Good boy

2043 Words
Muitas, muitas horas antes, no círculo do Inferno supervisionado por Lord Voldemort, 30 de julho havia passado para 31 de julho. Voldemort não tinha um escritório, por si só - o Inferno não era uma corporação e seus trabalhadores não trabalhavam dentro de cubículos. Em vez disso, Voldemort possuía o que poderia ser considerado um escritório, mas era mais parecido com um grande escritório privado. Teto alto com luzes suspensas, meia dúzia de estantes altas dispostas ao longo da parede traseira e elegantes painéis de madeira espalhados pelas paredes adjacentes. A intenção de Voldemort era por um ambiente espaçoso e relaxante - o luxo de um espaço privado em um reino onde havia pouco do que se pudesse esconder. Além do tamanho da sala, havia uma quantidade mínima de móveis. Do lado esquerdo ficava a mesa principal onde ele trabalhava, sua superfície limpa de entulho e raramente usada, agora que ele passava menos tempo redigindo contratos. Em frente à escrivaninha e mais perto das estantes, estava uma confortável poltrona de couro ao lado de uma pequena mesa de centro. Anteriormente, tudo o que existia sobre esta mesa era uma lâmpada usada para fornecer luz de leitura. Agora, porém, um relógio silencioso estava lá, o ponteiro dos segundos deslizando silenciosamente em um ritmo medido. Para se preparar para este dia, o aniversário de que Harry o havia informado tão timidamente, Voldemort esvaziou sua agenda com antecedência, bloqueando um período de três dias em que não seria importunado com disputas e preocupações fúteis. O fato de ele ter solicitado três dias não foi um erro, e foi, na verdade, sua própria estimativa das habilidades de seus servos para julgar o tempo com precisão. Voldemort olhou para o relógio. O tempo foi definido para corresponder ao de seu humano, de Harry. O objetivo era manter uma noção da passagem do tempo e determinar se as ligações do menino eram apropriadas para o período de tempo em que estavam sendo feitas. Se Harry tivesse problemas a qualquer hora do dia ou da noite, sua primeira ligação seria para Lord Voldemort. Conseqüentemente, o relógio. O relógio, que não fazia nenhum som audível aos ouvidos humanos, nunca havia sido movido de sua posição na mesinha de centro. Mas mesmo à distância, o movimento do funcionamento interno do relógio era muito audível para os sentidos aprimorados de Voldemort. Era perfeitamente possível para ele abafar ou silenciar o barulho. Ele simplesmente ainda não tinha se decidido a fazê-lo. Voldemort estava começando a entender por que os humanos odiavam tanto despertadores. Se até mesmo o mais silencioso dos relógios o estava levando à distração, qualquer dispositivo mais alto certamente seria muito pior. Foi então que uma pequena porção do ar explodiu em chamas à sua direita. Voldemort não ligou para isso, já que havia se acostumado com as idas e vindas do dragão Belligerent em seu espaço privado. Ele tinha avisado a criatura problemática que não iria resgatá-la de nenhum infortúnio que encontrasse aqui, mas mesmo assim ele se viu dedicando uma quantidade excessiva de atenção a ela. Isso, é claro, porque Harry havia confiado um dever de cuidado a Voldemort. Harry ficaria triste se seu animal de estimação se machucasse. Belligerent circulou a sala uma vez, duas vezes, então se acomodou no topo do relógio, os pés em garras apoiados na borda do mostrador do relógio. Suas minúsculas asas batiam de forma que lembra um pavão agitando as penas antes de se acomodar em uma posição casual. Os olhos do dragão, de um amarelo brilhante, o encararam do outro lado da sala. Então bufou, um soluço de bebê para uma criatura tão pequena, fazendo com que algumas faíscas saltassem de sua boca. "Você vai colocar fogo no relógio", disse Voldemort para ele. Belligerent soluçou novamente em resposta, então cedeu, abrindo suas asas mais uma vez e saltando para longe do relógio. Eram dez e quinze da manhã. Harry tendia a ligar antes disso. O menino era madrugador e estava sempre pronto para ligar. Mas