-Acordem, está tarde e só tem vocês dormindo ainda.
Abri os olhos e observei uma mulher parada sobre o portão.
-Seu pai está apenas te esperando, Carl. Ele quer ir contigo buscar suprimentos.
-Já estou indo, Maggie. -Sua voz está completamente rouca.
Ela olhou para mim.
-É Sofia, certo?
Concordei.
-Bom, agora que acho que você já está se adaptando, no que quer nos ajudar?
-É... eu sou boa na cozinha.
-Ótimo, então você ficará na parte da comida. Estou esperando vocês lá fora. Não demorem.
Assim que tudo ficou em silêncio mais uma vez, me sentei e estiquei o corpo, sentindo quase todas as minhas juntas se estralando. Respirei fundo.
-Como foi a sua noite?
Olhei para baixo e o vi completamente relaxado deitado em sua cama.
-Estava precisando de uma noite de sono dessas há muito tempo. -Sorri e me levantei, ficando de frente para ele.
-Apesar da cama ser um pouco dura, até que dá pra dormir bem, né? -Ele se sentou e jogou seu pescoço para trás, o estralando.
-Com certeza dá. -Sorri novamente.
-Então quer dizer que é boa na cozinha? Já vou avisando que quero ser um dos primeiros a experimentar.
-Claro.
Ele se levantou e tirou a camiseta que estava usando.
-Por que não vai comigo procurar mantimentos?
-Ahn... eu ainda não aprendi a atirar, então...
-Sério mesmo? Bom, eu posso te ensinar se quiser.
-Jura? -Sorri.
-É claro, assim que eu chegar de lá a gente começa.
-Obrigada, Carl.
-Me passa essa camiseta aí do seu lado, por favor.
Peguei em cima da mesa e o entreguei. Ele a vestiu e colocou seu chapéu em seguida.
-Vejo você depois, tenho que ir agora.
Ele saiu caminhando e eu permaneci aqui parada por um tempo. Tenho que encontrar aonde fica a cozinha. Saí da cela e fiquei em busca do refeitório, provavelmente a cozinha fica lá perto.
Assim que enfim encontrei, abri uma porta e avistei várias mulheres.
-Ah, oi. -Uma mulher com os cabelos grisalhos veio até mim com um pano de prato nas mãos. -Você deve ser a garota que Carl trouxe.
-Sou eu mesma. -Sorri. -Muito prazer, me chamo Sofia.
-Sofia... era o nome da minha filha. -Ela pareceu meio triste. -Sinto tanta falta.
-Eu sinto muito.
A mulher sorriu tristemente.
-Bom, me chamo Carol. Aqui na cozinha estamos em quatro pessoas. Eu, Geórgia, Eliza e Beth.
-Me pediram para vir aqui ajudar.
-Ótimo. Estamos precisando mesmo. Ajude Beth a terminar de cortar as verduras, eu irei terminar de cozinhar o arroz.
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Terminamos de fazer tudo e colocamos em pratos de plástico para as pessoas. Quando terminamos, saí da cozinha, almocei e fui para fora. Comecei a andar pela prisão e fiquei a espera de Carl, já que ele é a única pessoa com quem eu converso. Me sentei em uma mesa que havia aqui fora e fiquei olhando para o nada.
-Oi. -Me virei assustada e vi uma mulher grávida.
-Olá. -Sorri.
-Sou Lori, mãe do Carl. Finalmente te conheci pessoalmente, meu marido havia me falado de você. E então, já se acostumou aqui? -Ela se sentou ao meu lado.
-Na verdade não muito. Mas aposto que daqui um tempo eu vou.
-Tenho certeza que sim.
-Está com quantos meses? Já está bem grande.
-Oito. -Sorriu.
-Uau, está perto de ganhar. Sabe o s**o?
-Menina. Judith, esse é o nome dela. -Ela disse sorrindo e tocando na barriga.- Hoje ela está bem agitada, quer sentir?
-Quero sim. -Ela levantou sua blusa e eu coloquei a mão com cuidado. A bebê chutou e eu sorri. -Ela vai ser bem esperta.
-Vai sim...
