Natasha Rodrigues

Penélope olha desconfiada para o prédio imponente a sua frente. Não era a primeira vez que entraria ali, mas era a primeira vez que tinha sido convidada. Olhou-se novamente no espelho e respirou fundo. Seria muito mais fácil se pudesse entrar pela porta da frente se identificar e ser anunciada e recepcionada por Camila, mas sua situação não permitia tal protocolo. _ Está nervosa? - quis saber Phill. O ponto na sua orelha permitia ouvi-lo perfeitamente, assim como a micro câmera em seus óculos permitia que eles vissem tudo o que se passava ao seu redor. _ Não. - respondendo vendo o uniforme do exército de major que usava estava impecável, nada podia trair sua condição - Estava pensando por que escolheram o nome de Carmem. - olhou mais uma vez a credencial que lhe permitia acesso a qualquer sala e andar. _ Você tem cara de Carmem. - respondeu Kim num sorriso. O sorriso feminino a fez rir. Kimberly era a melhor hacker que já conheceu, tão boa quanto ela. Capaz de invadir qualquer sistema sem ser detectada. Ela podia fazer aparecer e desaparecer qualquer pessoa em questão de minutos. _ Não será a primeira vez que você invade o prédio do FBI. - continuou ela inabalável - Só que desta vez você foi chamada. _ Eu sei. - respondi andando para o prédio. _ Nós sabemos o que Camila quer, esta é a diferença. - começou a dizer Phill parecendo irritado - É muito arriscado e perigoso. Nós devíamos estar na Polinésia a esta ora sem nenhum vestígio nosso na fase desta terra. Estava tudo pronto era só executar. _ Vocês sabem que não são obrigados a entrar comigo nesta. Afinal quem a deve sou eu. Eu tenho que pagar minha dívida. - disse seria. _ Você a esta aborrecendo de novo com este papo. - Kim parecia furiosa com aquela conversa - Pen e da família. Dívida dela e nossa! _ Não e isto que quis dizer. - Phill parecia aborrecido - p***a! A dívida é nossa. Prevendo uma discussão entre os dois entro no prédio e peço silêncio. Para minha alegria sou atendida de pronto. Me identifico para o recepcionista e mostro minhas credenciais, retiro minha arma e coloco tudo numa bandeja e passo pelo detector de metais que apita. Era esperado, retiro o ponto e mostro para o guarda que examina, ao explicar que era um aparelho auditivo ele me devolve sem grandes perguntas. O atendente mais parece interessado em saber meu estado civil. Respondo que sou casada e pego minhas coisas. Assim que entro no elevador respiro aliviada e vou para o último andar. _ Tudo conforme o plano. - os informo fingindo me abaixar para pegar algo na pasta. Todos os elevadores têm câmera - Camila? - pergunto fingindo examinar um papel. _ Pelas câmeras ela ainda está na sala dela. Um super gato vai entrar na sala agora. - informa num sorriso Kim, e posso até ver a cara de desgosto de Phill - Aposto que por este você se apaixonava. - disse ela romântica suspirando. Apenas sorrio. Assim que chego no andar ele está apinhado de gente se movimentando para lá e para cá. Sem ser percebida não tive dificuldade em entrar na sala de conferência. _ Me dê cinco minutos. - pediu a Phill e a Kim. _ Quem é a senhora? - quis saber um soldado assim que entrou - A senhora não tem permissão de entrar nesta sala. _ Temos um problema então. - sorriu. ***************************************************************************************************** Camila olha para o telefone após ficar horas com o secretário geral da segurança. Não tinha escolha, tinha que colocar seu plano em andamento com ou sem Natasha, nem sabia se este era mesmo o seu nome. Já havia-lhe mandado a mensagem a mais de um mês e ainda não tinha recebido resposta. Agora com todos os departamentos envolvidos não tinha mais como voltar atrás. Muitas pessoas dependiam dela e não podia desapontá-las. Olhou para a pasta do agente escolhido e respirou fundo, ele era perfeito para o que tinha planejado. Como se fosse chamado pela sua mente o vejo bater e entrar na minha sala. _ Diretora. - cumprimentou. Camila o olha de cima embaixo. Aos seus quase cinquenta anos já tinha visto todos os tipos de agentes mas aquele era diferente, pois ele tinha algo que faltava em Natasha e vise e verso. Durante todos estes anos seu sexto sentido nunca falhava e este dizia para colocar ele junto a ela, que juntos poriam fogo no mundo se assim fosse preciso para cumprir sua missão. Ambos eram fies, honrados, apaixonados pelo que faziam e moveriam céus e terra para cumprir sua