Narrado por Murilo Ferreira O Corolla blindado cortava a madrugada feito navalha. O motor roncava baixo, mas dentro... era silêncio de velório. O cara que a gente arrastou tava no banco do passageiro, com a mão amarrada e a alma pela metade. Pulga dirigia. Eu ia no banco de trás. O fuzil encostado na perna. Os olhos cravados na nuca do infeliz. — “Rua 9, casa 47. Jardim Colonial.” — ele sussurrou. — “Ela mora sozinha. Mas ele tá lá hoje. Eu vi o carro... o Corolla prata. Tava na garagem.” Pulga trocou o olhar comigo pelo retrovisor. — “Chegamo.” Descemos como sombra. Faísca e Gargalo tomaram conta do quarteirão. Neguim ficou de cobertura, com o fuzil apontado pra entrada da rua. Puxei o cara pela gola da camisa. Arrastei até o muro. — “Sobe.” — “Quê?” — “Sobe, p***a. Me mostra a j

