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Por você, eu faço tudo

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intro-logo
Blurb

Sam tem a chance de mudar de vida e a possibilidade de recomeçar do zero, após sair da cadeia, por cumprir pena por ser cúmplice de roubo. Hoje, um homem sério que se arrepende profundamente por ter cometido o maior erro de sua vida: Ter dado desgosto aos seus pais, que tanto o amaram, protegeram e sempre o alertaram que suas amizades erradas um dia iriam atrapalhar sua vida. Quando conhece Alexya, herdeira e filha única da família Drummond, na casa onde seus pais trabalhavam e lhe arranjam um emprego de jardineiro, tudo em sua vida muda. Afinal ele sabia de todo seu coração, que aquela era a mulher de sua vida.

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Portugal – Porto Alguns anos atrás.
Não aguentava mais. Minha cabeça fervilhava com a proposta de alguns amigos. Minha mãe se matava de trabalhar e meu pai, meu pai havia começado a trabalhar como jardineiro em uma casa de ricaços. Minhas provas para terminar o oitavo semestre em arquitetura já estavam próximas e eu tinha que estudar – apesar das dificuldades e do dinheiro contado, queria ter um diploma para poder dar orgulho aos meus pais, mas a visão da mãe se matando para ajudar meu pai me cortava o coração. Ela era uma mulher forte, que sempre fazia de tudo para me ver feliz, entretanto, eu queria vê-la feliz também. O seu cabelo branco já estava em evidência e as marcas de expressão em seu rosto, não me surpreendiam mais do que suas mãos calejadas do trabalho árduo como empregada. Queria poder dar uma vida digna aos meus pais, eu sempre os vi como heróis da minha vida. A tentação de assaltar um dos supermercados mais frequentados da região pairava sobre a minha cabeça e entrava em mim como uma doença. Antônio estava do outro lado da balança, havia roubado tantas pessoas e casas, que por onde passava, as pessoas que o conheciam já entregam suas bolsas ou suas carteiras voluntariamente. Meu pai não sabia que eu estava andando com ele nas minhas horas vagas de estudo, e se soubesse teria me matado, não literalmente falando. O lema do meu pai era “Diga com quem tu andas e eu direi quem tu és”. Ah! Se meu pai soubesse das minhas intenções, minha vida teria seguido um curso diferente. Até o imaginava falando grosso em minha mente, e só de pensar que iria segurar uma arma, agrava o som da sua voz como se fosse minha consciência falando.   *** Estava na sala de aula, era dia da prova de final de ano, e se eu passasse naquele ano, faltariam apenas trezentos e sessenta e cinco dias para concluir o curso. O suor escorria, o verão havia chegado com toda sua força, – praticamente um estágio para entrar no inferno – mas não era o calor que me tirava a concentração, era outra coisa. Olhei para prova ainda mais desanimado que o normal. Cálculos por sobre cálculos. E, embora gostasse muito dos números, eu queria mesmo era sair daquela sala e respirar a brisa do lado de fora e deitar embaixo de alguma árvore para pensar na vida. Minha cabeça fervia, pois não conseguia prestar atenção na prova, só pensava no assalto e em como eu não poderia ser pego ou ainda pior, ser reconhecido, apesar da máscara. — Tempo encerrado — o som da voz rouca do professor, que mais tirou minha paciência naquele ano, ecoou pela sala. — Por favor, fechem suas provas e as deixem sobre a minha mesa — todos estavam nervosos. Uns olhavam torto para ele, outros sibilavam palavrões baixinho, xingando fielmente a mãe dele ou olhavam f**o, eu fazia as três coisas ao mesmo tempo. Eu não tinha simpatia por ele e nem ele por mim, mas ainda bem que eu tinha marcado todas as questões corretamente, e como sabia disso? Estudei dois dias e três noites para fazer uma prova perfeita, mesmo com minha mente vagando pelo lado obscuro do crime. — Os resultados saem em duas horas — disse, enquanto os outros alunos sem um pingo de esperança lhe entregavam as