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Golden Criminal

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intro-logo
Blurb

Cinco anos se passaram desde que tudo aconteceu, mas o passado de Theo ainda o assombra como se fosse ontem. Seguir em frente parece uma oferta tentadora; nova vida, novos ares, era para ser um recomeço, contudo, para recomeçar é preciso deixar tudo para trás, e mesmo que Theo queira fazer isso, seu passado ainda não o esqueceu, e este tem sede de vingança.

Está história compõe a segunda parte do livro, Golden Boy.

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Capítulo 1
THEO O sinal estava verde quando meu telefone tocou. Olhei para o banco ao meu lado e vi que quem tentava falar comigo era minha irmã. Com bastante atenção na estrada, arrastei o dedo na tela e atendi a ligação, que já estava conectado com o som do carro. _ Bom dia, linda -Pude imaginar a ruiva sorrindo do outro lado. _ Bom dia! -respondeu ela, toda animada- Sabe por que estou ligando? _ Para me lembrar de comprar o presente dos garotos? -Eles estão prestes a fazer aniversário, e ela faz questão de me lembrar isso todos os anos desde que saiu daquela maldita casa de adoção. Maggie valoriza esses momentos em família. A propósito, no aniversário deles completaremos quase cinco anos que estamos todos livres do sistema. O tempo passa mais rápido quando se está do lado de fora daquele lugar. Lá dentro, você conta os segundos para sair e cada segundo parece durar anos, já aqui fora, um simples piscar de olhos faz com que você tenha a sensação de ser engolido pelo tempo. _ Não -Respondeu ela, segurando uma risada- esse ano eu apostei que você se lembraria. Segurei uma risada. Ela apostou isso com quem? Com os garotos? _ Então desembucha, estou quase chegando e não acho que poderei ficar no celular por muito mais tempo. Estou indo para a faculdade. _ Ok -Ela respirou fundo- você está intimado à jantar aqui hoje, preciso te contar uma coisa. Toda vez que escutei essa frase saindo da boca Maggie desde que nós nos conhecemos, o que vinha em seguida sempre me assustou. _ Mais uma vez isso? -Precisei resmungar, escutando a rir do outro lado da linha. _ É importante. Mesmo! -Revirei os olhos aproveitando o fato de ela não estar me enxergando. Droga! Respirei fundo apertando o volante enquanto desacelerava o carro no momento em que me deparei com um sinal vermelho. Não tinha como eu ir, como também não tinha como enrolar para dizer isso a ela. _ Acho que hoje não vai dar -Estava claro que esta não era a resposta que ela queria. Pude imaginar qual seria a reação dela. _ O que é mais importante que sua família? -Mas essa foi pior do que eu imaginei. Não acredito que ela está tentando fazer chantagem emocional comigo justamente agora! Avancei o sinal assim que ele ficou verde novamente, tentando conter a minha irritação, que só crescia dentro de mim. _ Combinei de me encontrar com Henry -Mudei o tom de voz, porque sabia que isso a irritaria ainda mais. _ Vai mesmo trocar um jantar de família para sair com o irmão da Hughe? -Depois que minha irmã completou seus dezoito anos, contei para ela tudo o que me aconteceu. Desde o momento em que pisei na casa dos Ferri até o momento em que vi Sebastian sendo levado para cela. Inclusive, este é um assunto que poucas pessoas sabem até hoje. Não sei se gosto de remexer no que me aconteceu no passado. Minhas sessões de terapia me ajudaram a resolver várias questões que poderiam ter piorado com o passar do tempo, no entanto, muita coisa aconteceu, e isso pode ser difícil de suportar em alguns momentos. Maggie é um exemplo do quão pesado tudo foi, assim que soube dos fatos ela criou uma aversão por qualquer um que estivesse envolvido na história, inclusive pelo o pobre coitado, Henry, que só estava tentando ser o bom moço o tempo todo. Mesmo que isso signifique me manipular mentalmente para me colocar contra a pessoa que eu mais amei até hoje. Se é que eu