Coloquei as coisas na bolsa e me virei diante a minha sala, vendo o lugar vazio, me aproximei do sofá e me sentei, triste e sozinha, lembrando da última vez que estávamos juntos nesse sofá, transando que nem dois cachorros, sem pensar em problemas, bem, no caso eu, certamente aquele i****a apenas pensava em como eu erra burra e em como enganar a esposa.
Eu devia ter ficado esperta, me levanto, quero apagar Scott da minha cabeça, quero apagar aquele rosto da minha cabeça e cada sensação que ele fez, mas parece que dessa vez está mais difícil, nem meu relacionamento de cinco anos foi tão complicado assim, qual era a dificuldade de esquecer um cara que eu me envolvi em semanas?
Era amor de carência pós termino?
Nem sabia se isso existia.
Na verdade eu nunca quis saber da existência de ex ou algo o tipo, embora também ache que se não tem filho ou nada que comprove a relação, não é ex, se falarem que é, finge que não conhece e não passa vergonha.
Não tem nada pior que ser apontada na rua e ser conhecida como ex ou, pior, amante de fulano.
Inferno.
Escuto o barulho da porta e então me levanto.
- Eu já estava indo Roman, não precisava - Me aproximo da porta e abro, paro no meio do caminho e tento fechar com tudo, o rosto dele está diante mim e só quero fechar a maldita da porta, Scott coloca a mão na frente e depois o pé.
- Que p***a está acontecendo com você? Não atende minhas ligações, some do nada e agora me evita como se eu fosse uma doença contagiosa? - Eu Penso se ele sabe se eu sei, mas parece que não, respiro fundo e tento fechar a porta. - Você quer me machucar, Ranya?
Eu paro de tentar fechar a porta, então encaro ele, que me olha, vejo uma preocupação, vejo algo diferente do que eu pensava, parece na saber mesmo ou nem ligar se eu sabia ou não.
- Como você pode? Você tem algum problema na sua cabeça cara? - A minha voz sai alta e então eu abro a porta, fico na frente dele.
- Do que está falando?
- Pare de ser ridículo, eu já sei da m***a toda, eu fui visitar você, mas encontrei o que você não me falou caramba, você me colocou no pior papel Scott, você terminou de f***r com a minha cabeça!
A voz está alta e eu quero gritar com ele, quero liberar a raiva que sinto e até a mágoa que estou dele ter me iludido dessa forma.
- Pelo amor de Deus, eu cheguei de viajem hoje, faz três dias que você não fala comigo, estava a ponto de ir atrás do seu irmão pra saber se você estava bem.
- Eu estou ótima, não graças a você, seu grande m***a! - Ele balança a cabeça, como se fosse um ator e não soubesse o que havia acontecido. - Você mentiu pra mim, mentiu e agora vai sumir daqui, não quero ver você, Scott, você me fez acreditar que ainda dava pra confiar em algum homem, mas eu acabei descobrindo tudo, você me deixou como um lixo, eu não queria ter compactuando com isso, você mentiu pra mim. Você traiu minha confiança!
Quando eu paro de falar estou ofegante e com os olhos ardendo, tanto que o choro desse livre, bem ali, na frente dele, me mostrando na minha maior fraqueza de agora.
Antes que eu possa responder, sinto dois braços me puxando e me apertando em um abraço, está quente e eu me sinto no céu, mesmo sabendo que aqui nesse aperto não tem o céu.
Choro de soluçar, quando acabo, eu ergo o olhar pra ele, ele está parado, me encarando.
- Ranya, o que aconteceu?
A voz dele é calma, como daqueles psicólogos centrados na sessão, aquele tipo que faz seu trabalho muito bem, daquele calmo e passivo, que não altera a voz pra nada.
Ele não sabia o que eu sabia, eu não sabia agora como falar, tudo aquilo estava engasgado, então eu o empurrei para longe, vi ele estranhar minha atitude, mas ficar parado, sem nem pensar em ir embora.
- Eu sei que você é casado - Observo a expressão dele, a forma que ele me encara e pisca algumas vezes, como se não esperava as minhas palavras.
- Ranya - Ele coloca a mão no quadril, antes de se virar e andar de um lado para o outro, erguer a mão e passar entre os fios preto do cabelo dele.
- Pode me dizer, eu sou forte.
- Você está me evitando, fez isso agora, por que acha que eu sou casado?
Ele perguntando isso parece tão absurdo. Até pra mim foi quando eu vi a esposa dele.
- Eu conheci sua esposa - Ele balança a cabeça e para de andar. - Eu conheci o seu filho! Você tem um filho, p***a! Quando pensava em me contar? No terceiro encontro da série: como enganar uma i****a?
- Não, não caramba! Eu não sou casado.
Ele se aproxima do sofá e se senta, abaixando a cabeça e fixando em silêncio.
Eu não sei se falo para ele sair e nunca mais me procurar, o que vejo é esta claro para mim e ele tentando negar as coisas, eu não esperava isso dele, não esperava ele fazendo essa p***a.
Não dava pra acreditar.
- Eu estava de saída quando você chegou - Falo.
Ele ergue o olhar. Os olhos de Scott estão mais escuro e percebo o quanto a mandíbula está tensa.
- Eu tenho um filho - Eu me aproximo do outro sofá e me sento. - Ele chama-se Theo, ele tem cinco anos, você deve ter conhecido a mãe dele, que está na cidade e está na minha casa, na qual você deve ter ido pensando que eu estaria - Scott suspira fundo. - Eu sou separado daquela mulher faz exatos quatro anos, eu já mencionei que fui casado, muito bem, você conheceu a minha ex-mulher, que me deu Theo. Mas eu, prometo pra você, desde o dia que eu assinei o maldito papel que falava que não éramos casados e não tínhamos nada, junto com a guarda do meu filho, eu nunca tive mais nada com ela, nem beijo no rosto.
Me encosto no sofá, fico parada, parece não fazer sentido o que ele me fala, parece que ele ainda tenta me levar na conversa e naquela história.
- Ela disse com todas as letras que era sua mulher - Ele suspirou fundo.
- Preciso que acredite em mim e confie, da mesma forma que antes Ranya, eu não tenho intenção de mentir pra você, de fazer você acreditar que eu sou casado, quando não sou.
Fico de pé e ele me acompanha, minha cabeça parece rodar sem parar, então caio sentada novamente e fico parada.
Vejo ele se aproximar e se abaixar diante mim, o rosto está próximo e quero acreditar nele, mas parece que tenho um muro bem diante mim, algo que não deixa eu pensar ou fazer nada agora, nem mesmo, acreditar.
- Melhor você ir - Tomo uma decisão, com o coração apertado e doendo, com a cabeça rodando pra falar com ele e voltar as coisas como era.
- Eu sei o que está acontecendo com você, você é minha, eu te conheço, eu sei também como vou fazer você voltar pra mim.
- Voltar pra você? Não me faça rir - Encaro ele, com raiva daquela confusão. - Aliás, não sou sua, nunca fui.
Ele fica de pé.
- Vamos ver se não é - Ele dá as costas, se movendo da sala pra porta, fechando ela, indo embora.
Eu fico parada, como se eu não soubesse o que fazer.
Meu coração parece bater rápido e forte.
- Infeliz!