Quando ainda estávamos conversando, ouvi o portão sendo aberto. Olhei e vi um carro entrando. Ele parou e desceu o pai do Carl, um cara com uma jaqueta com uma asa nas costas, um coreano e Carl. Rick estava com uma mochila nas costas e eles foram entrando para dentro da prisão. Carl nos viu e deu um sorriso, logo em seguida veio até eu e sua mãe.
-Encontraram alguma coisa? -Perguntei.
-Sim, vários enlatados e alguns refrigerantes.
Ele olhou para a sua mãe que estava nos encarando.
-Oi mãe, como está a bebê?
-Bem, hoje ela está chutando muito.
-Ela quer sair daí de dentro logo. -Ele falou e nós duas rimos. -Sofia, já quer começar treinar?
-Sim, nos vemos depois Lori.
-Bom treino e cuidado viu, Carl?
-Sempre, mãe.
Caminhamos por um caminho com a grama um pouco alta, que dava diretamente para a parte de trás prisão. Quando olhei para a grade, me assustei com a quantidade de zumbis tentando entrar aqui.
-Não precisa ficar com medo, eles não podem entrar aqui. -Carl chegou perto de mim.
-Tem certeza? -Fui um pouco para trás.
-Sim, vem cá.
Fui até ele e ele tirou uma a**a do cinto. Sentou no chão e eu sentei ao seu lado.
-Vou te ensinar a carregar a arma.-Ele tirou a parte de baixo da arma.-Isso aqui se chama pente, é nele que fica as balas. Quando a munição acabar, você tira e recarrega. Depois o coloca de novo e faz esse movimento.-Demonstrou. -Entendeu?
Concordei.
-Você mira no alvo com o braço esticado desse jeito, sempre fique com o braço por cima do peito. Nunca demonstre que você está com medo em frente do inimigo. Olhe olho no olho com ele.
Concordei novamente.
-Muito bem, então me mostre. -Me entregou a a**a.
Respirei fundo e peguei. Fiquei de pé e mirei em um zumbi. Atirei mas pegou na perna, atirei novamente e foi em seu braço.
-Não consigo. -Abaixei a a**a e ele se levantou.
-Faz assim. -Carl veio para trás de mim.-Levante um pouco o braço. -Pegou em meu braço e o levantou. -Mire e pode atirar.
Apertei o gatilho e dessa vez foi certinho na cabeça do zumbi.
-Viu? Consegue sim. Agora tente sozinha.
Levantei o braço e mirei novamente. Atirei e foi bem na cabeça dele.
-Continue treinando que você vai virar profissional. -Ele disse rindo.
-Ah, Carl, você pode me ensinar com faca?
-Vem aqui. -Ele se aproximou dos zumbis e eu fui logo em seguida.
Estamos menos de 2 metros deles.
-É só você segurar a cabeça dele para trás e enfiar a faca. -Ele fez e me entregou para eu fazer o mesmo.
Finalmente aprendi.
-CARL. -Alguém gritou.
Nos viramos ao mesmo tempo e vimos o mesmo coreano de antes.
-Seu pai está te procurando, disse que tem um assunto muito importante para tratar.
-Estou indo, obrigado. -Disse Carl. Ele saiu e Carl olhou para mim. -Acho melhor irmos.
Assim que começamos a caminhar, perguntei se ele não queria que eu fosse para outro lugar, para ele e seu pai conversarem em particular, só que negou, disse que não tem problema eu ir junto.
-Pai, queria falar comigo? -Perguntou assim que chegamos próximo de onde ele estava.
-Queria. -Arrumou sua postura e respirou fundo. -Se lembra do governador? -Carl concordou. -Ele mandou um aviso dizendo que se não entregarmos o que ele pediu até o fim de tarde, vai invadir esse lugar.
Carl se sentou de frente para o pai dele. Já eu permaneci parada em pé.
-d***a. -Falou. -O que fazemos?
-Temos que estar preparados para caso ele faça isso mesmo. -Suspirou. -Eu realmente não queria guerra.
-Não temos outra escolha, pai. Se é isso o que ele quer, é isso o que ele vai ter.
-Ótimo, então treine o máximo de pessoas que conseguir, Carl. E você Sofia, preciso que me garanta que irá manter minha esposa em segurança com você. Acha que consegue?
-Posso tentar. -Consenti.
-Muito bem, vejo vocês depois então.
Ele se levantou e saiu andando para nossa direção oposta.