realmente amei Sebastian. Depois de várias consultas com Ruth, minha psicóloga, consegui entender o que um cara como ele, naquela época, conseguia fazer com a cabeça de um garoto de dezoito anos completamente indefeso. Desconfio que ele sempre soubess disso o tempo todo e que ele, inclusive, utilizou a informação a seu favor. Deixei meus pensamentos de lado quando Maggie chamou por mim do outro lado da linha, insistindo para que eu continuasse prestando atenção em seus joguinhos se não eles poderiam acabar não funcionando. Sorte é que era a minha vez de falar. _ Não é isso -Respirei fundo tentando achar a melhor maneira de ajeitar as palavras- é que ele está de volta à cidade, chegou ontem todo animado e me ligou para fazermos alguma coisa -O homem havia sido promovido depois que resolveu o caso do Ferri, passou a ser um investigador criminal e precisou ir para uma sede em outro estado. Depois disso nos afastamos. Henry me ajudou quando eu mais precisei e nós nunca tivemos chance de nos tornar amigos. Distância e rotina são duas coisas que não andam de mãos dadas. _ E daí? -Maggie continua agindo como uma criança em alguns momentos e isso me irrita as vezes. _ E daí que eu combinei que nós nos encontrássemos em um bar depois que ele saísse do trabalho, e você sabe como eu sou com meus compromissos. _ Se fosse comigo aposto que me daria um bolo -Não pude conter outra revirada de olhos. _ Olha, podemos almoçar depois da faculdade se quiser, não tenho mais nada para fazer durante o dia. Acredito que teremos tempo o suficiente para você me contar qual é a fofoca. _ Não posso -Ela nem pensou em suas palavras antes de recusar minha proposta- tenho que ficar na loja hoje, os donos virão para ter explicação das relações de vendas. Desde que minha irmã começou a trabalhar, ela foi de uma simples vendedora em uma loja de grife para a gerente do estabelecimento. Maggie acabou descobrindo que tem uma forte habilidade: persuadir as pessoas até elas acharem que precisam gastar dinheiro com roupas caras para preencher buracos internos. À propósito, escutei isso saindo da boca dela. _ E estas estão indo bem, por acaso? -Talvez trocar o assunto poderia ser uma boa ideia. _ Sim, consegui exceder a meta em vinte por cento -Ela estava orgulhosa de sua conquista, assim como eu também estava. _ Parece que alguém vai ganhar um aumento -Brinquei enquanto desconectava o telefone do carro, abrindo a porta e saindo do veículo com minha bolsa pendurada no ombro, pronto para mais um dia de estudos. _ Assim espero, porque irei precisar. _ Bom, acredito no seu poder de fazer com que ele te dêem esse aumento -Ela riu, se esquecendo que estava com raiva de mim. _ Eu também -Respondeu ela já mais calma. _ Podemos marcar nosso encontro para amanhã, então? -Eu não podia desligar sem saber quando eu ficaria sabendo do que ela tanto quer contar. _ Tudo bem -Seu tom de voz não parecia estar satisfeito, mas se contentou com o que tinha- se amanhã você vier com novas desculpas, juro que cortarei suas pernas e você nunca mais sairá com ninguém, Theo Ricci. Simples relações saudáveis entre irmãos. _ Confie em mim, Maggie Mancini -Detestava o fato de sermos irmãos e não termos o mesmo sobrenome- Estarei na sua casa amanhã no horário que você decidir que será melhor -Estava parado com o telefone na orelha, encostado no capô do carro esperando que a ligação se encerrasse. _ Assim espero, tchau -Dei um sorriso para o nada. _ Tchau, sua chata -Então desliguei, antes que ela o fizesse. Guardei meu celular no bolso de trás e comecei a andar no campus, rumo ao prédio do meu curso. Não posso reclamar do rumo que minha vida tomou desde que todo aquele inferno acabou. Nestes últimos anos, meus irmãos deixaram o sistema Foster, começaram a trabalhar e a ganhar seu próprio dinheiro, recebi uma herança milionária, aprendi a gerenciá-la da melhor maneira, me tornando dono de um dos wine bar mais famosos de Los Angeles e meus dias nunca mais foram