missão, mesmo que isto lhe custasse sua vida. O agente Angnel era um homem bonito e sabia disto, principalmente tirar vantagem disto. Metade das agentes e funcionárias das agencias suspiravam por ele. E Natasha era a mulher mais linda que já viu. Se não fosse tão fria, calculista e perigosa seria uma excelente aquisição para uma das agências. _ Sente-se Angnel. - pediu e foi atendida - O chamei aqui porque temos que mudar nosso planos. Meu contato não deu retorno. Vamos ter uma teleconferência agora com os outros diretores. - o informou - Quer café? _ Não senhora. - respondeu serio sem demostrar nenhuma emoção. _ Vamos então. - chamou se levantando. Assim que saíram para o corredor se deparam com a constante movimentação. Camila gostava daquela movimentação pois sabia que vidas estavam sendo salvas, mas nada parecia acalmar seu estado de espírito no momento. Quando entrou na sala de conferência e fechou a porta, que só se abria com a leitura de uma credencial autorizada e leitura de ótica ficou surpresa, todos os funcionários ali dentro estavam desacordados e uma pessoa havia se sentado numa das cadeiras de costas para eles. Angnel sacou sua arma e colocou a diretora atrás de si. _ Se identifique. - ordenou. _ Não estou a fim. - respondeu uma voz feminina - Eles vão ficar bem. Só não vão se lembrar o que os atingiu. - respondeu num sorriso. _ Identifique-se. - ordenou novamente Angnel irritado. _ Camila, peça seu agente para abaixar a arma. - pediu ela se virando para eles - Foi você que me chamou. Pen estava preparada para tudo, mas não para o homem que a olhava com dureza lhe apontando uma arma. Ele era tão alto quanto Phill, os cabelos eram negros e lisos muito bem cortados, corpo musculoso, e os olhos... olhos azuis como jade que a olhavam com infinito interesse. Aquele homem transpirava perigo, fogo e pecado. Aquela boca então... parecia que tinha sido feita para beijar e pecar. Na atual circunstância não pensaria em nada disto, mas ele era o primeiro homem que a tinha feito perder por alguns minutos seu tempo o avaliando. Ele a atraia e muito! _ Gostou dele não. - Kim riu ao seu ouvido - Vou fazer uma busca facial. _ Abaixe a arma Angnel. - pediu Camila indo ao seu encontro - Pensei que não tinha recebido minha mensagem. - acusou Camila a tirando de seu desvaneio _ Você me pegou no meio de um .... digamos projeto. - escolheu bem as palavras a vendo se sentar e o agente ficar as costas de Camila e de frente para si. - Mas estou aqui agora. Vai cobrar o favor né? - foi direto ao ponto. _ Infelizmente sim. Sente-se Angnel. - pediu e ele atendeu - Tive que recorrer a você. Estou sem opções. Pelo ponto de ouvido ouve o relatório sobre a vida do agente Angnel que Kim lhe passou. _ Diga o que quer. - Pen pediu e se arrependeu de olhar para o agente que a olhava fixamente. _ Natasha Rodrigues. - respondeu sem titubear - Preciso dos contatos dos Ortega. Sabemos que ele guarda tudo em uma agenda que ele chama de bíblia. Ela está guardada no cofre na casa da família. Só de ouvir aquele nome novamente sentiu náuseas. Se perguntava quando isto ia acabar, pois ao mencionar aquele nome a fazia voltar ao passado de quase quatro anos atrás e lembrar de tudo que fez. Principalmente da morte de seus pais, que ainda lutava para esquecer. Parecia que nunca ia ter fim aquele tormento. _ Já faz quase quatro anos Camila. - disse olhando para o teto. _ Eu sei. - pegou uma pasta e espalhou várias fotos sobre a mesa a frente dela - Todos nossos agentes. Pen examinou uma a uma e reconheceu o trabalho de Pedro. Todos os agentes foram torturados e estripados de uma maneira que só ele sabia fazer. _ Conhece a assinatura? - vendo ela afirmar continuou - Sei que o cartel Ortega está trazendo uma grande quantidade de drogas para cá. Estão armando uma grande quantidade de gangues com todo tipo de arma e policiais estão morrendo dia após dia. Precisamos pegar a bíblia deles. Pen sabia muito bem como Ramiro pensava. Ele não confiava em computadores que poderiam ser invadidos, mas anotava tudo meticulosamente. _ Isto não tem nada a ver com a fuga espetacular de Iago Ortega de uma das mais bem guardadas prisões de vocês ne?! - sorriu lhe devolvendo as fotos. Camila respirou fundo exasperada. _ Isto também é claro. - confirmou irritada - Foi um vexame mundial. - admitiu - Pelo visto já está a par de muitas coisas. _ Fiz meu dever de casa Camila. Nesta minha profissão se antecipar garante