Episódio 2

1097 Words
Infância solitária, sertão pobre, vida com uma tia m*al amada e, finalmente, o ponto sem volta, a primeira briga séria com o novo marido dela, que de repente decidiu ensinar o menino com os punhos cerrados a falar corretamente com os mais velhos. Eu era mais fraco que ele, um homem de quarenta anos, mas definitivamente não era mais covarde. Tentei permanecer em silêncio, mas as cutucadas bêbadas e o ridículo do homem, exigindo que eu o chamasse de “pai” pouco ajudaram na situação. Então quebrei um banquinho em cima dele e pulei da varanda do segundo andar. Eu roubei o seu carro, um velho sedã alemão, e dirigi apenas alguns quilômetros até cair numa ravina em alta velocidade, escapando apenas milagrosamente com escoriações. Depois houve uma noite num centro de recepção da polícia, uma tia chorando que habitualmente me esbofeteava e xingava, o caminho para a cidade grande e um estranho, ainda não velho, que abriu a porta do apartamento de outra pessoa. Eu não tinha certeza se ele era meu avô. Provavelmente ele também não sabia, mas não fez um teste de parentesco sanguíneo. E ele não me afastou. O seu patrão, cujo o meu avô trabalhava como motorista, Pavel Yurievich Korneev, ajudou-o a redigir todos os documentos para mim. Sobre o dia em que o meu avô me trouxe pela orelha para agradecer ao “grande homem”. Lembrei-me... Eu não sabia nada sobre a vida pessoal de Korneev. Para todos, ela estava atrás de sete fechaduras. Nos anos seguintes, eu o vi apenas algumas vezes, mas o meu avô repetiu repetidamente com insistência a quem devo a minha vida nesta cidade, e eu me lembrei disso. Sim, agora, aos vinte e oito anos, aprendi a me controlar muito melhor, a entender dicas e palavras não ditas, e entendi tudo perfeitamente. Neste momento o dono da casa mais uma vez me deixou claro que eu devo a ele. E ele mostrou isso para muitos, senão para todos! Então, o que diab*os ele quer de mim? Eu teria dito isso mais rápido. Afinal, ele entende que não vou me esquivar e não vou fugir daqui como um rato! Não vou me esconder no exterior, caso contrário já teria feito isso há muito tempo. — Lembro-me de tudo, Pavel Yuryevich. Eu confirmei as suas palavras. — É isso, é por isso que estou aqui. Fui só eu ou o homem deu um suspiro de alívio? Não parecia. Pegando a garrafa com a mão, ele novamente encheu os copos com vodca até a borda e acenou com a cabeça: Isso é bom, Yaroslav, porque tenho uma proposta para você. Pessoal. E isso diz respeito à minha família. Korneev estreitou o olhar e os seus olhos de aço brilharam nitidamente. — Mas, é claro, quando você descobrir tudo, você pode recusar. Ha! Ele me considera um idio*ta? Ou ele está verificando? Não, provavelmente ele está jogando um laço. Inf*erno, eu tenho isso claro. — Eu concordo em ajudá-lo. Eu farei o meu melhor. — E você nem vai perguntar o que exatamente eu preciso de você? Eu não deveria perguntar, não foi por isso que me trouxeram aqui. Sim, muitos na cidade me conheciam e eu conhecia muitos, mas diante de Korneev éramos todos peões. Tive que responder e a minha voz não vacilou: Não. — Tudo bem. Korneev sentou-se novamente na cadeira e acendeu um cigarro. Ele riscou um fósforo com os dedos finos e nodosos à moda antiga, acendendo um cigarro. — Então vamos direto ao assunto. Ele disse, dispersando a fumaça e colocando com muito cuidado o fósforo no cinzeiro de porcelana. — Como você já sabe, Yaroslav, o meu único filho morreu e não tenho outros herdeiros homens. Sou um homem muito rico, mas infelizmente não sou jovem e alguns dos meus inimigos já começaram a falar que em breve a minha influência nesta cidade chegará ao fim. O homem sorriu. De repente eu também, sob o seu olhar Queria fumar, mas não ousei interromper a história. — Sim, não sou jovem. Continuou Korneev. — Mas é muito cedo para me descartar. Sempre tive tendência a acreditar em rumores e não posso permitir esta situação. Preciso de um herdeiro e tenho um. Mais precisamente, ela é uma filha. Mas antes que a cidade descubra isso, é dever do seu pai protegê-la. Uau, que reviravolta. Quando Konnor morreu, todos disseram que o grande chefe ficou neste mundo sozinho com a sua esposa e sem filhos. Pelo que me lembro, ninguém tinha ouvido falar da filha de Korneev. Então ele precisa de um guarda-costas para a herdeira?... Droga! Isso encerrou a minha carreira profissional de lutador misto, estrela do ringue de MMA. Essa perspetiva apenas passou pela minha mente, mas o frio já havia inundado minha alma. Quem sabe o que era mais fácil, morrer numa poça há três anos ou se tornar o fantoche controlado de alguma garota? — Sim, não se surpreenda. Novamente não consegui esconder os meus pensamentos do olhar penetrante do dono da casa. — Até recentemente, ninguém sabia sobre Marina. Serei honesto com você, Yaroslav, eu mesmo neguei o fato da sua existência por vinte anos, e somente quando Konnor morreu é que encontrei a sua mãe e me convenci de que ela não havia mentido para mim nenhuma vez. Para isso tive que fazer os exames necessários, tudo sem o consentimento e participação consciente da Marina, mas o fato é que apareci na vida dela e me obriguei a aceitar. E aqui, meu rapaz, chegamos a algo muito doloroso para mim... Antes de continuar a conversa, Korneev terminou de fumar. Com um breve sinal ele ofereceu mais vodca, mas recusei. Nunca gostei de álcool. E desta vez o homem estava me testando em vez de me sugerir. A vodca na garrafa era excelente, uma daquelas variedades premium que aparecem em mesas raras, intoxicam facilmente a cabeça e liberam com a mesma facilidade, mas eu precisava ficar lúcido. — A minha filha me odeia, mas é uma pessoa extremamente reservada para demonstrar isso além dos nossos encontros pessoais. Basta que eu saiba disso, e agora você também sabe. Tudo isso para você eu estou lhe contando por um motivo, mas para evitar m*al-entendidos num futuro próximo, quando você se tornar um m****o da minha família e... — O que? Ainda não ouvi nada de concreto, mas o palpite já me queimou e me surpreendeu. O meu coração deu um pulo em protesto e a minha garganta ficou seca instantaneamente. — Sim! … o marido da minha única filha.
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