provas. *** — Então, como foi a prova? — perguntou minha mãe quando me viu saindo e me aproximando dela. — Fiz o melhor — falei, dando um abraço. Eu adorava o cheiro de seu perfume, e o sorriso sempre acolhedor que apenas ela tinha. — Ei, cara! — gritou Antônio de longe. — Sam... — minha mãe me olhou preocupada. — Seu pai não vai gostar de saber que você continua andando com o filho dos Ruffato. Ele não é uma boa pessoa, meu filho. Já conversamos sobre esse assunto, querido — ah! Se minha mãe soubesse o que de fato iríamos fazer juntos, ela teria um ataque. — Mas eu o conheço desde o primário, mãe — tentei explicar o fato de ainda andar com ele, mas ela continuava me olhando preocupada, com aqueles olhos castanhos grandes e expressivos. — E eu sou o único amigo que ele tem... — dei de ombros, tentando amenizar as coisas, mas eu sabia que minha mãe também não gostava que eu andasse com ele. — Tudo bem, mas não chegue tarde. Seu pai vai se atrasar hoje, mas não abuse da sorte. Não quero ter que ir tirá-lo de algum presídio — estremeci com a ideia da minha mãe entrando numa cadeia, o que me fez ficar de coração partido. — Prometo não chegar tarde — respondi, beijando o topo da sua cabeça, ao me despedir. Então minha mãe seguiu para o seu carro. Um Chevrolet Belair 56 azul-celeste que sempre admirei por ser um clássico e por ainda não o termos vendido para pagar as contas. — Você tem que conhecer os caras que armam a jogada. Eles querem ter certeza que você não vai amarelar — sugeriu Antônio, estalando a língua quando chegou perto de mim. Ele andava de um jeito esquisito e todos na faculdade o olhavam atravessado, isso quando não viravam o rosto para o outro lado. Ser aluno de arquitetura não era apenas status, era ter amigos ao nível do curso, mas ao contrário de muitos, eu sempre quebrei as regras nesse quesito. — Sabe como é, nada pode sair errado. Agora era tarde para voltar atrás. Realmente tarde. Eu estava seguindo para um caminho que poderia não ter volta. Fiquei me perguntado: E se der algo errado? E se machucar alguém? Mas, e meus pais? Precisava ajudá-los de alguma maneira. Mesmo sabendo que aquilo que eu tinha escolhido, não era o certo a ser feito. Mesmo sabendo de tudo que o meu pai havia me ensinado, os conceitos de ser um homem honesto desde criança. Ah! Se eu soubesse que me arrependeria, e muito. Uma doença suja. Um vírus quimera.   Estava tentando arrumar um emprego, mas nunca aparecia nada. Eu fazia de tudo para ajudar meus pais, porém, do jeito que as coisas estavam indo, não estava dando. Meu pai sempre me disse para ser honesto e bom, – assim como todos da família Otto – porém a tentação do dinheiro fácil para ajudá-los não saía do meu pensamento. Quando eu era criança, meu pai me deu um carrinho de brinquedo, entretanto, nada moderno. Era de madeira com as rodas fixadas com pregos e pintado com tinta vermelha. Lembro que todos zombavam da minha cara por ter um brinquedo tão pobre. Acabei o deixando de lado, o que deixou meu pai magoado, e hoje sei que ele trabalhou uma semana para juntar dinheiro, e assim, comprar o carrinho. “Um dia você vai entender o que fez” disse quando pegou o brinquedo que eu havia abandonado por vergonha e guardou dentro da minha mochila. E a partir daquele dia, eu tentei ser um homem melhor, mesmo que falhasse depois. *** — Vamos... — disse Antônio, sacolejando as mãos como um gângster. — Não sei se é uma boa ideia — eu sentia o medo se formando dentro de mim. A ideia de ser preso me apavorava. — Você precisa de grana ou não? — perguntou, franzindo o cenho. Antônio era o cara das sombras, dos becos escuros e das vielas. Quando se precisava de dinheiro, ele estava lá, e como em um passe de mágica, o dinheiro vinha para suas mãos, mas isso tinha um grande custo. Se eu aceitasse, sacrificaria meu tempo, minha vida e quem sabe, minha liberdade. — Preciso, mas essa não é a melhor forma... — hesitei, entretanto, meus pais mereciam uma vida melhor. Eu não conseguia um emprego, não