o meu pescoço no lugar. - sorri confiante - Sei o que você quer de mim. Mas não estou na ativa a muito tempo. Sei que Ramires me procura a muito tempo, mas não tenho interesse nenhum em reencontrá-lo. Mas voltando ao assunto tenho que lembrá-la que me desliguei, lembra? _ Você me deve a sua vida. - disse dura - Você se desligou porque alcançou o seu objetivo de vingança. - se levantou da cadeira e a encarou - Você se preparou. Estudou família por família, cartel por cartel, homem por homem... Conhece cada um melhor que eles mesmos. - seus olhos brilhavam de raiva. _ Isto vai muito além, você sabe. - a encarou - Você conheceu no que me transformei. Durou anos para me livrar... dela. _ Você teve sua vingança pela morte de seus pais. - a lembrou Camila fazendo-a ficar seria - O que lhe peço e vingança pelos filhos deles. - jogou as fotos na mesa de novo. - Quero que estes desgraçados paguem. Pen respirou fundo e olhou novamente as fotos enquanto Camila andava pela sala irritada. _ Tudo bem. - aceitou por fim - Mas o que você tem em mente? E o que ele... - apontou para o agente - ... tem a ver com isto? Gostou ao vê-lo se mexer desconfortável na cadeira. _ Vocês vão trabalhar juntos. Sabemos que Ramires é louco por você e não vai deixá-la agir se estiver tentando seduzi-la a todo momento. Por isto Angnel será seu namorado ou noivo como você quiser. - a informou. _ Nem pensar. - Pen quase gritou se levantando - Trabalho sozinha. _ Como você já disse não trabalha mais com nenhuma agência, preciso de alguém meu lá. - Camila argumentou - Terá todo o apoio e material necessário, mas preciso de alguém da minha agência lá. _ Ela te pegou. - riu Kim novamente - Ele será um par perfeito para você, mesmo de mentirinha. Um noivo. - sentenciou ela para o meu desespero - Vou fazer os arranjos necessários. Camila continuava a falar e eu encarava o homem a minha frente furiosa, neste ponto Camila discursava sobre as missões que o agente Angnel trabalhou. Também lhe informava sobre os Ortega, coisas que já sabia. _ Sabe sobre mim? - Pen perguntou ao agente que a olhava com interesse. Até aquele momento não o ouviu falar nada mais. _ O que sei e que é uma informante. Que devo trabalhar junto a você. - lhe respondeu Angnel. Pen gostou da voz sexy e rouca dele. _ Uma informante! - Pen olhou para Camila estupefata - Camila! _ Era o que ele precisava saber no momento. - respondeu ela tranquila, vendo a chamada na tela ligou o transmissor aparecendo na tela o secretário da justiça e da Interpol - Senhores boa tarde. _ Boa tarde senhora diretora. - ambos a cumprimentaram. _ Informo que nossa operação para desmantelar o cartel Ortega terá início. - os informou seria. _ Quer dizer que conseguiu que Natasha colabore. - disse o diretor da Interpol. _ Sim ela conseguiu minha colaboração. - Pen se apresentou a eles - Mas seguiremos meu plano sob a supervisão de Camila. Não quero interferência de vocês. Será do meu modo ou estou fora. _ O que tem em mente? - quis saber o secretário da segurança. _ Primeiro os meus termos para ajudá-los. Camila a olhou surpresa. _ Quero uma equipe pronta com os nomes que vou lhes passar. Não quero substituições, são eles e pronto. Sei que cada agência tem uma verba de dez milhões para assuntos prioritários e este e um destes senhores. - sorriu - Quero cinquenta milhões na conta que foi enviado para o e-mail de vocês agora. _ Isto e um assalto. - gritou o diretor da Interpol do outro lado. _ O cartel dos Ortega ganha dez milhões por mês com contrabando de drogas, armas e pessoas. - riu e continuou - Farei contato assim que possível para dar nossas coordenadas para podermos agir. Também quero três identidades novas em qualquer lugar que eu queira. Também a minha ficha e de meus companheiro limpos. Estou no comando desta operação e não quero erros ou vazamento. As informações aqui discutidas não podem sair desta sala. Vocês não têm autorização para discutir isto nem com o seu cachorro. E pegar ou largar. _ Diretora Montenegro. - disse o secretário possesso. _ Secretario eu aconselho aceitar seus termos. - disse Camila tentando manter a serenidade - Perdemos muitos agentes tentando infiltrá-los. Não sei quanto ao senhor mas estou cansada de ligar para famílias dizendo sobre as mortes, caixões fechados e enterros. Houve um momento de silencio que pareciam horas. _ Se acha tão mortal assim Natasha? - a perguntou o diretor da Interpol sorrindo. _ Me acho sim