Depois que ele entrou no carro, passou algum tempo até que ela pudesse respirar direito, qualquer movimento dele, por mais suave que fosse, até mesmo o trocar da marcha, ou uma respirada mais profunda, tudo mexia de uma forma assustadora com seu psicológico e com certas partes de seu corpo também, ela sentindo a própria respiração falhar enquanto tentava controlar o incômodo que começou a sentir entre suas pernas.
Ele também não estava muito diferente, mas de um modo diferente, não entendia como uma coisinha tão pequena podia ser tão irritante, não parecia em nada com sua cunhada, sempre alegre e com um sorriso no rosto, ou então com a doce mãe das duas.
Ela parecia um tempestade a explodir a qualquer momento, ali mesmo dentro do carro, lembrava e muito suas sobrinhas que, apesar de amá-las demais, reconhecia serem duas obras do próprio capeta...
Ela m*l conseguia prestar atenção na paisagem por onde passavam, por mais bela que fosse, com o sol que fazia as flores brilharem ainda mais, nada disso adiantava, o ar dentro daquele carro parecia pesado demais, dificultando todas suas tentativas de respirar calmamente.
Por sorte a viagem não demorou tanto quanto deu a impressão, essa era uma das vantagens de se morar em uma cidade pequena, talvez a única que ela conseguisse pensar naquele momento.
Giuseppe- Você vem?- perguntou segurando a porta do passageiro.
Désirée- Cla-claro- respondeu muito corada, ao perceber o quanto estivera distraída.
Nem pudera apreciar a entrada direito, ele andando rápido sem sequer esperá-la, m*l trancando o carro e indo em direção à casa, ela só conseguindo ver de relance o quanto aquela casa era bonita, apesar do tempo e da falta de reparos.
Giuseppe- Bem, vamos começar, precisamos medir tudo, vou precisar de sua ajuda, vai ter muita coisa para modificar e reformar, vou precisar que anote tudo, exatamente como eu lhe falar.
Désirée- Posso parecer uma boba inútil, mas sei fazer medições muito bem.
Giuseppe- Assim espero, essa reforma vai ser a maior que já fiz, por isso vou precisar de toda a ajuda. Terei que mudar muita coisa.
Désirée- Mudar?! Tudo bem que ela deve precisar de alguns reparos mas...
Giuseppe- Pessoas da cidade grande...
Désirée- Oi?!
Giuseppe- A antiga dona faleceu há alguns anos e, os herdeiros, acham essa casa antiguada demais, assim como essa cidade também.
Désirée- Então por que...
Giuseppe- Negócios. Eles acreditam que uma casa moderna seja mais fácil para vender e que assim conseguiriam um valor melhor. É triste porque...essa casa me traz boas lembranças...
Désirée- Que tipo de lembranças?
Giuseppe- Giovanni e eu costumávamos vir aqui todas as tardes quando éramos pequenos, não importava a hora do dia, sempre haveria uma grande jarra de suco e uma fornada fresquinha de biscoitos. Pena que...o tempo é traiçoeiro sempre leva o que mais amamos.
Désirée- Deve ter sido uma infância maravilhosa...
Giuseppe- Sim, mas infelizmente uma parte dela vai deixar de existir em breve...- a tristeza era notável em sua voz.
Désirée- Pois eu não mudaria nada, ela é perfeita do jeitinho que é- falou sem pensar e pôde ver um sorriso sincero surgir em seus lábios.
Giuseppe- Vejam só, talvez nem todas as pessoas da cidade grande sejam tão insensíveis assim. Venha, vou fazer um tour com você antes de começarmos.
A casa poderia ser antiga, disso não restavam dúvidas, mesmo assim possuía um charme, uma beleza indiscutível e inegável, era linda do jeito que era, era a típica casa antiga de interior, mas ainda era possível sentir a atmosfera acolhedora que emanava de todos os cômodos.
Não demorou para que subissem ao segundo andar, ela tendo de apressar os passos para conseguir acompanhá-lo, ele tinha uma grande vantagem de ter pernas tão fortes, na verdade, toda sua parte posterior era de dar inveja a qualquer um, principalmente agora que podia observar melhor todas as vezes que ficava oara trás...
Encantadora.
