MARIA
O poder está nas minhas mãos. Nelas está a possibilidade de fazer tudo parar, que a dor pare e eu consiga... Uma pontada, uma lágrima e tudo flui me libertando daquela pressão que me afogava a cada respiração.
E sem o véu deprimente dos momentos ruins, vem à tona o brilho purificador dos momentos em que a felicidade era dada como certa, e com um tímido sorriso nos lábios trêmulos, dou-me conta do erro que acabei de cometer...
O medo toma conta de mim. Eu quero voltar, mas é tarde demais, tarde demais até para gritar. E quando a escuridão toma conta de tudo, uma batida do meu coração contra o meu peito me assusta.
— M*alditos pesadelos e m*aldito Pablo. penso enquanto tento recuperar o fôlego e os batimentos cardíacos para me afastar da ameaça de um ataque cardíaco que acabei de sofrer.
Desde que o filho da pu*ta do Pablo voltou à minha vida, parei de dormir fácil. Os pesadelos voltaram depois de anos sem eles, e não só isso... Inseguranças, medos e memórias me perseguem, sussurrando no meu ouvido mesmo depois da Maria 2.0, que demorei tanto para criar.
Mer*da, eu protesto, me jogando de volta na cama e puxando o lençol branco até a minha cabeça sobre o meu corpo nu.
— Uhm, isso cheira bem.
Aquela mistura salgada do mar com o aroma doce da papaia que acabou de ser cortado. Então me lembro que a minha casa não cheira tão bem e os lençóis não são tão macios e delicados.
Lentamente, descubro os olhos e vejo um ventilador de mogno girando silenciosamente e movendo as cortinas de luz da cama de dossel em que estou deitada.
— Onde dia*bos estou?
O meu cérebro está trabalhando com serviços mínimos e está demorando mais do que o normal para lembrar que estou do outro lado do mundo aproveitando alguns dias de férias, cortesia da minha amiga Melissa e o seu casamento com o gato loiro Cameron.
Alívio… Assim que me dou conta de todos os quilômetros que me separam de Pablo, sinto que estou tirando aqueles vinte quilos que teria que perder para não ter que usar um plus size.
Mas esse alívio dura apenas milésimos de segundos. Um braço musculoso envolve a minha cintura, puxando-me contra um peito igualmente musculoso, e antes que eu possa reagir, uma protuberância, dura como mármore, pulsa contra o meu traseiro dizendo "bom dia".
— Por*ra, o idi*ota!
Ontem à noite, no final da recepção do casamento, tenho vagas lembranças de Anthony, e de como, enquanto ele mostrava as instalações da cozinha do seu restaurante, comeu a minha boca contra as portas da geladeira industrial.
Primeiro, desfrutei de uma visita guiada às cabines do resort e à resistência das suas paredes que resistiram a cada golpe poderoso desse grande colombiano, que agora beija o meu ombro enquanto continua a se esfregar no meu corpo.
Então, enquanto os noivos estavam na sessão de fotos, ele achou necessário que eu descobrisse por mim mesmo como a acústica dos banhos turcos no spa do hotel era perfeita para meus gemidos serem amplificados.
Não tinha planejado passar a noite com ele, ainda mais quando é uma das regras que me imponho com as minhas paqueras: Depois da fo*da, cada um vai para sua casa. Ou no caso, cada um vai para sua cabine. Mas ultimamente eu não conseguia seguir nenhuma das minhas regras, e que graças a elas eu me tornei a mulher que sou hoje e da qual me orgulho muito.
Sem dúvida foi culpa do Enzo, meu ex que passou o dia todo ontem me julgando a distância. Isso não me ajudou.
E aquele Pablo também não parava de me bombardear com mensagens e ligações, só conseguia turvar ainda mais o meu julgamento. Então acabei na cabine de Anthony, dando a ele a honra de me fazer ter orgasmo após orgasmo a noite toda.
Achei que seria uma boa maneira de inundar o meu corpo com aquelas endorfinas que me fariam esquecer o caos que a minha vida havia se tornado. Apesar de ver como os meus pensamentos viajam de um lugar para outro com os meus dois ex como protagonistas, fica claro que não tenho hormônio da felicidade suficiente correndo nas minhas veias.
Sem sequer dizer bom dia, eu me viro e afundo minhas unhas no cabelo preto de Anthony, mordendo o lóbulo da sua orelha fazendo um gemido encher o seu peito.
Com a ponta da minha língua eu traço o contorno da sua mandíbula e lentamente traço uma trilha de beijos molhados pelo pescoço até o peito bronzeado. O metal frio dos piercings, perfurando os meus m*****s, enviam pequenos arrepios de antecipação pela minha pele quente.
Sem tirar a minha boca dos seus peitorais definidos, eu o empurro, forçando-o a ficar de costas. Sento-me nos seus quadris e uno os nossos corpos numa carícia profunda que nos faz suspirar em uníssono.
Depois de me ajustar à sua espessura, começo a torturá-lo com movimentos que conseguem obscurecer os seus sentidos. Eu brinco com o seu autocontrole, arranhando com os meus dentes os pequenos anéis dos seus m*****s e puxando-os suavemente. Primeiro um e depois outro, conseguindo exatamente o que procurava.