os mesmos. Pasme: consegui permissão para ir até a residência do Ferri depois que o caso dele foi encerrado e peguei o carro me dado enquanto ainda estávamos vivendo nosso falso conto de fadas, vendi o veículo e usei o dinheiro para inteirar a compra de uma casa para eu morar. Pelo menos alguma coisa aquilo tudo valeu. Estava distraído enquanto caminhava pelos prédios até que alguém trombou em mim, fazendo com que eu desse alguns passos para trás no impacto. _ Desculpe! -Disse o garoto. Confesso que estaria com mais raiva se ele não fosse tão bonito assim- Estou tão desesperado que não te enxerguei. Dei um sorriso sem graça quando ele me encarou de cima para baixo sem se importar que eu percebesse o desejo escapando por seus olhos. _ A propósito, sou o Erik Christer -Ele estendeu a mão para mim, me cumprimentando com firmeza antes que eu pudesse responder sua primeira fala. _ Sou o Theo. Theo Ricci -Apertei sua mão ajeitando minha bolsa no ombro. _ É um lindo nome. -Senti meu rosto queimar com o elogio do garoto- Tão lindo quanto você. Nossa, ele não perde tempo mesmo! _ Obrigado -Nunca soube como lidar com elogios, ainda mais quando estão vindo por todas as direções e da mesma pessoa! Apenas devolvi a educação do garoto- você também não fica para trás. _ Gentileza sua falar isso -Um largo sorriso surgiu em seu rosto, seus dentes eram brancos e extremamente harmonizados. Eric é sem dúvidas um dos garotos mais bonitos que já vi caminhar pelo campus até hoje. Seu corpo é definido, seus braços faziam as mangas de sua camisa social ficassem justas em seu antebraço e sua altura me obrigaga a ter que erguer o olhar para enxergá-lo, seus cabelos eram castanhos claros e seus olhos, bom, estes eram verdes folha seca. Fiquei encarando-o por alguns segundos até que ele trouxe minha atenção de volta para o momento presente, quando continuou a falar. _ Estou procurando o prédio de Ciências Sociais, sabe onde fica? Não pode ser… _ Estou indo para lá -Instintivamente acabei refletindo o sorriso dele em meu rosto- posso te acompanhar, se quiser. _ Seria ótimo! -Ele pareceu surpreso quando viu que estamos cursando o mesmo curso. O garoto olhou as horas no Rolex em seu punho- Acho melhor irmos andando, não? _ Com certeza! -Respondi assim que vi o quão atrasados estávamos no momento em que olhei no relógio do prédio logo atrás do garoto. Depois disso tivemos que nos apressar, apertando os passos enquanto continuávamos a conversa- Está em qual período? _ Estou no terceiro período, e você? -Quando me respondeu, Erik já se esforçava para me acompanhar. _ No último -E hoje era o primeiro dia do novo semestre- vamos logo! Não conversamos muito porque nosso foco era conseguir respirar, no entanto, durante todo o caminho até o nosso prédio de estudos pude sentir que estava sendo observado por Eric, e gostei disso. Por não estarmos no mesmo período cada um de nós acabou indo para uma sala diferente, o que aumentou ainda mais a minha vontade de esbarrar com ele novamente. Se eu soubesse que voltar para a faculdade seria assim, teria acordado mais cedo para me arrumar! [...] Minhas aulas não fugiram do esperado, fiquei sentado esperando os professores darem início às matérias e tive que me esforçar para prestar atenção nelas, porque sempre me pegava pensando em Eric quando desviava a minha atenção das explicações. O garoto era realmente muito lindo, seus lábios eram grandes e seu corpo era forte. Não acho que ele tenha a minha idade, parece ser um pouco mais velho. É elegante, com seus cabelos cortados e sua barba por fazer completando o pacote. Confesso que tentei fazer de tudo para encontrar com ele durante o dia, fui até o refeitório perto do nosso prédio, na biblioteca, nos banheiros masculinos mais próximos e até mesmo caminhei em volta do campus, tudo isso em vão, porque a única coisa que vi foi meus colegas de sala espalhados por cada um desses lugares. Já havia perdido as esperanças de me encontrar com