Quando voltei para a minha sala tinha um sorriso estampado de orelha a orelha, meus funcionários me olharam no caminho como se eu fosse louca, afinal normalmente eu sou bem rígida na empresa e não sei o que estava acontecendo comigo, mas dei bom dia até para as portas. -Que sorrisinho é esse em dona Priscilla. - Lucas entrou na minha sala e eu não consegui me segurar acabei rindo mais ainda. - A f**a depois da festa com a Cat deve ter sido incrível, ainda está de bom humor até hoje. - Ele comentou enquanto eu o cumprimentava. -Cat?- Busquei na memória ao que ele se referia. - Ah...sim, quer dizer, não...não transamos… pelo menos ela disse que nao. - Dei de ombros e ele me olhou com uma mistura de curiosidade e confusão. -Agora eu não entendi. Afinal, mesmo que o que você mais queira seja agradar seu pai ficar aqui nunca foi a coisa mais prazerosa para você. Por falar nisso vim lhe parabenizar pela presidência. -Obrigada. E não diga besteira Lucas. Eu gosto daqui. - Me defendi. - Eu não duvido. - Lucas levanta as mãos em rendição. - Mas você sabe que o seu talento é para a fotografia. Eu e o Lucas nós conhecemos em um curso de fotografia que fiz ainda quando era adolescente, minha mãe sempre me incentivou a me aprofundar no mundo da fotografia, ela dizia que eu tinha um olhar raro para ser a beleza mesmo onde só parecia existir dor, quando ela morreu eu larguei tudo o que envolvia fotografia, pois não suportava lembrar dela e saber que ela nunca mais voltaria.
-Lucas melhor deixarmos isso para lá. Eu não tenho tempo para isso, agora tenho uma empresa para tomar conta. - Me ajeitei na cadeira para escapar daquela situação desconfortável. - E por falar em fotos veio entregar as que lhe pedi do novo motel para o aplicativo? Essa era a minha grande ideia para impulsionar os negócios. Eu lançaria um aplicativo para reversar e divulgação de todos os motéis da rede " Prazer, Pugliese" além de buscar parcerias com fabricantes de preservativos e brinquedinhos eróticos. -As fotos estão aqui. - Lucas me entregou o seu tablet.- Mas já lhe enviei por e-mail também. Esses quartos estão incríveis a Ana Júlia fez um trabalho incrível na decoração. -A Ana tem muito bom gosto. - Ana Júlia é a nossa decoradora e uma amiga. - Mas Priscilla, você rodou...roudou e ainda não me respondeu, se não foi a Cat que colocou esse sorriso aí, quem foi? Sorri novamente ao lembrar da Natalie e o desespero bateu ao me dar conta que eu não fazia ideia de onde eu a levaria hoje a noite. -O nome dela é Natalie Smith, eu a vi na festa do fim de semana, mas só hoje por obra do destino consegui saber quem ela é e você não vai acreditar, mas ela é a corretora que vai mediar a venda daquele terreno no centro que te mostrei semana passada. - Pelo visto ela te fisgou mesmo. -Ela é linda, o sorriso, o corpo e não sei o que está acontecendo, mas quero conhecer ela melhor, vamos sair hoje. - Eu fico muito feliz que esteja apaixonada, amiga. Eu torci muito para que desse certo com a Cat, ela é uma garota incrível, mas tenho que confessar que nunca vi seus olhos brilharem tanto ao falar de uma mulher. - Obrigada, Lucas. Eu nunca me apaixonei, mas acredito que essa seja a sensação. O único problema é que não tenho ideia de onde levá-la. - Hoje é o seu dia de sorte. Ia mesmo te convidar para ir comigo ver a exposição de fotografia de um amigo meu. Vai ser lá na galeria Arte e Expressão. - Aquele lugar é lindo, e ainda tem um bistrô onde podemos jantar depois. - Aqui estão os convites, eu tenho certeza que vai dar tudo certo. Lucas me entregou os convites e eu lhe agradece prometendo ir com ele outro dia ver a exposição.