estava conseguindo dar essa vida melhor. Aos vinte e três anos, eu estava prestes a cometer o maior erro da minha vida, e o pior, sabia disso. — Você é um o****o — resmungou irônico, sua voz soou irritante e desafiadora. — Sabe quando vai surgir outra oportunidade como essa? Nunca mais. O cara que arrumou a parada vai entregar umas armas sem munição. São apenas para amedrontar. Vai ser moleza — disse, revirando os olhos. — Antônio, eu tenho que estudar — murmurei suspirando. — Tenho prova final e preciso passar, falta apenas um ano e meio para que eu conclua a faculdade. — Sam, nos conhecemos há muito tempo — apoiou a mão em meu ombro, apertando com força. — Quero você nessa, parceiro. É muita grana envolvida, além do mais, você vai usar máscara — a intenção era diminuir as minhas preocupações, mas não estava conseguindo. — Você pode ir com essa que está usando, acho que todos vão ficar com medo dessa sua cara f**a — esboçou um sorriso, tentando me fazer achar graça naquela situação. — Pense direito, você vai ficar com uma boa parte do dinheiro e vai poder ajudar seus pais — ele acertou bem no calcanhar de Aquiles. — E sabe como é, né... grana no bolso, vida mansa, parceiro. — Não sei... — abaixei a cabeça, pensando melhor sobre “grana no bolso, vida mansa”. — Deixa de pensar e vamos entrar nessa. Eu até respeito esse seu “tenho que estudar”, mas se liga... — franziu as sobrancelhas. — Dinheiro é dinheiro. Vamos faturar muito com esse roubo — gesticulou com as mãos no ar e, logo, segurou meu ombro novamente. Sabe como dizem por aí: para levá-lo para o bom caminho, poucos fazem, mas para o inferno, até o próprio d***o aparece sorridente e o carrega no colo. — Está bem — me dei por vencido, mas sabia que no fundo, eu já havia cedido. — Mas você tem que me prometer que as armas estarão sem munição. Não quero machucar ninguém. — Concordo. Também não quero que ninguém saia machucado — ele avaliou bem a questão enquanto olhava para mim pensativo, querendo parecer intelectual. Sabia que era errado, mas estava na hora de fazer algo pela minha família. — Agora tenho que ir, meu pai precisa de ajuda para levar umas plantas lá para o novo trabalho dele. Até mais. — Vai na fé, parceiro — falou, apertando minha mão. Antônio e eu éramos amigos desde o primário, mas do grupo que fazíamos parte, eu fui o único a conseguir uma bolsa de estudo. Porém, meu amigo não ligava para estudos, sempre disse que faculdade era coisa de gente rica, e por isso tinha que ajudar os ricos, roubando deles. Ele sempre esteve ao meu lado em situações complicadas, mas agora era diferente. Era um roubo. Algo que eu nunca havia participado e sequer havia pensando na hipótese, até aquele momento. Até ver como era fácil. Estávamos em um galpão escuro e velho. Dava para ver as correntes de aço penduradas para todos os lados, assim como o lodo esverdeado cobrindo as paredes e o reboco caindo. Devia haver ratos por ali, não que eu tivesse medo, mas só em pensar, meu estômago revirava. Lá fora, a noite estava fria e úmida. m*l dava para ver as estrelas sobre o teto de vidro do galpão, eu sentia calafrios todas as vezes que o vento passava sobre minha nuca, era um aviso que eu teimava em ignorar. Antônio estava visivelmente impaciente, andava de um lado para o outro enquanto esperávamos os caras que preparavam o tal assalto. Depois de horas em pé dentro do galpão, fui para o carro e esperei sentado no banco do motorista, enquanto Antônio ficou andando de um lado para o outro. Já estava tarde e eu tinha prometido que chegaria cedo. Onde estávamos, era um bairro perigoso e assunto frequente nos jornais locais da cidade de Porto. Quando Antônio parou de andar, vi a luz de faróis de automóveis se aproximar. Saí do carro e fiquei observando os dois carros parando bem ao lado do nosso. Ambos com os faróis altos, dificultando a visão. Um homem grandalhão saltou do carro, logo depois três homens menores os seguiram. O homem alto e forte era n***o e tinha algumas