Christer, eu estava indo embora quando meu telefone tocou no meu bolso. Li o nome de Hughe na tela e atendi rapidamente, caminhando em direção ao meu carro. _ Boa tarde! -Sua voz estava animada como sempre- consegui sair mais cedo, quer me encontrar agora? _ Agora?!? -Olhei no relógio e vi que estava duas horas adiantado. _ Está ocupado? - Queria usar essas duas horas para estudar, não sei se estava. _ Estou na faculdade. _ Faculdade?!? -Como eu disse, nossa amizade não teve muito tempo para se solidificar. Henry sabia o que eu posto nas redes sociais, ou seja, ele não sabia quase nada- Está fazendo faculdade? _ Preciso me tornar um antropólogo logo -Permiti que o orgulho me invadisse quando soltei as palavras, parado, tentando decidir se voltava para a biblioteca ou ia para casa. _ Nossa! -Henry se mostrou surpreso com a informação- Não vai me dizer que quer ser um… _ Antropólogo Forense? -Completei a frase antes que ele o fizesse. _ Garoto, você vai longe -Fiquei ainda mais orgulhoso depois do elogio- Acho melhor você estudar e depois nós saímos. Imagina nós dois trabalhando juntos? - Foi impossível não sorrir com o entusiasmo dele. Desde o dia em que conheci Henry, ao invés de Russeaul, me surpreendi com o quão entregue ele é, independente de quem você seja. Ele me ofereceu ajuda no momento em que pensei estar perdido. Em que eu estava literalmente perdido! _ Mais tarde está de pé? - Perguntei enquanto caminhava na direção da biblioteca. _ Com certeza - Adoro essa firmeza - espero que goste de beber, Ricci. Dei uma risada. _ Olha, se tem algo que eu aprendi muito bem nestes últimos anos, foi beber. E também a fumar, infelizmente. _ Só acredito vendo -Henry riu de volta- Te vejo mais tarde, pode escolher o lugar se quiser. _ Acredito no seu potencial para nos levar em um local agradável -Sempre detestei ter que escolher as coisas. _ Tudo bem, te mando por sms então. Agora vá estudar. _ Ok, daddy -A risada que escapou de sua boca foi ainda mais alta que a anterior. _ Até mais, Theo -Disse ele, assim que a risada permitiu. _ Até, se eu acabar as atividades mais cedo, te aviso. _ Tudo bem, sem pressa. Temos tempo, agora estou de volta à cidade. _ Ok. Vou estudar, até mais -Sem perder a chance ele desligou na minha cara, antes que eu pudesse terminar de me despedir. Balancei a cabeça negativamente encarando celular, abismado com a situação. Foi ai que eu vi Joe havia me mandado uma mensagem: ‘’Theo, qual vinho eu compro para jantarmos amanhã?’’. Ignorei a mensagem, pelo menos por agora. Se eu entrasse nessa conversa, não sairia dela agora. E tudo o que preciso fazer neste momento é estudar. [...] Minha ansiedade para encontrar Henry se juntou aos meus pensamentos repentinos sobre Erik e juntos impediram que eu conseguisse absorver o conteúdo dos livros que estava estudando. Acabei não terminando as atividades por falta de concentração e fui para casa. Tentei até o último momento terminar tudo, mas não deu. Desde que Sebastian foi preso eu nunca consegui confiar em ninguém, e passei um bom tempo sem sequer me relacionar nem com homens e muito menos com mulheres. Conheci novas pessoas, pessoas espetaculares e com vidas tão promissoras quanto a que quero criar para mim, mas nenhuma delas despertaram um interesse maior do que o carnal. Tento não pensar muito em Sebastian, e com o tempo essa tarefa foi ficando cada vez mais fácil. Só que ele me causou muito m*l, instalando traumas em minha cabeça. Podendo até não dominar meus pensamentos na maior parte dos dias, mas se fazendo presente sempre que pode. Eric chamou minha atenção e eu não sei se estou falando só de t***o. Gosto de sua conduta, gosto do fato de ele não esconder o que quer. Este é o problema. Saí da faculdade carregando minha bolsa nos ombros, peguei os livros emprestados na biblioteca para tentar terminar o que m*l comecei, em casa. Destravei e entrei no carro e sem pensar muito comecei a dirigir até minha casa, que ficava não muito longe