo."
Eu o ignoro, colocando a flanela e as luvas da minha mochila antes de caminhar em direção à porta da frente. O som de latidos e ganidos fica mais alto a cada passo. Meu coração dispara, a adrenalina bombeando em minhas veias. Já fiz isso uma centena de vezes, mas nunca fica mais fácil.
"Espere", Chase chama, correndo para alcançá-lo. Ele agarra meu braço, seus olhos arregalados de preocupação. "Você não pode simplesmente entrar aí. E se o dono estiver armado ou algo assim?"
Eu puxo meu braço para longe, fixando-o com um olhar duro. "Não tenho tempo para isso, Chase. Cada segundo que desperdiçamos é mais um segundo que esses cachorros estão sofrendo."
"Mas-"
"Sem mas", eu o interrompi. "Se você não está aqui para ajudar, vá esperar no carro."
Volto-me para a porta, minha mão na maçaneta. O cheiro de urina e fezes é insuportável agora, misturado com algo pior — o odor enjoativo e doce de infecção.
"Tessa, por favor", Chase implora, sua voz estranhamente séria. "Pelo menos me deixe entrar primeiro. Não é seguro."
Algo em mim estala. Toda a frustração reprimida, as memórias de Rusty, a luta constante para provar a mim mesmo — tudo isso vem à tona.
"Seguro?" Eu me viro para ele, minha voz aumentando. "Você acha que eu dou a mínima para segurança? Aqueles cachorros lá dentro não sabem o que é 'segurança' a vida inteira! Eu não pedi para você vir, Chase. Eu não preciso da sua proteção ou da sua preocupação. O que eu preciso é que você me ajude ou saia do meu caminho!"
Chase recua como se eu tivesse lhe dado um tapa, a mágoa passando pelo seu rosto. Por um momento, sinto uma pontada de arrependimento, mas a reprimo. Não tenho tempo para os sentimentos dele agora.
Sem outra palavra, viro-me e abro a porta, entrando na escuridão além. A cacofonia de latidos e gemidos se intensifica, e eu me preparo para o que estou prestes a enfrentar. Atrás de mim, ouço os passos hesitantes de Chase, mas não olho para trás. Agora, tudo o que importa são os animais que precisam da minha ajuda.
Tessa
Islam a porta do carro se fechou, o barulho satisfatório fazendo pouco para acalmar a frustração fervendo dentro de mim. O sol do fim da tarde bate forte no meu pescoço enquanto eu piso na entrada da garagem, minhas botas triturando a cada passo raivoso.
"Tessa, vamos lá," Chase chama atrás de mim, sua voz uma mistura de exasperação e culpa. "Eu disse que sinto muito!"
Nem me incomodo em me virar, apenas acelero o passo em direção à mansão enorme que se avizinha à minha frente. Meus punhos se fecham ao meu lado enquanto repasso as palavras condescendentes de Chase mais cedo na minha cabeça.
"Eu só estava tentando ajudar", ele disse, como se eu fosse uma donzela em perigo que precisava ser resgatada.
Sim, certo. Mais como se ele estivesse tentando bancar o herói e se exibir. Eu estava cuidando de mim mesma muito antes de Chase Cavanaugh entrar na minha vida com seu cabelo desgrenhado, sorriso despreocupado e baldes de dinheiro.
Quando chego aos degraus da frente, ouço-o correndo para me alcançar. "Você poderia falar comigo, por favor?", ele implora.
Eu me viro, fixando-o com um olhar. "O que há para falar? Você deixou bem claro que não acha que eu consigo lidar com as coisas sozinha."
Chase passa a mão pelo cabelo, bagunçando-o ainda mais. "Não foi isso que eu quis dizer. Eu estava preocupado com você, só isso."
"Não preciso que você se preocupe comigo", eu estalo. "Não sou um caso de caridade para você aparecer e salvar."
Com isso, abro a pesada porta de carvalho e entro como uma tempestade, meus passos ecoando no saguão cavernoso. O ar-condicionado frio atinge minha pele corada, mas não faz nada para acalmar a raiva que ainda fervilha dentro de mim.
Quem ele pensa que é? Eu fumego silenciosamente enquanto vou em direção às escadas. Só porque ele cresceu com uma colher de prata na boca não significa que ele pode ditar minhas escolhas. Eu sobrevivi a situações piores do que essa sem nenhuma ajuda, muito obrigada.
Os passos de Chase aceleram atrás de mim, sua voz assumindo um tom mais suave. "Tessa, você poderia parar por um segundo?"
Continuo andando, meus ombros ficando ainda mais tensos com seu tom suplicante. Por que ele não consegue entender a indireta? Acelero o passo, esperando chegar ao meu quarto antes que ele me alcance.
"Olha, eu sei que errei", Chase continua, suas palavras saindo. "Eu não quis dizer—"
Eu viro a esquina para a sala de estar, com a intenção de ignorá-lo, quando quase colido com uma parede sólida de músculos. Cole. Ótimo, exatamente o que eu preciso.