Scott era um maluco obcecado em mandar flores, como da última vez, só que agora ele está passando dos limites, meu irmão está ao meu lado, na entrada da agência, vendo uma banda tocar uma melodia melosa depois de cantar músicas do alto escalão, do tipo que não fez m***a, mas sabe que tem coisa r**m no ar.
Nesse exato momento não sei se falo que está bom, que acredito nele, depois de anunciar na Internet, rápido e até em um balão de gaz no céu, eu oficialmente sei que Scott é solteiro e acaba de me convencer isso.
Céus, só faltava ele mandar alguém escrever isso na lua.
Além de flores e surpresas ao longo do dia, dentro do bolso do meu casaco, havia um anel lindo de ouro branco com uma pedra brilhante, com um endereço, de uma praça, perto do restaurante que ele havia me levado, havia um horário também, mas eu não sabia se era um convite ou intimação, se era um pedido ou algo do tipo.
Eu nunca pensei que estaria passado por isso, mas agora eu sabia de mais coisas sobre ele, não era tão r**m, apenas constrangedor pelas circunstâncias, mas me perguntava o que mais eu iria descobrir, eu esperava qualquer coisa, até a morte de Kennedy.
Agora eu também havia feito uma nota mental de espremer cada coisa dele, saber quem estava por traz dele, a história até ali, não iria aceitar partes cortadas e nem boicote, não, não era admissível.
Além disso, agora ele entrava na lista de caras com filhos, mesmo antes do embuste do ex, eu nunca me relacionei com alguém que tinha um filho, nada, nem mesmo as pessoas próximas tinham crianças.
Era meio assustador não saber como me encaixar caso eu decida algo com ele, havia também a questão da ex-esposa dele, a mulher não fazia o tipo clara e objetivo, me perguntava se ela fez aquilo de propósito, se passar pela mulher dele ou só foi mesmo um erro de comunicação, atitudes assim poderia mostras já um comportamento, mesmo eu lembrando dele falando que depois do divórcio não tiveram nada.
Uma criança pequena e carismática ligava os dois.
Eles já haviam sido casados.
Tinha um laço para o resto da vida.
Não dava para não pensar que as vezes eles se pegavam ou algo do tipo, não sei se confio, as vezes o que me aconteceu por último atrapalhe na minha confiança agora, mas isso me deixa mais cautelosa, embora também me prive de escolhas rápidas, visto que penso agora duas vezes mais que antes.
Isso é assustador.
Há também aquela história de sempre pai e mãe separados tem recaídas em algum momento.
Pensar em um relacionamento assim complica, as vezes tudo se torna um inferno também, a garota pode não aceitar o novo relacionamento, ainda mais se eu não sei se depois dela havia tido outra garota assumida ou com história, se ela era tranquila ou agitada com os relacionamentos de Scott.
Mas eu sabia que ela havia traído ele, ele já havia comentado sobre, saia que era ela por ser o único casamento dele.
Vendo a beleza dela confirmo que ela é o tipo da grande maioria dos homens.
Scott também tinha um filho, as vezes não era somente a aceitação dele, mas do garoto, dava pra lembrar do rosto dele, da forma devagar que ele se mexeu aquele dia, cauteloso e até educado.
Mas na prática poderia mudar.
- Ranya, você devia arrumar coisas assim mais veja, me pouparia bastante com a ala antistress da agência.
Empurro ele, que se mexe.
- Pare com isso, eu vou fazer isso parar.
- Eu escutei de manhã, quando chegou a terceira remessa de doce e flor, sabe, se a gente falir podemos vender os seus chocolates, o que me diz?
O desgraçado também sabia o que eu gostava, não só de chocolate ou flores, ele sabia o tipo de música, de arte e até movimento, isso por tão pouco de convivência, sabendo que eu não sei tanto, me deixando fritada nas ideias e pensando em não ir no endereço, apenas entregar pra ele o anel e me despedir.
Mas não consigo, a visita dele no meu apartamento rodeiam minha cabeça e me fazem querer ir, escutar ele mais uma vez, ouvir, até tocar se pudesse, mas estar com ele.