dali. Abri a porta de entrada e dei um sorriso quando Gavin, meu gato, veio miando em minha direção para depois se esfregar em minhas pernas. Cumprimentei a coisa mais próxima que tenho de um filho e senti meu celular vibrar no bolso, chequei o que era e vi que Henry havia acabado de me mandar a localização de onde iriamos nos encontrar. O lugar era conhecido, e muito agradável. Já sabendo qual seria meu próximo destino, me desfiz de minhas coisas no sofá e fui até o banheiro, até porque antes de qualquer coisa, eu precisava de um banho. A água que caia em meus ombros tiravam a tensão do meu dia, relaxando cada músculo do meu corpo. Me deliciei debaixo do chuveiro, perdendo alguns longos minutos até sair de lá com a pele enrrugada. Passeei por toda casa com a toalha enrolada em meu corpo, indo até a cozinha para tomar um pouco de água e servir a ração de Gavin, depois de perceber que todo aquele miado era um pedido por comida. Encarei meu reflexo no espelho quando terminei de me arrumar e vi o quanto eu estava deslumbrante. Vestia uma camiseta polo preta e uma calça bege clara, com uma corrente de ouro pendurada em meu pescoço e um relógio pesando meu pulso. Meu tênis combinava com a cor de minha blusa e o que completou o look foi um casaco jogado por cima de meus ombros. _ Você é realmente muito lindo -falei com meu reflexo, segurando a vergonha alheia. Peguei todas as minhas coisas, celular, carteira, documentos e as chaves do carro. Me sentei no banco de motorista ja colocando meu sinto e dirigi até o local, escutando Foster the People tocar minha música favorita no som do carro pra deixar tudo ainda melhor. Coloquei a localização no gps e segui as instruções que a voz me dava, minutos depois eu estava estacionado de frente ao bar que Henry escolheu para nos divertirmos. Algumas pessoas entravam e saíam do local quando desci do carro, escorei meu corpo contra a lataria gelada do meu capô e peguei meu celular. Estava prestes a ligar para Hughe quando ele ergueu sua mão gritando meu nome, chamando minha atenção. Desisti da ligação. _ Theo! -O sorriso que estava em seu rosto era lindo, tão lindo que não pude deixar de sorrir de volta. Retribui o aceno com a mão que não segurava o celular e caminhei em sua direção, sendo puxado por um abraço no instante em que nos aproximamos. Não sabia que ele era tão forte. _ Preciso dos meus rins para beber, Hughe. Vai com calma -falei com minha voz espremida e ele riu, desatando um pouco seus braços em volta do meu corpo, permitindo assim que eu pudesse pelo menos retribuir ao abraço. Ficamos assim por alguns instantes, até que ele me soltou e segurou na lateral de meus ombros, me encarando como se estivesse me analisando. _ c*****o, o tempo te fez bem hein -Brincou ele. _ Bom, digamos que agora estou mais próximo de um garoto crescido -Tentei não deixar que a brincadeira fosse confundida com a soberba- Você também parece ter sido beneficiado pelo mesmo cara. Ele deve gostar de nós dois. Ele estava lindo. Seu rosto não envelheceu e agora ele usa barba, o que deixa seu semblante ainda mais sério. Pena que toda essa seriedade vai embora no momento em que ele abre a boca. Amo o fato de Henry sempre ser divertido. Hughe pareceu ficar com vergonha de receber o elogio, mas conferiu se estava mesmo valendo todas as minhas palavras. _ Vamos entrar? -Ele trocou de assunto imaginando que eu não fosse perceber isso. Digamos que da para se aprender muita coisa depois que você estuda sua mente manipulada... _ Com certeza, minha garganta está seca -Hughe se surpreendeu e não conteve seu olhar de deboche. Cerrei os olhos para ele e o mais alto simplesmente deu de ombros. Ele me olhou de cima abaixo, quase me obrigando a desviar o olhar do dele, a sensação que tive foi que Henry olhou dentro da minha alma. _ Quero só ver se vai aguentar me acompanhar -Me repreendi quando notei que havia duplicado o sentido da frase. _ Vamos logo -Revirei os olhos contendo uma risada