Episódio 3

1028 Words
Ficamos em silêncio por um minuto inteiro, durante o qual percebi que valorizava muito mais a minha liberdade do que a vida. — Então, Yaroslav, devo continuar? Perguntou o homem num tom aparentemente calmo. — Ou a nossa conversa pode ser considerada concluída? Apenas me diga, sem dúvidas. Pedirei imediatamente aos meus rapazes para acompanhá-lo. A propósito, como está o seu avô? Faz muito tempo que não vejo Danil na minha casa, é hora de convidar o meu velho amigo para um chá, afinal, ele não é um estranho. Convidá-lo para o outro mundo, foi o que se leu nos olhos espertos e perspicazes do dono. Pessoas como Korneev não perdoam nem dão franqueza a ninguém assim. Se eu já não fosse assim, estava perto de me tornar um. É estú*pido se entreter com ilusões sobre por que estou aqui. Eu já sabia a minha resposta, mas ainda restava a dúvida sobre o preço. — Continue, Pavel Yuryevich. Eu me forcei a murmurar entre dentes. Um sorriso conhecedor brilhou no rosto do homem de meia-idade. Esta pessoa era um tubarão capaz de partir a espinha de qualquer um em dois. — A decisão certa, meu rapaz. Eu sabia que estava certo sobre você. Mas talvez seja hora de expressar as suas condições. Vou começar pelo valor do dote... — Eu sou pobre! — Resposta estúp*ida, Yaroslav. Muito precipitado e a culpa é sua. Você é muito impulsivo, aprenda a se controlar melhor. Mas não se trata disso agora. Não estou interessado na sua situação financeira, garoto! Estou apenas expressando a minha proposta. O homem disse a quantia e, devido ao valor, os meus nervos ficaram tensos e os meus dedos cerraram-se em punhos. Droga, eu estava feliz! Eu me sentia como um jovem lobo sendo levado para uma armadilha e corria impotente dentro das paredes da jaula de outra pessoa. — ... Marina tem um desejo persistente de ir para o exterior. Eu não preciso disso e você também não. A minha única condição é que a minha filha fique aqui. Para sempre. Ponto. Até agora consegui mantê-la na cidade, mas temo que a minha influência sobre ela não dure para sempre, e é muito cedo para você saber mais. Se Marina quiser, ela mesma contará tudo. E mais em frente. Estou pronto para esperar, mas preciso de netos. Sobre fidelidade e assim por diante, negocie por si mesmo. Não vou me intrometer no relacionamento pessoal de vocês. Se você quer liberdade, viva como achar melhor, mas também não toque em Marina. Não haverá netos, haverá proteção,também concordo com isso. A sociedade deveria saber a quem a minha filha pertence legalmente a você e a quem você pertence. E lembre-se, Yaroslav, sem violência, você é um cara forte, então vou designar um guarda para ela. Só irei revogá-lo quando a minha filha concordar. Você tem alguma pergunta? — Sim. Eu pergunto. — O que ela sabe sobre mim? Por um momento, uma sensação muito semelhante à dor brilhou nos olhos de aço. Àquela dor oculta e duradoura que não diminui com o tempo e com a qual se aprende a conviver. — Se você quer dizer sobre Konnor? Nada. Ela não está interessada em você, o seu nome e o seu passado. Claro que na nossa última conversa eu falei isso, mas conhecendo Marina, tenho certeza que ela nem se lembra. Foi um tapa na cara e, fazendo uma pausa, Korneev me deu a resposta completa. — A minha filha não tem ligação com a elite da cidade, ela não é uma garota arrogante, é uma jovem séria, e é improvável que ela já tenha ouvido falar de você. O seu casamento é uma decisão inteiramente minha, Yaroslav, assim como a sua candidatura ao papel de marido. Você me deve, garoto, é hora de pagar as contas. Rapaz... que mer*da! E outro tapa atingiu o alvo e feriu o meu orgulho. Talvez apenas o meu avô eu permitisse me chamar assim. Eu teria matado qualquer outra pessoa. Mas o Korneev de cabelos grisalhos era qualquer um, mas não qualquer outra pessoa. — Quantos anos Marina tem? — Vinte e três. Ela se formou com louvor na universidade e trabalha para uma empresa que não tem nada a ver com o meu negócio. Você provavelmente quer vê-la. Eu queria? Eu não queria pó*rra nenhuma! Hoje de manhã eu ia ver o Igor, o meu promotor, e resolver questões referentes à futura luta, mas definitivamente não acabaria aqui e me casaria com um estranho que não se importa tanto com o seu futuro marido a ponto de nem se importar para lembrar o nome dele. E que no final acabou sendo o mesmo peão que eu. Ou Korneev enlouqueceu ao me escolher ou não quer a felicidade da filha e está se vingando de nós dois. Porque nunca poderei amar uma mulher, mesmo que ela tenha sido filha do dono da cidade pelo menos três vezes. Sempre me lembrarei de que cada uma delas é a mesma vad*ia corrupta de coração que a minha mãe era. Eu as estudei bem o suficiente para ter certeza. Assim que ganhei fama, elas ficaram por aí, se oferecendo, a única diferença era o preço. Mas assim que coloquei um maço de dinheiro entre as pernas e esfreguei bem ali, todos estavam prontas para deixar de lado a vergonha e me deixar levar como quisesse. E eu queria isso com frequência e muito. E definitivamente não sozinho. Então, fidelidade não era o meu caso. Olhei para o velho idio*ta, que estava sentado na minha frente! Encontrando uma maneira de fazer isso! — Sim. Tudo bem. Dei a minha palavra a Marina que só te apresentaria no dia do casamento, mas que assim seja, você vai vê-la. Mas primeiro, Yaroslav, quero esclarecer mais uma coisa para você. Eu não apenas expressei o valor do dote. Marina não é virgem. Há três anos ela já teve uma família, eles se conheceram e se casaram ainda estudantes. Jovens, estú*pidos, corajosos... Infelizmente, o casamento não durou muito. Espero que você possa aceitar isso. Ele esperou, olhando cuidadosamente para o meu rosto. — Então, estou aguardando a sua resposta.
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