hoje era o aniversário de Harry. Talvez seus parentes tivessem feito planos - planos que não explicavam o d****o de Harry de ver seus amigos. Essa foi uma suposição razoável a se fazer. Isso explicava quaisquer atrasos em nome de Harry, certamente. Harry era uma criança educada e cativante, mas mesmo assim era uma criança e, portanto, propenso à excitação e ao esquecimento. Voldemort simplesmente teria que ser paciente. Belligerent cuspiu mais faíscas no ar, voando perigosamente perto da fileira de estantes. Voldemort estava prestes a explodir quando uma batida ecoou no relativo silêncio do estudo. Tanto o demônio quanto o dragão pararam surpresos e se viraram para a porta. Com uma curva do dedo de Voldemort, a porta se abriu, revelando Evan Rosier. A expressão do demônio - anteriormente composta com o decoro profissional esperado dos servos de Voldemort - derreteu em medo quando o rosto de Voldemort apareceu. "Fale," Voldemort disse, lábios esticados tristemente sobre os dentes afiados. Um sorriso que era gracioso por todos os outros padrões, se não pelo tom nada auspicioso que o acompanhou. Os dois sabiam que nenhuma resposta seria suficiente para a transgressão cometida. Rosier abriu a boca, rastejando inútil prestes a cuspir, e Voldemort decidiu que não havia necessidade de ouvir nada disso. A entrada de ar do demônio se transformou em um grito agonizante, e em pouco tempo havia uma pilha de cinzas fumegantes sobre o carpete caro da entrada. O flash de fogo que consumiu a forma física do demônio foi breve o suficiente para que nenhum dano tivesse sido feito à arquitetura circundante. Voldemort não tinha perdido a paciência o suficiente para isso. Belligerent sobrevoou, pousando na frente das cinzas, soprando um fino jato de fogo sobre ele como se dissesse 'rá, pegue isso!', E Voldemort não conseguia discordar. Ele, no entanto, baniu as cinzas para um dos muitos poços de Bellatrix. Rosier seria recuperado mais tarde. Ou não. Talvez Bellatrix notasse e tivesse pena dele. Belligerent retomou sua vigilância do estudo, fazendo mais duas voltas antes de parar, visivelmente hesitante, próximo ao ombro de Voldemort. "Não," ele disse, olhando f**o. Os olhos amarelos de Belligerent brilharam de volta, sinistros, e então ele bateu suas pequenas asas mais perto. E mais perto. E então duas pequenas garras se cravaram no ombro de Voldemort enquanto a criatura infernal empoleirava-se como um papagaio. "Você vai ficar aqui o dia todo , então?" ele perguntou, exasperado. Uma faísca de fogo foi lançada no ar. Com um suspiro, Voldemort manobrou para sua poltrona e convocou um livro aleatoriamente para ler. Belligerent se encolheu como um gato, tomando cuidado para não espetar sua cauda pontuda ao se deitar sobre o ombro de Voldemort. Voldemort abriu a primeira página de 'Os contos de Beedle, o Bardo', um livro que adquirira recentemente, e começou a ler em voz alta, com a intenção de abafar o relógio que pousava sobre a mesa. Belligerent bufou e ronronou junto com a história, soprando ar quente contra o pescoço de Voldemort. Eles mudaram de uma história para a próxima com facilidade, e Voldemort se forçou a não prestar atenção aos ponteiros do relógio. Ele teria companhia até que Harry ligasse. Já era tarde e nenhuma ligação ocorreu. Voldemort se tornou cada vez mais criativo, elaborando uma série de cenários imaginários que impediam o apelo de Harry. A atenção de Harry poderia ser distraída por uma série de razões, ele lembrou a si mesmo, e o dia ainda não havia acabado. Se o menino não conseguisse invocá-lo, Voldemort consideraria fazer uma visita amanhã. Para garantir a segurança e o bem-estar de Harry, é claro. Não era típico de Harry perder uma reunião combinada. Infelizmente, mesmo sua decisão sensata e razoável fez pouco para atrapalhar seu d****o urgente de partir, a convocação real que se danasse. A hora do jantar chegou e passou. O ponteiro dos minutos continuou sua rotação, implacável em sua zombaria da distância entre ele e seu pequeno filho