de mim mesmo, segurei nas mãos do homem por impulso e o puxei para dentro do bar, soltando-o assim que passamos pela porta de entrada. Como eu disse, precisava de algo para molhar a garganta. Quando passamos pela porta, o som que era quase inaudível do lado de fora agora maltrata nossos ouvidos, de maneira agradável. O lugar era lindo, amplo, com luzes estroboscópias girando de um lado para o outro. Um balcão não muito distante da pista de dança, que por sinal estava lotada de pessoas dançando, recebia o nome do bar com uma forte luz neon chamando a atenção de qualquer à metros de distância, várias estátuas de animais esculpidas em mármore seguravam o teto do local, o chão e as paredes pretas deixavam o ambiente ainda mais lindo. Caralho, não sabia que este bar era assim por dentro. Hughe tem bom gosto. Henry segurou em meus dedos e me puxou em direção ao rapaz que jogava algumas garrafas para cima enquanto preparava as pedidas das pessoas que esperavam nos bancos. Atravessamos o salão cortando as pessoas até que paramos com os antebraços apoiados na pedra fria de mármore à nossa frente. _ Boa noite -O mais alto lançou um sorriso extremamente largo para a garota que estava nos atendendo, ela viu a beleza do homem ao meu lado e não se deu ao trabalho de esconder seu interesse. Fiquei observando a troca de olhares dos dois, imaginando o que sairia dali. _ O que os lindos rapazes desejam esta noite? -A garota desviou o olhar em minha direção, vendo que eu poderia ser um possível acompanhante de Henry. Depois do elogio que ela lançou para mim, foi impossível não rir de volta. Será que eu gosto de mulheres, ou apenas transei com elas por dinheiro? _ Duas bebidas das mais fortes que você tiver -Meus olhos quase pularam para fora de meu rosto quando vi que Hughe realmente não estava para brincadeira. A garota sorriu maliciosamente quando escutou o pedido, deu de ombros como se falasse ‘’quero ver se vão aguentar...’’ e se virou de costas pronta para pegar os ingredientes. Vodka, whisky e tequila. As três garrafas foram colocadas à nossa frente. Encarei Henry apontando para os vidros cheios e os copos vazios. _ Vai embora dirigindo? -Ergui minha sobrancelha contendo a risada que estragaria a zoeira. _ Acho que iremos embora carregados -Assim que ele fechou a boca o drop da música virou, a pista se agitou e a garota começou a repetir as acrobacias que seus colega de trabalho ao lado estavam fazendo. Depois de jogar as garrafas para cima incontáveis vezes, o drink foi despejado em nossos copos. Polpa de maracujá era tudo o que tínhamos para disfarçar o gosto massacrante do álcool, que por sinal deve estar num teor altíssimo. _ Aqui está -Os dedos delicados da garota empurraram os copos e uma comanda eletrônica em nossa direção- se conseguirem voltar para me pedir outro desse, será por conta da casa. Creio que acabei de ganhar um copo de bebida grátis. _ Não brinca comigo, garota -Henry deixou seu senso de humor o dominar- promessas são dívidas. _ Espero que você me prometa um beijo antes de ir embora, então -Meu queixo caiu quando ela cantou ele sem demonstrar um pingo de pudor. Hughe olhou para os lados sentindo seu rosto queimar e quase não conseguiu manter sua postura. Sua boca abriu, as palavras iriam sair, mas um velho chegou alterado no balcão e chamou pelo nome da garota, que foi obrigada a deixar seu flerte para ir atendê-lo. Henry me olhou segurando sua risada e pegou seu copo juntamente com a comanda, guardando o cartão em seu bolso. _ Um brinde a este novo velho ciclo -Ele ergueu o copo. _ Um brinde a isto -Nos encarando nos olhos, batemos os copos e brindamos a nossa amizade. O gosto da bebida não era r**m, nem muito forte como eu esperava. No instante em que o drop da música virou novamente eu fui arrastado para a pista de dança, sendo obrigado a me desdobrar para não derramar minha bebida. Quanto mais goles eu dava no meu copo, mais eu queria continuar bebendo. Meu corpo estava leve