Essa era melhor definição para aquela casa
Os quartos estavam todos vazios, mas mesmo assim era quase possível imaginá-los totalmente mobilhados, especialmente um, que ela acreditava ter sido um quarto para crianças, seus olhos recaíram em um canto mais escurecido, com certeza o local onde ficara um berço, um lugar perfeito, sem muita luz direta, mas que deixaria entrar uma suave brisa, como entrava agora.
Podia imaginar as paredes pintadas em um tom claro, com diversos brinquedos espalhados pelo chão, se imaginava também em uma cadeira de balanço olhando por aquela mesma janela, observando as flores deixando o jardim multicolorido, enquanto ouvia seus filhos correndo por aqueles corredores, quem sabe uma com os cabelos dourados e olhos de safira, ou um com cabelos escuros como os dela e olhos de esmeralda iguais aos...
Pera, que p***a era aquela?!
No que estava pensando?! Eles nem se conheciam e de repente ela estava sonhando acordada com os filhos que eles teriam?
Seus amigos tinham razão, precisava ter uma bela noite de sexo o mais rápido possível...
Giuseppe- E então, o que acha?- perguntou tirando-a de seus devaneios.
Désirée- É linda, tão...aconchegante, pena o jardim ter chegado nesse estado...
Giuseppe- Bem, talvez você possa dar uma ajuda com ele, ao menos aprendeu alguma coisa sobre plantas...- falou piscando um olho.
Désirée- Eu...
Ela podia sentir seu rosto esquentar muito, seus olhos estavam arregalados, a voz presa em sua garganta.
Giuseppe- Venha, precisamos terminar antes que escureça.
Ela o seguiu de perto, tentando acompanhar seu passo para prestar atenção ao que ele falava, tudo sem perder o ritimo nem o equilíbrio, ele falava tão rápido quanto andava e ela notou que aquilo era um espécie de teste, talvez algo para provar que ela não era tão ágil assim, mas ele estava redondamente enganado se achava que ela iria dar o braço a torcer tão fácil assim.
Ele começou a medir algumas paredes, muitas das vezes pedindo para que ela segurasse a trena para ele conseguir fazer as marcações.
Tudo estava bem até ele resolver marcar partes de uma parede que seria removida quase por completo, mas que deixaria a parte de cima para separar aquele cômodo do outro, tudo estava como antes, até que ele resolveu ficar por trás dela, segurando a trena junto com ela, aquela era a hora em.qie perderia toda seu autocontrole.
Ele estava tão perto que era possível sentir os pêlos dos braços rocarem nos seus, fazendo seus próprios pêlos se arrepiarem instantaneamente, a barba rala por fazer-te andou seu pescoço de leve, somado ao perfume que invadia suas narinas e entorpecia seus sentidos, fazia com que perdesse por completo a capacidade de raciocinar, até mesmo de lembrar o que estava fazendo, só imaginando se havia ainda algum móvel naquela casa, qualquer coisa seria suficiente para ir com ele e aplacar a fome e o desejo que tomavam conta de seu ser naquele momento.
Estava ao ponto de sucumbir a tudo o que estava sentindo, quando ele subitamente se afastou, fazendo com que ela se apoiasse com a costas na parede para não cair, já que não confiava nas próprias pernas para sustentar o próprio corpo.
Giuseppe- Pronto, já acabamos por hoje.
Désirée- O que...
Giuseppe- Está tudo bem? Você está corada...
Désirée- Eu...sim, eu...
Ele estava tão perto outra vez, que era possível sentir seu hálito de encontro ao seu rosto, seus olhos brilhavam tanto que não havia possibilidade de que ele não estivesse sentindo o mesmo.
O toque da mão em seu rosto era a carícia que ela desejava desde que o viu da primeira vez, a mão podia ser áspera, mas o toque era suave e fazia com que ela imaginasse como seria sentir aquele mesmo toque em outras partes de seu corpo.
Estava com as costas apoiadas na parede, sentindo o coração acelerado bater tão forte que não seria difícil imaginá-lo explodindo em seu peito, sua respiração tão rápida e ofegante que m*l conseguia absorver o ar que precisava para se manter consciente, agora er questão de segundos para que pudesse desvendar o sabor daqueles lábios contra os seus, seu corpo em êxtase em antecipação ao beijo e ao que viria depois.