humano. Voldemort alimentou o dragão de Harry com linguiças cruas e observou enquanto a criatura m*l-humorada assava a carne até ficar crocante antes de devorá-la em grandes mordidas. Animal totalmente sem cérebro, Voldemort pensou depreciativamente. Provavelmente nem percebeu que dia era. Eventualmente, o ponteiro das horas deslizou para um ângulo tão tarde que até mesmo Voldemort teve que conceder uma chamada era improvável. Certamente o menino dormiria logo. Harry ficaria exausto após um longo e feliz dia de comemorações, sua promessa de ver seu amigo sumiu de sua mente. Embora essa percepção irritasse Voldemort, ele não iria invejar o menino por um aniversário adequado com sua família humana. Afinal, Harry tinha sido muito discreto sobre seus planos para o seu aniversário, focando em sua empolgação em r*****o à sua 'visita de aniversário' de Bell e do Sr. Tom. A intenção, talvez, tenha sido a maneira desajeitada do menino de poupar Voldemort da decepção de ouvir sobre os planos de aniversário ocupados que ocupariam o dia inteiro. Com a situação racionalizada, Voldemort mais uma vez resolveu ver Harry amanhã. Nesse ínterim, ele preparou um plano de como abordar Harry quando eles se vissem. Ele primeiro esclarecia, para acalmar os nervos da criança, que ela não estava chateada. Em seguida, ele lembrava ao menino a promessa de serem honestos um com o outro, repetindo novamente que, qualquer que fosse o motivo para a falta de reunião (esquecimento ou não), havia sido perdoado. Então, dependendo da resposta de Harry, ele elaboraria diretrizes claras que resolveriam quaisquer problemas semelhantes, caso surgissem no futuro. Harry era um menino inteligente. A repetição só era necessária para tranquilizar Harry de intenções genuínas. Caso contrário, Harry tendia a pegar novos conceitos e ideias com uma velocidade impressionante. Voldemort estava confiante de que o arrependimento de perder o aniversário de Harry logo seria substituído por uma celebração alegre, embora tardia. Portanto, foi uma surpresa quando a convocação de Harry veio. Voldemort m*l olhou para o relógio - a hora tardia não era mais importante para ele - enquanto estalava os dedos na direção do pequeno Beligerante. O dragão já estava a meio caminho em direção a ele, batendo suas pequenas asas com vigor. Voldemort esperou o suficiente para que a criatura afundasse suas garras em seu ombro antes de começar o processo de extrair sua magia de seu núcleo, puxando as reservas que lhe permitiriam passar para o reino humano. Foi no meio desse empreendimento que a sensação emocional da convocação de Harry perfurou a nuvem de urgência que momentaneamente o preocupou. No início de sua amizade, as ligações de Harry eram tingidas de hesitação e ansiedade. Esse pequeno obstáculo foi rapidamente desalojado, é claro, e essas emoções negativas foram substituídas por sentimentos fortes e positivos. Mais recentemente, os telefonemas de Harry eram sempre calorosos e alegres, confirmando que Voldemort havia conseguido conquistar a confiança e o afeto do menino. As emoções atuais que Voldemort podia sentir através da ligação fraca da convocação de Harry - uma mistura de exaustão e desespero e carinho - eram bastante alarmantes. Na fração de segundo que Voldemort levou para pensar em todas essas coisas, sua magia carregou o suficiente para ele viajar. Voldemort partiu com pressa, a maior parte de sua forma se desmaterializando enquanto ele iniciava a atividade extenuante de passar pelos reinos. Não havia nada a ser feito até que ele chegasse ao lado de Harry. Assim que pusesse os olhos no menino, disse a si mesmo, tudo ficaria bem. Ele tinha certeza disso. Tão certo, na verdade, que quando seus pés com garras tocaram o chão de madeira imaculado do corredor escuro e silencioso do número 4, Rua dos Alfeneiros, sua impressão imediata foi de que ele deve ter pousado no lugar errado. Belligerent se lançou no ar, batendo as asas em círculos irritantes ao redor da cabeça de Voldemort. Voldemort empurrou a coisa para o