como se eu estivesse nas nuvens, as vezes eu errava os passos na dança e confesso que em várias delas tive que disfarçar que quase havia caído no meio das pessoas, que me empurravam de um lado para o outro. Nunca havia imaginado que Henry poderia ser tão divertido, e que ele sabia dançar techno tão bem. A festa estava maravilhosa, todo mundo ali se preocupava tanto em curtir sua própria noite que ninguém era capaz de prestar atenção no que acontecia em sua volta. Não acho que álcool seja a única coisa rolando aqui dentro. Dancei como se não houvesse amanhã, nunca havia escutado este tipo de música antes, mas sei que escutarei a partir de agora. Enquanto eu me divertia com meu amigo como se fôssemos meros adolescentes, alguns rapazes nos encaravam, provavelmente tentando descobrir se somos um casal ou não. _ Você tem que dançar mais feio, está chamando muito a atenção das pessoas -Henry deu uma risada colocando seu copo vazio em cima da bandeja de um dos garçons que trançava o salão pronto para recolhe-los- vou ser obrigado a pegar nosso segundo copo. Eu ainda estava na metade do primeiro, já imaginando que beber mais não é mais a melhor opção para quem tem que estudar amanhã. _ Pegue o seu, se eu der conta, pegarei o meu -Henry levou suas mãos na frente da boca fingindo estar surpreso, debochando exatamente da maneira que imaginei que ele faria. _ Como assim Theo Ricci alega ter crescido mas ainda bebe como uma criança? Nossa, ele pegou pesado. _ Eu não disse que não irei beber -Revirei os olhos. _ Acho que já está dando para trás e não sabe como o fazer -Outra risada foi contida. Ele está mesmo tentando psicologia reversa comigo? Porque se estiver, conseguiu. Encorajado pela provocação de Hughe eu respirei fundo e apertei meus olhos fechados enquanto me esforçava para virar todo o resto do meu copo. O mais alto ficou me encarando com seus olhos esbugalhados até que eu senti meu corpo todo estremecer em um arrepio quando a última gota do caos alcoólico em minha mão foi absorvida. _ Tem algo para declarar agora? -Quase não o enxerguei em minha frente quando abri os olhos. O homem ficou me encarando, examinando meu estado de espírito por alguns segundos. Sua responsabilidade deve ter falado mais alto e se estou certo, esperaremos por um tempo até podermos beber. _ Sim, vou pegar mais pra gente. Fique aqui -Na verdade, fiquei foi surpreso quando escutei a resposta misturada as batidas altas da música. Não creio que ele ainda queira beber! Henry voltou com dois copos idênticos aos anteriores, um em cada mão, sorrindo como se fosse um garoto que acabou de ganhar seu doce favorito. Encarei toda aquela bebida esperando para ser ingerida e peguei meu copo quando tive coragem. _ Um brinde ao coma alcoólico que o Theo vai dar hoje -O engraçadinho ergueu o copo em minha direção. _ Um brinde ao banho que terei que dar no Henry para ele voltar ao normal -O encarando os nos olhos, brindei enquanto continha um sorriso. Meu corpo tentou rejeitar este pensamento junto a bebida, que agora estava forte demais. _ É a mesma? -Encarei o líquido dentro do copo fazendo careta. _ Sim, mas com mais álcool -Depois de me responder, Henry saiu andando atrás de um trenzinho de pessoas bêbadas que começaram a circular na pista e pior, segurou minha mão para que eu fosse atrás. Estaria mentindo se dissesse que não estava me divertindo, meu novo velho amigo parece saber festejar muito mais que eu, mesmo sendo mais velho. Tentei seguir seu ritmo, como também tentei derramar um pouco de minha bebida de propósito toda vez que alguém esbarrava em mim, não conseguindo completar nenhuma das duas tarefas com êxito. Ainda era cedo e eu já estava pra lá de Bagdá. m*l entendia o que acontecia em minha frente. Tendo a diversão como a única coisa palpável para eu me concentrar, me preocupei apenas em esquecer o que aconteceria amanhã. A noite estava apenas começando. Continua...

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