Hades Narrando
O rádio chiou no meu ouvido e na mesma hora já senti o sangue ferver.
— Chefe, os cara tão vindo pesado. Blindado, helicóptero e tudo. — era o Ninão do outro lado, voz de quem já tava pronto para guerra.
Respirei fundo, peguei o fuzil e gritei:
— Geral em posição! Ninguém recua. Hoje é no peito e na raça.
O morro já tava avisado, o barulho de ferro batendo, cachorro latindo, mulher gritando pra buscar os filho. O céu tava acinzentado, e o cheiro de pólvora começou a tomar conta antes mesmo do primeiro disparo. Quando ouvi as rajadas, senti o corpo inteiro arrepiar. Era guerra, de verdade.
— Ninão, segura o beco de baixo — gritei.
Ele respondeu de longe:
— Pode deixar, chefia, aqui não passa nem vento.
Os moleque correram com os fuzis, se escondendo atrás dos muros,