lado, para melhor se concentrar em seus arredores. Esta não era a casa de antes - a sala abafada cheia de pelos de gato e roupas de tricô. Este era um lugar completamente diferente, embora Voldemort pudesse discernir que esta era a área correta. Mesmo no sétimo círculo, Voldemort estava constantemente ciente, embora distantemente, da presença de Harry na Terra. Se a localização de Harry tivesse mudado, ele teria notado. Voldemort fechou os olhos, filtrando a confusão visual para aguçar seu foco. De repente, as formas de vida na área caíram sob o raio de sua percepção, suas almas representadas por minúsculas alfinetadas de luz que foram espalhadas por todo o vasto vazio da Terra. A súbita onda de estimulação o estava distraindo - levou algum tempo para ele se concentrar em seu objetivo: encontrar Harry. Pontos de luz estavam espalhados por toda a vizinhança, alguns dos pontos mais brilhantes do que outros. Voldemort estreitou sua atenção para a casa, procurando mais longe. O andar acima dele abrigava três faíscas de tamanho médio. Também havia alguns minúsculos que representavam os insetos e vermes que se escondiam em qualquer casa típica. Isso teria sido motivo suficiente para ele subir as escadas, não fosse pela luz ofuscante diretamente à sua direita. Um brilho lindo e brilhante que Voldemort não poderia confundir com ninguém. Belligerent já estava empoleirado na maçaneta de metal brilhante, cuspindo chamas suaves na porta, gritando baixinho, tristemente. Uma estranha dormência tomou conta de Lord Voldemort. Seus olhos estavam abertos. Eles estiveram abertos no momento em que aquela faísca muito brilhante se registrou em sua mente, sobrepujando todos os outros pensamentos conscientes que ele teve. "Você vai queimar a casa", ele repreendeu o dragão, mas sua voz estava mais plana do que o normal, o som distante de seus próprios ouvidos. Ouviu-se um barulho do outro lado da porta. Voldemort baniu toda a engenhoca de madeira sem pensar duas vezes, revelando o interior. Demorou muito para que a visão fosse registrada corretamente. Essa imagem, simultaneamente uma memória agonizante e uma realidade h******l , estava gravando-se, um ponto doloroso de cada vez, na mente de Voldemort. E não era certo que isso acontecesse? Não era certo que Voldemort sofresse cada porção de t*****a que essa terrível percepção impôs a ele? O produto de seus fracassos foi olhar para ele com olhos verdes temerosos. Voldemort só conseguiu respirar fundo para preencher o vazio miserável em seu peito. Era justo que Harry perdesse a confiança nele agora, pois de alguma forma ele permitiu que isso acontecesse. Ele falhou em proteger o garoto cuja amizade ele prometeu amar. Pois esta visão diante de seus olhos não foi um acidente nem uma ocorrência única - era óbvio a partir de um único olhar que este espaço tinha sido vivido, não utilizado como um espaço temporário para punições ou não, e mesmo assim, mesmo então - Mesmo como punição, Voldemort não suportava pensar em Harry sozinho neste espaço escuro, desprovido de companhia e luz solar. "Sinto muito, Harry." Embora as palavras não fossem suficientes, ele tinha que dizê-las. Voldemort foi atingido com o d****o de erguer o menino em seus braços e segurá-lo perto, mas ele não sentia mais que tal gesto seria bem-vindo. Os olhos de Harry turvaram por trás de suas lentes de vidro brilhantes. "Sinto muito! Eu não queria." Aqueles olhos permaneceram arregalados, o lábio inferior da boca tremendo, aqueles pequenos membros finos enrolados com força no peito em um gesto de autopreservação. Um gesto de desconfiança para o homem à sua frente. Voldemort odiava, profunda e verdadeiramente, quem quer que tivesse enraizado essas terríveis expectativas de mau tratamento nesta criança querida. Mesmo assim, ele se odiava mais por invocar tal resposta - que Harry sentisse que qualquer medo em sua presença era uma marca de vergonha. Ainda assim, ele faria Harry prometer nunca se desculpar novamente, ele iria garantir que Harry nunca sentisse a necessidade