BETINHA
― Que inferno, aonde essa merda de passadeira se meteu ? ― Resmunguei irritada caminhando até as gavetas do meu guarda-roupa. ― MAINHA A SENHORA VIU MINHA PASSADEIRA VERMELHA? ― Gritei da porta do quarto para que ela pudesse me ouvir.
Suzane: Coloquei ela encima da sua penteadeira, se não estiver aí olhe embaixo pode ter caído – Falou alto e eu resmunguei um “ok”.
Me agachei olhando embaixo da penteadeira e lá estava ela bem bonita, a peguei colocando na cabeça depois de ter me levantando e passado a escova no cabelo novamente com mais duas mãos de creme. Sentei na cama e coloquei a meia começando a calçar o sapato quando ouvir a buzina da moto do Pantanal.
Suzane: Betinha filha achou a passadeira? O Pantanal chegou adiante para não se atrasar – Disse simples e até estranhei tamanha calma.
― Rapidinho mãe falta só eu passar perfume ― Gritei amarrando os cadarços e me levantando.
Tomei outro banho só que de perfume e peguei a mochila que estava na cadeira da penteadeira saindo do meu quarto, mainha estava sentada com seu bom prato de comida assistindo ao jornal.
― Já estou indo mãe, até mais tarde vê se descansa ― Beijei sua bochecha e a testa e a mesma fechou os olhos passando o rosto em mim com um gesto de carinho.
Suzane: Boa aula minha menina e fiquei longe de qualquer confusão Betinha, não quero você brigando com essas meninas emocionadas daqui – Advertiu séria e eu assentir te dando um último beijo.
Dei uma passada na cozinha e peguei duas ameixas saindo de casa e fechando a porta logo dando de cara com o meu melhor amiga que tinha uma carranca no rosto e os braços cruzados.
― Carranca tenebrosa ein? O que houve ? ― Perguntei após me apoiar em seu ombro subindo na garupa.
Pantanal: Assunto confidencial pestinha, vambora que já tenho que voltar prós afazeres – Murmurou ligando a moto e dando partida.
O Jaca estava super movimentado pelo fato de ser sexta-feira e obviamente rolaria um pagodinho, os salões lotados e caminhões de bebidas faziam suas entregas nos bares e restaurantes que haviam aqui deixa o “trânsito” tenso.
Pantanal: Quando der o horário não fica dentro de sala conversando não, vem logo aqui pra frente porque se eu entrar igual ontem vou te puxar pelos cabelos – Advertiu quando paramos na frente da escola que ainda tinha o portão fechado.
― Quando você parar de reclamar de tudo ? Eu não estava conversando eu estava pegando o dever da Milena para a professora me liberar ― Bufei irritada e ele me olhou torto.
Pantanal: E porque você precisou pegar o dever de Milena? O que você estava fazendo que não acertou fazer o seu próprio dever ? – Cruzou os braços e me olhou com uma cara um pouco feia.
― Ontem não passei muito bem pela manhã e acabei não dormindo direito aí fui dormir na sala e não responde a atividade e muito menos copiei ― Dei de ombro e recebe um cascudo na cabeça soltando um gritinho de dor.
Pantanal: p***a Betinha, tudo bem que você passou m*l mas dá um mole desse ? Tem que estudar pra não ficar igual a tia ou até mesma as minas aqui da favela. Estudar pra ser alguém irmã – Bufou chateado e eu não falei nada, eu não podia falar nada.
― Foi a primeira e última vez Pantanal eu prometo ― Sorrir me aproximando do mesmo ― O portão já abriu e eu preciso entrar , bom trampo ― Beijei sua bochecha e me distanciei andando em passos largos.
Revirei os olhos com a tamanha pressa do povo sendo que a maioria nem tinha o primeiro horário e ficava fumando atrás do colégio ou transando no banheiro do vestiário para passar o tempo. Varre os olhos pelo corredor extenso e achei Milena junto de Vanessa sentadas numa mesa do refeitório conversando sobre algo aleatório.
― Boa tarde putinhas, o que vamos ter de enfrentar hoje ? ― Arqueei a sobrancelha me sentando enfrente as duas.
Milena: Logo de início duas aulas de matemática e depois uma de Espanhol – Resmungou revirando os olhos e a olhei tediosa.
Vanessa: E depois do intervalo uma de biologia e Educação Física – Fez uma careta e choraminguei.
― Deus pai tenha piedade, toda sexta-feira eu volta fedendo a suor e total acabada pra fazer ou curtir qualquer coisas ― Grunhir chateada com minha vida de estudante.
Vanessa: Não vejo a hora do ano acabar e eu ficar livre dessa colégio de merda – Falou enquanto amarrava o cabelo num r**o de cavalo.
― Não vejo a hora de passar para manhã, aproveitar que estamos no começo do ano ― Murmurei pegando minha garrafinha e bebendo um pouco de água.
Milena: Quando você for fala com a gente, não aguento mais o turno da tarde também – Revirou os olhos.
Continuamos a bater um papo legal até a merda do sinal tocar indicando que era a hora de irmos para sala de aula, após a escada ficar sem vestígios dos brutamontes que estudavam conosco a subimos indo direto para nossa sala.
― Bom dia Professora Normani, podemos entrar ? ― Perguntei parada na porta a olhando.
Normani: Claro querida, acabei de entrar na sala – Sorriu simpática e o mesmo eu fiz.
Sentamos na fileira do meio tirando nossos matérias pós sabíamos que hoje seria o visto do último dever valendo ponto que ela havia passado na outra semana.
Vanessa: Alguém me salva ? Eu não fiz esse dever – Grunhiu entre dentes e eu soltei um risinho.
Milena: Toma o meu porque Jajá a professora chama a Netinha e ela odeia que faça dever de casa na sala – Falou entregando seu caderno a Vanessa que sorriu agradecida.
A professora foi chamando os alunos em ordem alfabética até que chegou em mim e eu levantei indo direto até sua mesa colocando meu caderno encima da mesma e observando a professora olhar atentamente cada cálculo e justificativa.
Normani: Dever impecável Betinha, sua mãe deve ter um orgulho enorme de você – Falou com um sorriso singelo e eu retribuir.
Peguei meu caderno e voltei para minha carteira com um pequeno sorriso pela nota máxima que havia ganhado, mainha ficaria contente.
Normani: Abram o livro de Matemática e façam as atividades da página 153 á 157 – Falou sem retirar os olhos do caderno que ela corrigia agora.
Abrir meu livro na página pedida e peguei uma caneta começando os trabalhos.