tatuagens espalhadas pelo braço esquerdo. Ele era m*l-encarado e parecia não ser nada paciente. Dois dos três homens que o seguiam eram gêmeos idênticos, até as roupas eram parecidas, do segundo carro saiu um homem de estatura mais baixa e com uma cicatriz que seguia do supercílio direito, passava por sua bochecha até o lóbulo inferior da sua orelha, quase formando um Z em seu rosto. — Martim, meu amigo — cumprimentou Antônio, apertando a mão do chefe do bando, se aproximando do homem mais alto. — Vamos deixar a conversa fiada para depois, Tom — ele realmente parecia não ter paciência. — Quem é a mocinha que você quer colocar na jogada? — questionou, olhando para mim e pude jurar que o meu couro cabeludo tinha ficado anestesiado. — Esse cara aqui — me puxou para apresentar na cadeira velha que tinha ao lado de outras quatro, naquele galpão velho. — Esse é meu irmão Samuel, mas podem chamá-lo de Sam. — Você tem alguma experiência com roubos? — perguntou com sua voz grossa, se sentou abrindo as pernas e apoiando o braço esquerdo na lateral da cadeira, me olhando e percebendo o medo estampado em meus olhos. Poderia dizer que ele seria um bom cantor de jazz. — Não, senhor — disse, sendo o mais sincero possível. — Já pegou em uma arma? — franziu as sobrancelhas, mostrando irritação. — Não, senhor. — Droga, garoto! — berrou o homem baixo com a enorme cicatriz no rosto. — Que p***a você faz da vida? Queima rosca nas esquinas com essa cara de b***a que você tem? — Estudo — respondi a contragosto, me sentido um i****a por estar ali. — É isso que você nos arruma, Antônio? — perguntou Martim, visivelmente irritado com Antônio. — Uma boneca com diploma? Seu b***a mole! — Esse cara vai f***r a parada toda — rosnou o homem baixo, com mais raiva ainda em seus olhos por Antônio chamar um amador para trabalhar com eles. — Calma, gente — Antônio começou a explicar. — Ele precisa entrar na parada, calma. Ele é de confiança. Pode confiar em mim. — Tomara mesmo, pois se ele melar o trabalho, eu mesmo o mato — falou Martim sem paciência, eu podia ver as veias do seu pescoço saltarem de raiva. — Gêmeos — gritou para os dois caras parados no fundo do galpão. — Entreguem — ordenou e os gêmeos se aproximaram, um deles tirou de dentro da jaqueta preta de couro uma arma e uma caixa de balas, me entregando logo em seguida. Sem dizer uma palavra, voltaram para observar o movimento da rua, como cães de guarda, apesar de parecer deserta e completamente escura. — Treine, e em duas semanas quero ver como anda sua pontaria. — Mas eu não vou atirar em ninguém, certo? — questionei, confuso e segurando a arma e as balas. Não era o que Antônio tinha me prometido. — Nunca se sabe quando vamos precisar nos defender, Sam — disse o homem baixo em um tom mais severo, mas achei que ele se referia a sua cicatriz, que chamava atenção mesmo na meia luz que os faróis dos carros do lado de fora ofereciam. Olhei para a arma em minha mão e meu coração ficou cada vez mais apertado. Não era isso que eu tinha em mente. Não queria machucar ninguém. Queria explicar, mas eles já estavam seguindo para seus carros e agora eram apenas sombras. Tarde demais. Tarde demais. Muito tarde para voltar atrás. Aquela noite fria, enquanto meus pais dormiam de maneira calma e confortável, o meu sono estava conturbado e tudo que eu queria era paz, ou ao menos, dormir sem ter pesadelos. A sensação de ter uma arma em minhas mãos não me deixava ficar bem. Havia passado na prova e agora só faltava mais um ano para terminar a universidade. Os dias passaram muito rápido e com isso o peso da minha consciência ficava mais evidente. Faltavam apenas doze horas para que tudo em minha vida tomasse um rumo diferente. Um rumo do qual eu poderia gostar ou não. Agora só me restava esperar. *** Já era manhã. Uma manhã que mais parecia um pesadelo em plena luz do dia, e tudo estava pronto para seguir conforme o plano. Antônio já estava me esperando do lado de fora. Meu pai estava no trabalho e minha mãe tinha saído para fazer compras. Não sabia o que fazer, então antes de sair para acabar com a minha vida, assisti todos os filmes relacionados ao meu futuro delito e treinei no espelho, várias e várias vezes, dias antes de ter Antônio parado em frente à minha casa. — Parado! Isso é um assalto — berrei, sacando a arma na frente do espelho com a voz um pouco esganiçada. — d***a! Parado! Mãos ao alto! — balancei a cabeça, sabendo que eu era um fracasso como assaltante, como homem e como um filho.   