de se desculpar novamente. Aos olhos de Voldemort, Harry nunca seria capaz de errar, e esse fato precisava ser comunicado com toda a urgência que tal tarefa exigia. Voldemort caiu de joelhos, mudando sua aparência conforme avançava, determinado a tornar a conversa o mais confortável possível para o garoto. Harry se encolheu. Voldemort reprimiu um estremecimento, sabendo que tal demonstração de emoção de sua parte não o ajudaria a acalmar Harry, e estendeu as mãos, palmas para cima, em um gesto de súplica. "Você está bem?" Voldemort perguntou, com cuidado para modular seu tom para se adequar à quietude da casa e à gravidade da situação em questão. Harry parecia confuso com a pergunta. Seu nariz estava rosa e se contorcendo, como se ele estivesse preparado para chorar - um resultado que Voldemort desejava ardentemente evitar. "Eu não estou chateado," Voldemort continuou. Essa declaração freqüentemente ajudava a assegurar a Harry que sua amizade não corria o risco de quebrar. Harry chupou o lábio em sua boca, os olhos ainda brilhantes. "Sinto muito", Harry repetiu em um sussurro. Ele não fez nenhum movimento para alcançar as mãos de Voldemort, um detalhe doloroso que Voldemort teve que deixar de lado por enquanto, não importa o quanto isso o entristecesse. "Você não tem nenhum motivo para se desculpar. Não sei por que você sente necessidade de se desculpar, Harry, mas posso garantir que não é necessário." A expressão de Harry implicava em uma grande dúvida, o que Voldemort não gostou de ver. "Você acredita em mim?" Voldemort perguntou suavemente, procurando determinar a extensão do dano que sua negligência havia causado. Houve um período de silêncio enquanto Harry o encarava. A pausa parecia infinita em que cada segundo que passava ameaçava rasgar suas entranhas, causando estragos e loucura em seu peito. Ele não tinha, até este momento, entendido o quão querido este menino era para ele? Harry conhecia o poder que tinha para responder a essa pergunta? Uma reação negativa pode tornar seu relacionamento irreparável. Se Harry não podia mais confiar nele, então havia poucos recursos para ele restabelecer a amizade do menino. Todas as opções restantes exigiriam força bruta, de preferência começando com a remoção de Harry deste lugar terrível. Independentemente de Harry querer sair daqui ou não, Harry estaria mais seguro com ele. Mesmo que Harry o odiasse por isso, ele o manteria seguro. Harry expirou, um sopro suave de ar quente se espalhando no espaço entre eles. "Você não está bravo?" Aquela voz jovem estava cheia de esperança, o som divino para os ouvidos de Voldemort. Uma súbita onda de emoção caiu sobre ele, o peso disso tão impressionante que ele descartou sua hesitação anterior e alcançou seu filho precioso, enterrando os dedos na teia macia do cabelo de Harry. "Nunca." Harry fez um novo som, não muito diferente de um soluço, e correu para frente, jogando os dois braços ao redor do pescoço e ombros de Voldemort, apertando com toda a força de um menino de sete anos. O peso de antes foi retirado abruptamente do peito e ombros de Voldemort. Os dois balançaram perigosamente no lugar, Voldemort embalando Harry em pé enquanto ele confortava o garoto da melhor maneira que podia. (Ou eles estavam se confortando?) Era como se o próprio mundo tivesse se inclinado, Voldemort pensou vagamente. Isso, ou era simplesmente o redemoinho de intensidade explodindo dentro dele, caindo em euforia misturada com alívio. Harry se contorceu, enterrando-se cada vez mais perto, e Voldemort obedeceu, apertando seu abraço até que Harry parou de se mover, fungando silenciosamente em seu ombro. Quando os dois se acalmaram, Voldemort recuou. Ele deixou ambas as mãos presas aos antebraços de Harry, relutante em se soltar completamente. Harry piscou lentamente em resposta à retirada, seus olhos um pouco inchados de tanto chorar, e Voldemort de repente se lembrou de muitas coisas ao mesmo tempo. "Feliz aniversário, Harry", disse ele, simples e francamente, levando a mão à testa de