Estava pronta, ele só precisava se mover poucos milímetros para que seus corpos se tocassem e pudessem aproveitar aquela noite do jeito que ela imaginava desde o dia em que o vira pela primeira vez.
Bastava apenas um toque para tudo ser do jeito que deveria ser.
Um toque que nunca aconteceu.
Giuseppe- Ótimo, então vamos, vou te deixar em casa.
Ele se separou dela tão repentinamente que ela soltou um gemido de frustração pela falta do beijo, não conseguindo evitar de levar a mão aos próprios lábios para acreditar que aquilo estava realmente acontecendo, ou não.
Désirée- Mas...
Giuseppe- Tem certeza que está bem mesmo?
Désirée- Eu pensei que...
Giuseppe- Que eu fosse te beijar? Sinto muito, mas não beijo qualquer uma. Agora vamos, tenho muito o que fazer.
Désirée- Você...é um i****a!
Giuseppe- É o que dizem. Agora vamos, se não quiser ir até sua casa a pé.
Ela bufou e o acompanhou até o carro, m*l esperando que ele abrisse a porta para se jogar no banco do carona e ajeitar o cinto.
Ele fez a volta no carro e olhou para ela antes de entrar, podia ver o quanto ela havia ficado emburrada e ofendida, entrou com cuidado e sentou, tentando falar com ela antes de ligar o carro, mas nada a fazia virar o rosto ou respondê-lo.
A convivência com aquela jovem seria pior do que ele imaginava, só esperava que o dia seguinte fosse melhor.
O percurso até a casa onde ela estava hospedada foi feito em total silêncio, ele tentou por algum tempo chamar sua atenção, mas tudo que fazia era em vão, ela permanecendo imóvel e em silêncio, ele então desistindo de manter uma conversa com ela.
Assim que parou em frente ao jardim da casa, ela m*l esperou que o carro parasse por completo para abrir a porta e saltar para a calçada de pedrinhas brancas, batendo os pés enquanto andava para a entrada da casa, sem lhe dar atenção.
Giuseppe- Amanhã passo pra te buscar às oito!- gritou de dentro do carro, na esperança de que ela ouvisse.
A única resposta que ele obteve foi um grunhido nada amistoso e um sinal com a mão um tanto grosseiro, ele apenas meneou a cabeça e deu partida no carro, pensando em que isso o iria levar.
Ela passou pela porta bufando alto, totalmente enraivecida, a mochila e os sapatos ficaram no meio da sala, estava com tanta raiva que não queria parar para se preocupar com arrumação naquele momento, precisava de um bom banho quente e algo para ajudá-la a relaxar e esfriar a cabeça.
Foi em direção à cozinha, não precisava acender a luz para encontrar o que buscava, era só questão de abrir a geladeira para ver a garrafa de vinho branco bem onde havia deixado na noite anterior, o álcool com certeza a ajudaria a tirar tudo o que passara durante a tarde de sua mente.
Usou o celular para iluminar o armário e tirar de lá uma taça, servir o vinho e beber tudo em um só gole, enquanto sentia o líquido adocicado descer por sua garganta, pensava que talvez uma garrafa não fosse o suficiente.
Colocou o celular no bolso e subiu as escadas até o quarto de hóspedes, só queria tirar aquela roupa e mergulhar na banheira até sentir a raiz dos cabelos enrugada, subiu degrau por degrau arrastando os pés, sentia como se levasse o mundo nas costas, por sorte sabia bem como acabar com isso.
Colocou a banheira para encher na temperatura mais alta que ela conseguia liberar, espalhando seu óleo favorito e alguns sais observando a água e a espuma subirem devagar, seus dedos estourando as bolhas perfumadas que subiam, colocou a taça e a garrafa em cima da pia para poder tirar as roupas com calma, por mais que estivesse com pressa não queria ter que se preocupar com nenhum tombo.
Colocou o celular para tocar sua playlist favorita sobre o móvel ao lado e entrou bem devagar na água quentinha e aconchegante, a espuma subindo junto da água e cobrindo seus s***s quando ajeitou seu corpo do jeito mais confortável que podia.
Vinho, boa música e um gostoso banho de imersão, nada poderia atrapalhar sua noite, pelo menos era isso em que acreditava até o telefone tocar e ela reconhecer o número.