Capítulo. 18

639 Words
"Isso não é desculpa", eu retruco, mais duramente do que pretendia. "Ela poderia ter se matado, ou pior." Chase levanta uma sobrancelha. "Pior que morto?" Ignoro sua tentativa de humor, pegando minha bolsa de laptop da mesa próxima. "Não posso lidar com isso agora. Tenho trabalho a fazer." "Você já não deveria estar no trabalho?" Eu lhe lanço um olhar furioso. "Eu estava trabalhando em casa." “Você nunca trabalha em casa.” "Sim, bem, estou remediando isso agora. O escritório de repente parece uma opção muito melhor do que esse circo." Saio de casa como um furacão, batendo a porta atrás de mim. Deslizo para dentro do meu carro, o assento de couro rangendo sob meu peso, e saio da garagem. As ruas da cidade passam como um borrão enquanto eu ziguezagueio pelo trânsito, meus nós dos dedos brancos no volante. Mas não importa o quão rápido eu dirija, não consigo fugir da imagem do rosto desafiador de Tessa, aqueles olhos azul-esverdeados brilhando com aquela mistura irritante de paixão e teimosia. "Droga", murmuro, ligando o sistema de som. O carro se enche de graves estrondosos, mas nem isso consegue abafar meus pensamentos. Por que diabos eu me importo tanto? Ela é só uma funcionária temporária, pelo amor de Deus. Uma funcionária problemática. Nem mesmo minha funcionária. Eu me vislumbro no espelho retrovisor, meu maxilar cerrado. "Se recomponha, Cole," eu rosno para meu reflexo. Ao virar a esquina, a torre de vidro elegante da Gray Smoke Enterprises aparece. A visão dela acalma algo em mim, como uma respiração profunda depois de prendê-la por muito tempo. "Finalmente", suspiro, entrando no meu lugar reservado. "Em algum lugar que faça sentido." Eu passo pelas portas giratórias, o silêncio familiar do saguão me envolve. Os funcionários se espalham, desviando os olhos quando passo. Ótimo. Pelo menos aqui, ainda estou no controle. "Bom dia, Sr. Ashford", diz a recepcionista. Concordo brevemente, já me sentindo mais como eu. O piso de mármore polido reflete a luz da manhã que entra pelas janelas do chão ao teto, criando um brilho quase etéreo. Faço uma pausa por um momento, observando as peças de arte moderna cuidadosamente selecionadas que adornam as paredes. Este lugar — é um testamento de tudo o que construí, tudo o que sou. "Bom dia, Sr. Ashford." O segurança acena respeitosamente quando passo. "Bom dia, Jim", respondo, sentindo a tensão em meus ombros diminuir um pouco. Ao entrar no elevador, vejo meu reflexo nas paredes espelhadas. Ajeito minha gravata, passando a mão pelo cabelo. Quando chego ao último andar, já consegui moldar minhas feições em sua máscara habitual de profissionalismo descolado. As portas deslizam e se abrem, revelando Janine em sua mesa. Ela já está de pé, tablet na mão, pronta para encarar o dia. Agora é disso que estou falando. Eficiência, competência — nada dessa porcaria emocional confusa. "Bom dia, Janine", digo, caminhando em direção ao meu escritório. "Qual é a agenda de hoje?" Ela começa a andar ao meu lado, seus saltos estalando ritmicamente no chão polido. "Sua reunião da tarde com o conselho ainda está de pé, e tem a teleconferência com San Fran às três. Ah, e..." ela hesita, sua confiança habitual vacilando. Eu paro, virando-me para encará-la. "O que foi?" Janine respira fundo. "Morgan ligou. Várias vezes. Ela está... insistindo em falar com você." Sinto meu maxilar apertar involuntariamente. "Claro que sim", murmuro, apertando a ponta do meu nariz. "Alguma ideia do que ela quer?" "Ela não disse, senhor. Só que é urgente." Soltei uma risada sem humor. "Com Morgan, tudo é urgente." Passo a mão pelo meu cabelo, frustração borbulhando dentro de mim. "Continue dizendo a ela que não estou disponível. Se ela persistir, ameace bloquear o número dela." Janine assente, mas posso ver a preocupação em seus olhos. "Claro, senhor. Mas... ela parece particularmente determinada dessa vez."
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