Coração gritava pra ir, a cabeça dizia que era problema que poderia achar alguém mais fácil.
Mas advinha quem estava mais aceito a ser escutado?
Não dá para explicar, mas é isso.
- Não tenho nada pra dizer - Vejo os músicos começarem mais uma música, tenho vontade de atirar alguma coisa neles, para que possam deixar a agência em paz, não me constranger ou nada do tipo.
- Curioso pra saber que é o cara por trás de Scott, deve estar na mesma que a sua ou apenas sabe que a cagada foi grande.
- Ele já explicou.
- Ele não foi sincero desde o começo, poxa, o cara tem um filho, uma parte importante dele, isso é o mínimo, quando o cara tem filho, ele fala nome, idade e a descrição, junto deve vir incluso, dá mesma forma que a mulher, assim a pessoa entra sabendo das coisas, tanto presente como no passado. Isso não vem com manual Ranya, mas vem com boca, ombro e ouvidos, lamento, ele errou ai.
- Acha que devo ir encontrar ele?
Ele dá um balançar de cabeça.
- Eu vou encontrar ele a noite.
Meu irmão me encara, parece analisar e até debater a ideia com ele mesmo, sobre o certo e errado da coisa toda, mas ele vai fazer o de sempre.
Balançar a cabeça e falar o que sempre fala.
- Toma cuidado e não deixe ele machucar você, se ele fazer isso, bem, posso esquecer que ele é nosso cliente também. Bater nele nesse caso também não parece r**m também.
- Não vai precisar fazer nada.
- Não é possível que esse cara sacaneou comigo e quer continuar.
- Pelo menos passar vergonha ele quer - Roman ri, de forma debochada.
Eu trato de dispensar os caras e fico pensando o que vem agora ou se parou pelo horário, se ele vai falar algo somente no ponto de encontro, no horário marcado.
- Não posso fugir.
- Sabe irmã, eu sempre fui sincero com as garotas que saíram comigo ou tiveram algo, mas eu sempre deixei claro minha vida e minhas coisas, sem esconder, se ela aceita ficar bem, mas se não aceita eu não vou precisar chorar ou me lamentar, o mundo é grande. Se acha que Scott foi um b****a, deixe-o.
- Logo agora que estava gostando.
- Logo, se estivessem namorando ou algo do tipo teria mais envolvimento, ainda estão no começo, sem aquele passo a mais.
- Você é bom pra conselhos, ainda não sei como não tem alguém - Giro as chaves nos dedos. O céu já está escurecendo e preciso ir em casa e me arrumar.
- O que faço com as flores e chocolates.
- Distribua para as meninas, eu ajudo amanhã cedo.
- Tem certeza.
- A do vaso leve para mamãe. Ela gostava antes.
- Tudo bem, por falar nisso, Jena vai nos deixar, preciso achar uma pessoa pra ajudá-la durante o dia, já pedi pra uma agência cuidar disso.
- Podemos ver se alguém recomenda algo.
- Acho difícil, vou procurar por conta e entrevistar, embora achar alguém como ela vai ser quase impossível. Quero alguém que tenha mãos de enfermagem, que está na área.
- Aconteceu algo?
- Jena está com a gente faz cinco anos, muita coisa ela aprendeu junto da gente, com cursos que até a gente fez pra ajudar a mamãe. Não sei se quero repetir ou ter que falar o que fazer nessa área pra uma nova pessoa.
- Posso ver se encontro alguém assim também.
- Fica tranquila, eu mesmo cuido disso.
- As vezes acho que não quer ajuda pra cuidar da nossa mãe.
- Você sempre ajudou, eu gosto e amo fazer aquilo por ela. Ela e você são as pessoas que mais me conhece.
- Ainda acho que ela te conhece mais - Ele se aproxima e me dá um beijo.
- As duas me conhecem bem, vou arrumar alguém.
- Me deixa por dentro.
- Tudo bem, nos vemos amanhã?
Me despeço dele e vou até o carro, onde coloco a bolsa e entro, tiro a caixa do bolso e encaro o anel dentro.
Esse é o próximo passo?