Anthony abruptamente levanta os seus quadris me levando diretamente para o paraíso do prazer.
Suados e saciados, acabamos enredados numa confusão de pernas e braços tentando recuperar o fôlego.
— Deus! Eu me sinto tão bem!
Nada como uma boa maratona de s*x*o para colocar tudo no seu devido lugar.
E eu ainda estaria lá, na minha nuvem pós-coito, se Anthony não tivesse decidido abrir a boca.
— Que mania alguns homens têm de puxar conversa depois do se*xo!
— Beleza, quais são seus planos para hoje?
Ops...! Alarmes vermelhos começam a soar por toda o quarto. Como uma mola, me levanto e começo a procurar as minhas roupas espalhadas pelo chão.
— Olha, eu tenho muitos planos, mas nenhum com você.
— É a sua amigo, certo? Melissa não gosta de mim.
— Vamos lá, não seja um idi*ota. Eu solto enquanto estou amarrando meu vestido
— Está vendo, é por causa dela...
Eu suspiro, cansada, revirando os olhos para o teto enquanto tento arrumar os meus p****s para ficarem dentro do bojo do meu sutiã.
— Olha, Anthony. Começo a dizer com a pouca paciência que tenho pela manhã.
— Melissa achar que você é um completo idi*ota tem pouco ou nada a ver com eu querer ir embora depois de transarmos. Eu só tenho outras coisas para fazer. Foi divertido, nos divertimos e blá blá blá…
A sua risada rouca enche o quarto e ele se levanta alegremente da cama ostentando um corpo esculpido pelos deuses. Alguma parte da sua anatomia despertou, e ele cambaleia enquanto caminha na minha direção.
Instintivamente, eu passo a língua nos meus lábios, querendo sentir a sua suavidade na minha boca novamente, e antes de ceder aos meus instintos mais básicos novamente, o meu telefone vibra com uma mensagem de w******p após a outra.
Sem olhar eu sei quem é. Melissa tem o m*aldito hábito de enviar trezentas mensagens para dizer qualquer coisa.
É a típica pessoa que manda um para cada palavra. E como esperado, ela não vai partir em lua de mel sem falar comigo primeiro.
Deixo Anthony acariciar o meu decote enquanto ele se aninha no meu pescoço, tentando me convencer a passar mais alguns segundos com ele. Atraída pelo calor que o seu corpo emite, sigo o sulco do seu abdômen com a ponta do dedo até que a espessura dilatada da sua ereção queima a palma da minha mão.
Ele sussurra ainda no meu ouvido e eu sorrio para mim mesma. O poder é meu... Sempre meu.
Os rapazes deixaram de ser um mistério para mim há muito tempo e sei onde tocar, o que sussurrar e, acima de tudo, sei aproveitar o imenso potencial que escondo na minha figura voluptuosa.
Não tenho as supostas medidas perfeitas. 36-38-40 não é feito para mim, mas posso atear fogo com um olhar e já vi homens chorarem desesperados para deixá-los lamber cada curva do meu corpo. A questão não está nas armas que você tem, mas em saber o que fazer com elas...
E eu sei fazer tudo.
Atitude é a única coisa necessária na vida e isso eu tenho de sobra.
Com movimentos firmes e confiantes faço este grande homem tremer enquanto me segura nos seus braços.
— Bella, fique mais um pouco. Não vá ainda. Ele implora entre suspiros.
— Seria injusto monopolizar você por mais tempo. Eu tenho que ir e tenho certeza que você encontrará alguém para cuidar desse enorme problema. Eu ronrono, apertando a base de seu m****o levemente.
— Você vai me deixar assim? Ele pergunta, incrédulo, enquanto continua a lamber a pele do meu pescoço até chegar ao generoso montículo dos meus se*ios. — Você quer assim como eu...
— Talvez sim, ou talvez não. Eu sorrio, levantando a cabeça dele.
— Pena que não temos tempo para conferir.
Relutantemente, eu me afasto do seu peito cheio e pisco para ele antes de colocar os meus óculos de sol. Ainda não saí pela porta da varanda, que dá acesso direto à praia, quando me arrasto de volta para seus braços.
— Em algumas semanas estarei em Madrid, diga-me que nos veremos. Eu preciso estar com você de novo.
— Calma, papai. Eu retruco para ele. — Nós nos divertimos e é isso. Mas não gosto de compromissos. Vamos deixar que o destino se encarregue de decidir se você e eu teremos outro encontro tão intenso quanto esse.
Eu beijo a sua bochecha deixando-o querendo mais e saio da cabana a caminho da tortura que me espera.
É hora de contar a Melissa o que venho escondendo dela há semanas.
Temo que, ao reconhecer em voz alta, todos os sentimentos que me recuso a aceitar me invadam, fazendo-me sentir pequena e vulnerável novamente.
Não quero lembrar o que não devo sentir. Não quero admitir que ainda sinto falta dele. Muito menos aceitar que ainda preciso disso.