Ela tentou se trancar no quarto, mas eu consegui colocar meu pé na frente da porta. Que sorte que eu uso tênis imensos, se não eu teria me machucado. Eu era mais forte que ela, então empurrei a porta e entrei no quarto. A garota acabou caindo enquanto andava para trás.
– Por favor, não me machuca! – Ela disse. Que tipo de monstro ela acha que eu sou? Quer dizer...
– Eu não vou te machucar. Quer dizer... Depende! Você não pode contar o que viu pra ninguém, entendeu?
Minha razão gritava: Meu Deus, Bindy, cala a boca e mata essa menina logo! Mas algo dentro de mim me impedia.
– Meu tio é um pedófilo! E você matou ele! É muita coisa pra processar, meu Deus. – A garota se encolheu no chão e abraçou as próprias pernas. Coloquei a mão na testa, tentando pensar em algo.
– Cara, ninguém pegaria ele. Eu tive que fazer, entendeu? Eu tive. Você precisa entender isso e não pode contar pra ninguém. – Eu falei. Me aproximei dela e me abaixei. – Olha pra mim. – Eu segurei o rosto dela, de forma um pouco bruta, a fazendo olhar para mim. Minha luva tava ensanguentada... E eu sujei a p***a do rosto angelical dela. – Você vai ficar bem. É só você ficar quieta, fingir que não viu nada e seguir sua vida. Você tava dormindo quando tudo aconteceu e pronto. Entendeu? Só precisa ficar aqui no quarto, quieta, eu vou sair pela janela e a polícia vai achar que ele se suicidou.
– EU JÁ ENTENDI! – Ela berrou e empurrou minha mão para longe do rosto dela. – Você colocou sangue desse imundo no meu rosto, caramba... Que nojo!
A garota se levantou e foi caminhando até o banheiro do quarto onde estávamos. Lavou o rosto e eu tirei as luvas. Lembrei-me da mochila no andar de baixo e olhei o relógio: apenas dez minutos até a família do Brian chegar.
Corri até o andar de baixo, coloquei minhas luvas pretas, guardei as luvas de médico e peguei minhas coisas, fechando a janela por onde entrei. Quando subi, não encontrei a garota loira. Procurei no quarto e no banheiro e nada dela. Senti que as coisas saíram do meu controle e comecei a sufocar... Até que senti algo acertar minha cabeça.
Quando acordei, eu estava em algum lugar que não conhecia, amarrada nos braços e pernas junto com a minha mochila.
– Onde eu tô? – Falei. Vi a garota loira angelical me olhando com raiva. Merda, eu devia ter matado ela, sabia disso. Mas não fiz. Eu sou muito i*****l.
– Onde você tá? No inferno, querida. – Ela disse. Girei meus olhos. – Relaxa, eu te tranquei no meu closet. Fica quieta... Você vai me contar tudo que eu quiser saber. Você não manda mais aqui, Bindy, eu que mando. – Comecei a gargalhar.
– Você sabe que se eu gritar todo mundo ouve, né?
– Se você gritar eu conto o que eu vi. – Ela retrucou. p***a de garota bonita e esperta.
– O que você quer, menina? – Questionei. – Que horas são?
– Minha tia me mandou mensagem que trará pizza. Ela vai demorar mais do que você pensou. Eu quero saber como você descobriu isso... Do meu tio. – Ela respirou fundo e se sentou na minha frente.
– Fácil. Fiquei de olho nele por um tempo... Ele se entregou sozinho.
– Eu prometo não contar a ninguém. Mas tem uma condição... – Eu já estava praticamente solta da amarra porca que a garota havia feito, mas quis ouvir.
– Diga.
– Você não me mata, e me ajuda a... Me vingar de uma pessoa. O marido da minha mãe... Bom, ele fez algo comigo. – Fechei meus olhos por alguns instantes.
Quando coloquei minhas mãos pra frente, soltas, ela arregalou os olhos. Eu peguei minha mochila e coloquei nas costas.
– Eu te ajudo. Se você falar algo para alguém, eu te mato. Vamos combinar dessa forma, tá bom, loirinha? – Pisquei um dos meus olhos pra ela e a empurrei para o lado, afim de sair do closet minúsculo dela.
– Bindy, me ajuda, por favor... Minha mãe não acreditou em mim e me tirou de casa. É só por isso que eu tô aqui... – Vi os olhos da garota marejarem.
– Eu preciso ir, menina. Eu te deixo viva e te ajudo... Mas você finge que não me conhece. Se eu precisar falar com você, vou te procurar. Não venha atrás de mim... O processo de... Bom, disso que eu fiz, demora um pouco, entendeu?
– Eu entendi. Meu nome é Andie. – Girei os olhos.
– Já sei seu nome. Não me procure, e agora eu preciso cair fora. Fique aqui... Se não vai sobrar pra você.
Eu olhei pela janela do quarto onde eu estava com ela e já sabia como sair. Não demorou muito até eu estar do lado de fora, caminhando tranquilamente na rua pelas sombras.
Eu não conseguia parar de pensar naquela menina. Ela estragou tudo, e se falasse algo, colocaria tudo a perder. Devia tê-la matado, mas isso levantaria suspeitas sobre o suicídio do Brian... Eu precisava resolver isso logo, só não sabia como. Pelo menos ainda.
Na manhã seguinte, fui recebida por meus pais com alegria para o café da manhã. Eles fizeram panquecas. Sim, eu dormi de forma tranquila. Comemos juntos, e meu pai ligou a televisão no jornal local. A morte de Brian estava sendo noticiada como suicídio e eu abri um sorriso.
– Então, ele se matou porque era pedófilo? – Perguntei ao meu pai. Ele balançou a cabeça, concordando comigo enquanto enfiava um pedaço de panqueca na boca.
– E ainda deixou os vídeos expostos, rodando na sala. Uma vergonha. Só fiquei com pena da adolescente que estava na casa... Pelo que meus colegas me falaram, ela encontrou o corpo e ficou muito assustada.
A maldita da loirinha é uma atriz.
– E o que ela disse?
– Bom, ela saiu na rua pedindo ajuda. Disse que estava dormindo... E quando desceu porque tinha ouvido o barulho da TV, se assustou com o que viu. O caso já foi encerrado.
– Que coisa, hein, pai. Coitada da garota. – Falei. Por dentro, estava satisfeita. Ao menos ela não disse nada a ninguém.
– Acho que ela é da sua escola. O nome dela é Andie Belford. – Dei os ombros e fingi que nunca a vi.
– Pode ser, mas não me lembro. Bom, eu tenho que ir pra escola. – Me levantei pegando minha mochila. – Até mais tarde.
– Até, querida.
Cheguei na escola cedo. Eu estava com uma roupa amarela bastante larga. Eu estava satisfeita com meu resultado na noite passada apesar de tudo.