Sabia que aquilo não daria certo. No meu íntimo, tinha algo alarmando. Como uma premonição sem visão. Uma coisa que estava tomando conta da minha alma, como um pedido de ajuda ou um modo de defesa. — Vamos, Sam! — Antônio gritou impaciente, buzinando em seguida. — Tá na hora. Ainda tremendo, guardei a arma na jaqueta de couro marrom, que a minha mãe havia me dado no natal do ano passado, e sai pegando meu boné, que tinha as iniciais do meu time favorito, e suspirei. Seria naquele dia e sabia que depois, eu não seria mais o mesmo. — Pronto? — perguntou, quando entrei no carro de cabeça baixa. — Nem um pouco — fui o mais sincero possível, mas ele não estava se importando de verdade. Antônio estava nessa vida a mais tempo do que eu. E eu sabia que aquilo era apenas para me incentivar a seguir com o planejado. — Então, você está pronto — brincou, mas por dentro, meu estômago estava revirando de tensão. — Não. Não estou pronto, mas agora é tarde para desistir — falei, um pouco exasperado. — Agora é realmente tarde. Agora é tudo ou nada — deu de ombros como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. — Agora é tudo ou nada — repeti aquela frase como um mantra para não desistir de tudo, abrir a porta daquele carro e fugir, me ferrando depois. Sabia que se desistisse ali, naquele momento, as consequências seriam drásticas e minha família pagaria por minha desistência. Martim tinha deixado isso bem claro com apenas um olhar. — Agora é tarde demais para voltar atrás — falei, chamando a atenção dele que logo deu partida no carro para seguirmos para o nosso destino. — Isso mesmo — disse ele, dando partida no carro. — As verdinhas estão dançando hula hula bem ali, então vamos pegá-las. *** Foi tudo muito rápido. Em um momento estávamos dentro do supermercado e em outro, em uma situação difícil. A arma, que aparentemente estava sem balas, disparou por acidente. Sirenes da polícia podiam ser ouvidas de longe. Meu sangue gelou, mas não foi por causa da minha arma que disparou. Antônio estava nervoso e uma mulher loira e alta reagiu. Por impulso, ele mirou na mulher achando que ela pararia quando o visse mirando em sua cabeça, mas não foi assim que aconteceu. E, em questão de segundos, a arma disparou e a mulher caiu no chão, os outros do grupo entraram em pânico. Sem pensar, larguei a arma e corri para ver a mulher caída, mas era tarde. O sangue estava espalhado pelo chão e ela não respirava mais.   Nesse momento, a minha vida desmoronou completamente. Reconheci de longe uma mulher no fundo do supermercado. Minha mãe. Meu coração ficou em pedaços. E lá estava eu, parado ao lado do corpo da mulher alta e loira, de traços finos, delicados e minha mãe com o pânico estampado no rosto. Alguns segundos depois, eu estava sendo puxado para fugir, mas meu corpo havia virado pedra. Todos se foram, menos eu, que quando tirei a máscara, vi o rosto da minha mãe se transformar e as lágrimas de desgosto de formarem em seus lindos olhos, banhando-o logo em seguida. Tudo perdido. *** A humilhação maior foi quando a polícia me algemou como um bicho, bem na frente dela, da mulher que me deu amor incondicional. Minha mãe. Quando eu já estava na cadeia, minha mãe me visitou algumas e raras vezes. As coisas tinham mudado. As coisas dentro da cadeia mudaram para mim também. Antes da minha saída, meu parceiro de cela foi morto. Mas no fundo, sei que isso havia sido a promessa do Martim.

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