Harry e dando um toque suave, puxando a franja selvagem para trás. Harry sorriu, as bochechas formando uma leve covinha. Voldemort sentiu que um pouco de seu próprio alívio estava refletido naquele sorriso, e esse pensamento o aqueceu. "Obrigado", disse Harry, sempre o menino adequado e educado que ele tinha sido desde o momento em que se conheceram. Foram essas boas maneiras que o tornaram querido para começar. Voldemort sorriu de volta, acariciando o cabelo do garoto algumas vezes. Então, uma vez que sentiu que Harry estava razoavelmente seguro de que nada estava prestes a dar terrivelmente errado, ele lançou um olhar para o espaço atrás de Harry - para o armário embaixo da escada. Harry não perdeu a direção do olhar de Voldemort. Suas costas enrijeceram, a adorável facilidade de seus ombros desaparecendo, substituída por tensão e estresse. "Shhh. Você está seguro." Voldemort franziu a testa, em seguida, limpou a carranca de seu rosto para que Harry não percebesse e interpretasse m*l. Ele desejava examinar o espaço para deduzir a gravidade do sofrimento de Harry, mas não o faria se isso incomodasse ainda mais Harry. Harry soluçou uma vez, e isso foi o suficiente para despertar a inspiração; Voldemort colocou a mão livre na cintura da criança e puxou-o para dentro. Harry foi de boa v*****e, soluçando uma segunda vez ao tropeçar no abraço. Foi então que Belligerent finalmente se tornou útil, esvoaçando perto e - pelo que Voldemort pôde discernir - l******o o rosto de Harry. Harry deu uma risadinha, um leve borbulhar de riso aguado que se espalhou pela escuridão do corredor silencioso. Voldemort esfregou a mão nas costas de Harry e voltou sua atenção para o armário, confiando que Belligerent manteria a atenção de Harry ocupada. O pequeno espaço era extremamente arrumado, embora Voldemort atribuísse isso às virtudes de Harry e não às de seus parentes. No entanto, após deliberação adicional, Voldemort percebeu que essa limpeza também poderia ser atribuída ao fato de que havia, ao todo, muito poucos itens neste armário para começar. A roupa de cama estava limpa, mas o material estava visivelmente gasto e puído nas bordas. A prateleira embutida no lado esquerdo abrigava pilhas organizadas de roupas e uma pequena coleção de bugigangas. Peças incompatíveis de brinquedos que devem ter vindo de outros lugares; rochas múltiplas de formas, tamanhos e cores interessantes; um pedaço singular de giz rosa brilhante em bom estado. Voldemort estava paralisado. Algo sobre a prateleira de bugigangas de Harry o obrigou a pausar sua avaliação do espaço vital. Levou Harry se mexendo inquieto em suas mãos para trazê-lo de volta à realidade. Harry estava se contorcendo para trás, se afastando. O movimento inesperado enviou uma pontada de preocupação em Voldemort, mas então a mão de Harry subiu para abafar um grande bocejo, e o motivo da manobra ficou claro. "É tarde", comentou Voldemort. Sentimentos de decepção fizeram cócegas em sua garganta enquanto ele falava. Aqui estava ele, mantendo o menino acordado para satisfazer suas próprias curiosidades - ele deveria saber disso. O rosto de Harry se fechou, fechando. "Você está saindo?" A pontada de preocupação anterior de Voldemort se transformou em uma pontada de arrependimento por seu comentário precipitado. "Não", disse ele, desesperado para tranquilizar. "Eu não vou embora a menos que você me peça." "Mas eu preciso dormir," Harry disse estupidamente, como se estivesse resignado, e oh, como Harry poderia pensar isso dele? Como Harry poderia acreditar que Voldemort o abandonaria neste lugar h******l? Voldemort agarrou Harry pela cintura e colocou o garoto em seu ombro. "Você não vai ficar mais aqui." Com um leve estalo de magia, todos os pertences de Harry foram reunidos em uma esfera flutuante clara. Harry começou a protestar, pedidos fracos para ser deixado. Voldemort se forçou a parar, para fazer uma pausa e ouvir os pedidos de Harry e dar a eles a devida atenção. Ele não iria ignorar Harry, mesmo quando Harry argumentou