Esse seria como o terceiro encontro que ele pediu, não fazia ideia que aconteceria ou como aconteceria, apenas sabia que se eu fosse eu poderia aceitar as coisas e se eu não fosse, já era uma resposta.
Antes que conseguisse sair com o carro, o barulho do telefone me fez tirar a chave e puxar ele.
- Pronto - Não ouço nada na linha. - Alô - Afasto da orelha pra ver que acabo de atender um número desconhecido.
De primeira eu não aceito, mas antes que desligue eu escuto uma voz feminina.
- Ranya, não é?
- Sim, ela, quem deseja?
- Nos conhecemos outro dia, sou Catarina - Toda a minha postura muda dentro do carro, nem penso direito e até me pergunto como ela tem esse número. - Eu acho que acabei de ver você entrando em um carro, de frente a agência que você trabalha.
- Você está aqui? - Eu me mexo, olho pelos retrovisores e vejo ela parada, próxima a esquina, com um casaco escuro, cabelos presos e com o celular no ouvido.
- Sim, eu queria falar com você.
- Olha, se for alguma das maluquices de Scott, não faça, já escutei, vi, peguei tanta coisa hoje.
- Por favor - Ocorre um silêncio, suspiro fundo.
- Eu estou aqui - Desço do carro, segurando apenas a chave e o celular, indo até a mulher e parando diante ela, uma loira linda e alta, do tipo que vivi tão bem quanto uma rainha.
- Que bom que veio até aqui Ranya, essa é a primeira vez que faço isso e eu quero pedir uma coisa como mulher...
-Antes me diga, você veio a mando de Scott ou não? - Ela balança a cabeça, aquilo me deixa tão tensa e pensativa, querendo saber o que ela quer falar. - Me diga o que tem pra falar então.
Ela ergueu a mão, vi uma lágrima deslizar pelo rosto dela, parecia triste e com algo difícil a dizer, quando ergueu o olhar, estava com os olhos vermelhos, boca seca e o cenário mais triste para uma mulher.
- Deixa Scott em paz, por favor - Me inclino para trás na hora, como se não tivesse escutado aquilo ou como se aquilo fosse a última coisa que esperava vindo dela ou até ela na minha frente.
- Bem, eu - Não tenho bem o que dizer, na verdade essa situação nunca me aconteceu, ex nenhuma me deixou com cara de tacho.
- Eu sei que o pedido deve ser r**m de escutar, ainda mais se tiver com ele mesmo, mas veja minha situação, tento que ele fique comigo pelo nosso filho. Theo é um menino de ouro, ama o pai como ninguém.
- Devo imaginar que sim.
- Eu não tenho a guarda do meu filho desde que nos separamos, eu nunca consegui ficar tanto tempo com meu filho, quando fico é a pedido meu ou quando Scott está trabalhando demais. Apenas vi trazer ele, mas vendo as coisas arrumada, Scott sempre foi um bom pai e um bom marido, eu não penso em ir embora e eu sei que se o caminho estiver livre ele possa voltar para a família dele.
Aquilo me deixa tão sentimental e ao mesmo tempo penso no que ela fala, levando em conta o que Scott havia me contado, sobre a traição.
Não tenho algo definido e penso o que falar, só vindo na cabeça o que eu sempre faço.
Ser sincera.
- Eu vou conversar com ele, antes de ver você e o garoto, eu não sabia de nada, mas agora estou ciente de mais coisa sobre ele. O que temos é recente, não temos algo sério ainda, mas posso garantir que o que eu falar com ele ou decidir, não vai ser pra atrapalhar a vida de uma criança, nem a minha, nem a sua e nem a dele.
- Espero que tome uma atitude sensata. Você deve não conhecer Theo, mas ele é preciso pra mim e eu quero estar perto dele e de Scott, amo os dois como ninguém.
- Tudo bem, agora se me der licença, preciso ir.
Eu nem ouso citar que iria passar em casa e ir até o endereço que Scott me mandou, não, eu iria conversar com ele, ser sensata e positiva.
- Obrigada.
Aceno, me mexendo dali.
Bem, temos o terceiro encontro pra ir.
Me desejem sorte.