CAPITULO 3
KATARINY NARRANDO
Eduardo tinha uma forma de agir com os seus problemas, ele se mantinha em silêncio e se privava de tudo, depois de anos convivendo ao seu lado e depois de cursar psicologia eu percebi que esse era sua autodefesa, como profissional eu sentaria ao seu lado e tentaria fazer ele falar, se libertar desse sentimento, mas aqui eu era apenas sua esposa e tinha que respeitar o seu espaço. Eu sempre amei a psicologia, meus pais brigavam muito durante a minha infância e a terapia sempre foi a minha fuga, não pensei duas vezes quando tive que cursar uma faculdade, decidi ser a paz dos meus pacientes e ajudar eles, eu amo a minha profissão, mas sei separar, sei que sou profissional no consultório e dentro de casa eu era sua esposa e sua amiga.
Ele acorda parecendo um pouco mais leve, ele já está batendo as suas vitaminas e como sempre ele batia uma para mim também.
— Eu admiro muito a esperança que existe dentro de você – eu falo me aproximando – todas as manhãs acha que irei tomar essa coisa horrível que você bate nesse liquidificador.
— Bom dia para você também flor do meu dia – ele beija a minha boca e eu faço uma careta quando sinto o gosto.
— Você bate rúcula que horror – eu faço cara de nojo.
— Você come pão com queijo e presunto – ele fala.
— Gostoso, isso é horrível.
— Isso é saudável.
— Você está bem?
— Ainda digerindo tudo.
— Você já sabe o que vai fazer?
— Preciso conversar com você.
— Comigo?
— É claro, assumir o cargo de Ceo da empresa dos meus pais, é algo bem – ele suspira – desafiador e que também vai tomar meu tempo, bem mais que na academia.
— Você quer isso? – eu pergunto para ele.
— Meu pai está doente, eu sei que ele deu a vida dele por essa empresa, a gente não tinha nada e ele construiu tudo do zero, ele está com medo de deixar ela e acredito que se eu não assumir, ele não fará seu tratamento em paz.
— Você quer minha opnião?
— Quero.
— Faz o que o seu coração manda – eu me aproximo dele – eu vou te apoiar e vou está do seu lado como eu sempre estive, vamos passar por tudo juntos.
— Eu liguei para minha mãe, ela disse que o tratamento em média é 6 meses.
— Passa rápido 6 meses – eu falo para ele.
— Passa. O que você diria a um paciente?
— Em uma situação dessa?
— É.
— Você sabe que não posso consultar família, ainda mais marido – ele sorri.
— Me diz, o que você faria – ele fala – então, já que não pode dizer o que você diria a um paciente – eu sorrio fraco.
— Eu faria o que o meu coração mandar e o que me faria me sentir em paz, você está preocupado com seu pai, está preocupado que ele não vai ficar em paz porque você é o único que ele confia, se isso te deixar em paz, segue seu coração meu amor.
— Eu amo você – ele fala passando a sua mão pelo meu rosto.
— Eu preciso ir, tenho um paciente logo cedo, você vai ficar bem?
— Eu vou sim – ele fala – eu vou até academia e depois até a empresa.
— Qualquer coisa você me avisa, será que conseguimos almoçar junto?
— Acredito que sim, nosso almoço juntos é sagrado – eu sorrio.
— Até o meio dia.
— Até.
Quase sempre almoçamos junto, era uma regra, a gente trabalharia fora, mas almoçar e jantar a gente sempre estaria juntos, claro que tinha exceções e algumas vezes a gente não conseguia, mas era algo bem raro.
Eu estou parada no consultório tomando um café esperando o meu paciente chegar, Julia chega e me encara.
— Katariny? – ela fala rindo – estou te chamando algum tempo já.
— Desculpa, estava longe.
— O que aconteceu?
— Problemas.
— Pelo jeito sério.
— Pai de Eduardo está doente, com câncer.
— Meu Deus, como Eduardo ficou com essa noticia?
— Abalado, a mãe dele me procurou antes para me contar e pedir ajuda.
— Ajuda para contar para ele?
— Não. Para fazer com que ele assuma a empresa por alguns meses.
— Eduardo nunca quis isso – ela fala.
— Pois é, todo mundo sabe disso e por isso ela me procurou.
— Eduardo sabe que ela te procurou?
— Não, ela me pediu segredo, só que Eduardo está bem dividido.
— Vocês conversaram?
— Sim, mas eu acho que ele vai aceitar e eu vou respeitar e apoiar a decisão dele, ele está abalado, os pais dele jogaram muito sujo colocando pressão sobre ele.
— Isso é complicado – ela fala – eles sempre colocam pressão.
— O que vou fazer? – eu pergunto – são os pais dele, preciso está ao lado danço força a ele e pedindo que tudo passe o mais rápido possível.
— Você precisa se impor Katariny – ela fala – não dá para vocês deixarem que os pais de vocês decida a vida de vocês.
— É caso de doença.
— Se for para ele se curar, ele vai se curar , Eduardo estando ou não como Ceo. Você tem noção de como esse cargo pode mudar tudo?
— Eduardo me disse, me deixou ciente disso e eu também sei – eu suspiro.
— Lá na frente, você vai perceber o que estou te dizendo. Eduardo é filho e deve está passando pelo sentimento do choque em receber a noticia, então você coloque os pés no chão e abra os seus olhos.
— Olá – A paciente de Julia chega.
— Oi Aline – Julia fala – escuta o que estou te falando – ela sai com Aline e eu fico olhando as duas entrarem na sala dela.
Logo recebo a mensagem de Eduardo e não acredito no que estou lendo.
‘’ Desculpa, vou entrar em uma reunião aqui na Gomes Company com meu pai e todos os administradores dele, preciso está por dentro de tudo para assumir o cargo. Eu te amo , a gente se ver a noite. ‘’
Nossa vida mudaria e muito, eu respiro fundo e vou para minha sala, vou até o porta retrato que tinha a foto de nosso casamento e abro um sorriso, Eduardo era tudo na minha vida e essa seria uma fase que passaria rapido.