diretor Dwayne Carson. - sorriu de volta - Sei tudo ao seu respeito. Onde mora, onde gosta de pescar, passar as férias com seus filhos e netos... - viu o ar de presunção desaparecer do olhar dele -... sei quanto tem na conta... Sei que sua esposa Alice tem diabete e vai a cada quinze dias no hospital. Até sobre seus dálmatas d**k e Lili. Sei tudo sobre a vida de vocês. - olhou para cada um na sala e sorriu - De cada um de vocês. Por isto não brinquem comigo. Se algo vazar eu vou saber e vou atrás do delator. - prometeu. - Mas para provar o que digo vou dar uma demonstração para que pensem. A sala que vocês estão e blindada e com a parede reforçada. - houve um disparo que ultrapassou o vidro blindado da sala dos diretores que os deixaram assombrados - Isto é um lembrete. Nem precisam procurar a arma. - sorriu - Não vão achar. Pensem nisto. - desligou a transmissão. _ Você é louca! - gritou Camila com Pen - Você atirou no secretário da justiça e no diretor da Interpol. _ Foi só um incentivo. - se virou para Angnel - Eles vão aceitar. Não se preocupe. _ Você os ameaçou. Droga! - Camila parecia fora de si. _ E a você também. A gente me dê sua arma? - Pen lhe pediu estendendo a mão - Sua arma agente. Eu estou no comando. _ Ainda não temos uma missão. - rebateu ele tentando se manter distante da discussão. _ Camila. - chamou Pen irritada indicando. _ Entregue a arma é o que ela precisar Angnel. - pediu Camila ainda transtornada com que aconteceu - Que arma você usou? _ Uma Glock. - Pen sorriu examinando a arma do agente e ignorando a pergunta de Camila - Uma ótima arma. - começou a desmontá-la e colocou dentro de um saco - Preciso de sua carteira, cartão de crédito, celular, credenciais... Tudo que o identifique. Respirando fundo resignado entregou tudo a ela que também colocou num saco. _ Quando tudo isto terminar eu devolvo. - o informou fechando a pasta com cuidado - Camile avise e tranquiliza a família do agente Angnel. A partir de agora ele ficara comigo. _ Mas diretora... - começou a dizer Angnel mas parou ao ver o sorriso daquela mulher. _ Sim agente Angnel? - Camila o olhou confusa - Eu falo com sua família. - se comprometeu ainda confusa. _ Já cancelei sua reserva agente. - Pen o informou indo para porta - E uma pena. A comida lá e excelente! - abriu a porta vendo os rapazes começarem a recobrar o consciente - Camila entro em contato daqui a quatro dias. Se o dinheiro não tiver depositado cancelo nossa missão e devolvo seu agente. Vamos logo agente. - saiu. _ Vá atrás dela. - ordenou Camila a Angnel. Furioso quase correu atrás da mulher que agora era sua parceira nesta missão. Pen podia sentir a fúria emanar do corpo do agente que caminhava ao seu lado. Não podia culpá-lo, também não estava satisfeita com aquele arranjo. Mas teriam que saber lidar um com o outro se queriam pegar todos os Ortega. Assim que chegaram ao seu carro retirou o paletó grosso que fazia parte de seu disfarce e soltou os cabelos. Um brilho surgiu nos olhos de Angnel que a fez ficar em alerta. _ Gosta de carros? - o perguntou assim que entraram em seu Porsche Panam era preto. Carros caros e velozes eram um dos poucos prazeres que tinha e se permitia usufruir. _ Sim. - respondeu serio colocando os óculos escuros e olhando para frente. Pen sorriu pegando algo no paletó. Sem dar aviso aplicou uma injeção na perna de Angnel que soltou um grito surpreso. _ O que você me deu? - quis saber se sentindo zonzo. _ Algo para você dormir. - guardou a injeção - Não se preocupe quando você acordar deveremos ter chegado. Kim. - chamou colocando o carro em movimento. _ Na escuta. - ouvi ela falar e pelo jeito estava estava comendo. Nos últimos dias Kim estava com o péssimo hábito de comer descontroladamente. Ela não comia pouco, parecia um estivador. Mas a situação havia piorado. _ Preciso de roupas e sapatos para nosso convidado. - pediu observando que o agente agora dormia tranquilamente - Avise a Phill que teremos convidado. - amou quando uma mexa de cabelo caiu em sua testa, deixando-o com ar de garoto. _ Este homem e um sonho. Pena que já sou casada. - Kim suspirou a fazendo rir. _ Pare de sonhar. Temos que arrumar uma história para ele e para mim. _ Já estou trabalhando nisto. Quando chegar já teremos algo. - prometeu Kim. _ Beleza. - tirou o óculos e guardou - Daqui algumas horas estou chegando. Tchau. Pen olhou para o agente e suspirou. Tinha que arrumar uma maneira de se manter afastada.