em favor de seu próprio perigo. "Você gosta daqui?" Voldemort perguntou, sabendo que a resposta não poderia ser sim. Harry não respondeu imediatamente, então Voldemort e Belligerent esperaram pacientemente pela resposta. Belligerent circulou a esfera flutuante de pertences de Harry, então se acomodou em cima dela, se enrolando em uma bola e ronronando presunçosamente de contentamento. "Eu moro aqui", disse Harry. "Você - você vai me levar embora?" "Se você quiser, eu o farei." "E eu terei - terei que voltar um dia?" O significado de 'tenho que' era insuportavelmente transparente. Voldemort hesitou, lutando para separar a implicação-que ele iria sempre de bom grado voltar Harry aqui, de medos infundados de Harry. Medos que devem ter se estabelecido na psique de Harry por meio de maus-tratos e abusos. O que Voldemort disse aqui seria lembrado. A maneira como ele respondeu à pergunta de Harry definiria o caminho a seguir. Esta promessa seria mantida para sempre acima de todas as outras, seria um verdadeiro juramento entre eles. Suas palavras seriam escolhidas com cuidado, pois cuidado era o que Harry merecia - Harry merecia todos os aspectos dessa palavra. Voldemort sabia que não era, e nunca seria, a figura parental ideal para essa criança. Harry era uma criatura do bem, a mais pura e brilhante das almas, e tal ser não poderia durar para sempre aos cuidados de um demônio como ele. Mas por enquanto, naquele momento, Harry seria seu, e esta era a mensagem que ele precisava transmitir à criança em seus braços. "Eu juro que você nunca precisará voltar aqui enquanto eu for capaz de protegê-lo", disse Voldemort. O ar fervilhava de magia, chiando como estática enquanto o significado de seu voto tomava conta. "Não vou abandonar você enquanto precisar de mim. Vou cuidar de você e dar-lhe o melhor lar que posso oferecer." Harry tremia violentamente, novas lágrimas escorrendo do canto dos olhos, mas surpreendentemente, nenhum soluço escapou. Harry estava prendendo a respiração, Voldemort percebeu. Harry estava com medo de respirar, de se mover um milímetro para que o lindo sonho da promessa de Voldemort terminasse abruptamente na vigília amarga de uma realidade c***l. "Você acredita em mim?" Voldemort perguntou, tão baixo quanto da primeira vez, a voz tensa. Como governante do sétimo círculo do Inferno, Voldemort não tinha motivos para sentir medo. Ele havia erradicado tanto dessa emoção quanto possível. Mas aqui em seus braços estava o único humano vivo que sabia seu verdadeiro nome. Ele se importava com o que Harry pensava dele. Ele estava genuinamente com medo de uma resposta negativa. Essa resposta da parte de Harry teria um impacto profundo sobre ele, e não apenas porque representaria seu fracasso pessoal em manter o menino seguro. Harry se endireitou, seus olhos verdes encontrando os vermelhos de Voldemort. A boca de Harry estava definida em uma espécie de linha firme, suas sobrancelhas franzidas em determinação. Seu garotinho glorioso, maravilhoso e corajoso. Uma onda de emoção sublime e desconhecida varreu Voldemort como um maremoto, e ele sabia qual seria a resposta de Harry antes de seu pequeno humano abrir os lábios para falar. "Eu acredito," Harry disse, e cada palavra recebeu uma ênfase ridícula enquanto ele continuava, "Eu acredito em você e quero que você me leve embora." Belligerent soltou um assobio agudo de triunfo, e Voldemort foi tentado, fugazmente, a dizer ao minúsculo dragão para queimar a casa inteira antes de deixá-la. Lamentavelmente, ele tinha tarefas mais críticas para lidar no momento. A mais proeminente dessas funções estava suprimindo outro grande bocejo. "Durma," Voldemort sussurrou, colocando a cabeça do garoto de volta em seu ombro, liberando um fio de magia que garantiria os doces sonhos da criança. "Durma, querido, e eu vou mantê-lo seguro." Harry dormia, e seus sonhos eram os mais doces que ele já havia sonhado. ◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇◆◇
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