# Natalie
Eu estava almoçando com a Thaís Ribeiro, quando recebi uma mensagem da Priscilla dizendo onde eu deveria encontrá-la, sorri ao ver que era o endereço de uma galeria de artes, pelo menos ela não me levaria para uma boate lotada, não que eu não goste de uma boa farra de vez em quando, mas precisava conversar com ela e tirar o máximo de informações possíveis. -E esse sorrisinho? Não vai me dizer que voltou com a Gabi? Gabi Moretti era minha ex noiva, terminamos depois que descobri que ela tinha me traído, foi bem difícil superar aquilo, e de verdade, não sei quando eu superei, pois só agora eu percebi que não senti nada quando a Thai pronunciou o nome dela. Já a Thaís era minha parceira e estava a par de todo o plano para me aproximar da Priscilla, e era justamente sobre isso que estávamos conversando até minutos atrás. -Eu não falo com a Gabriela a um bom tempo.- Me defendi, pois odeio quando achavam que eu seria tão burra ao ponto de voltar com uma pessoa que me traiu depois de aceitar de casar comigo. - Mas não é por falta dela te procurar que eu sei. - Thai eu não sou tão i****a, eu já entendi que ela não merece meu amor. -É isso aí! - Thaís bateu palmas chamando a atenção de todos no restaurante. - Por Deus, pare de me fazer passar vergonha. - Falei baixo e tentando não chamar mais atenção do que estávamos. - Eu estou focada no caso Pugliese, não posso me distrair com esse tipo de coisa. - Mas amiga, aqui entre nós,a empresária por si só ja é uma baita distração. Eu queria ter ficado com a melhor parte, mas você sabe né? - Thaís mostrou a aliança de compromisso que tinha na mão esquerda. Quando a Thaís me contou que iria casar eu lembro de ter gargalhando tando ao ponto de precisar tomar água para me acalma. Nunca a imaginei casada, pensando em ter filhos e qualquer coisa do tipo, mas o amor faz isso com as pessoas. -Eu vou contar isso para a Bárbara. - Pisquei e vi o pavor em seu rosto. - Não se atreva, Natalie Smith. - Thaís me ameaçou e eu só conseguia rir. - A Priscilla acabou de me mandar o endereço do lugar onde vamos nos encontrar. -Mostrei a mensagem. - Acho que alguém está tentando te impressionar. - Thaís comentou cheia de sorrisinhos e mesmo não querendo admitir a Priscilla não precisava de muito para me impressionar e isso me assustava tanto. Cheguei a galeria e Priscilla estava logo na estrada distraída conversando com alguém pelo telefone, então me aproximei sem chamar a sua atenção. -Cat eu vou te contar tudo quando você voltar. - Ela parecia envergonhada. - Eu sei, eu sei, mas…- Foi então que ela virou e me viu. - Eu preciso desligar. Nos falamos depois. Eu senti uma raiva súbita ao ouvir que ela estava conversando com a tal Catarina, a mesma mulher que eu a vi passar a festa toda junto e depois ir embora abraçada, bêbada é verdade, mas mesmo assim parecia ter muito carinho entre as duas.
-Já estava com medo de você não vir. - Priscilla se aproxima para me dá um beijo no rosto. -Eu respiro fundo ao sentir seu perfume. -Você está incrivelmente linda. Eu estava usava um vestido preto que marcava as minhas curvas e um salto alto que fazia minha b***a empinar. Já Priscilla estava usando calça e jaqueta de couro pretas e isso a fazia ter um amar de bar girl que fudia a minha mente. -Eu cheguei a pouco, mas não queria atrapalhar sua conversa com a tal da Cat. - Falei cruzando os braços e minha voz saiu carregada de sarcasmo. - Nath?! A Cat hoje é apenas uma amiga. - Eu desarmei quando ela me chamou pelo apelido, saindo da boca dela parecia muito mais agradável. -Vocês pareciam bem íntimas. - Confesso que já fomos, mas você nao deveria se preocupar com isso. - Priscilla se aproximou de mim e me segurou pelos ombros fazendo com que minha atenção se voltasse totalmente para ela. - Eu nunca estaria aqui com você se tivesse compromisso com outra pessoa. - Ela me olhava no fundo dos olhos e eu sorri, pois suas palavras aqueceram meu coração. -Eu não imaginava que você fosse tão ciumenta. -Priscilla estava se divertindo com a situação. -Ciúmes? Você está se achando muito. -Prazer, Pugliese. - Priscilla usa o trocadilho com o nome da sua rede de motéis e na voz dela aquela frase soava tão sexy, aquilo era uma jogada de marketing incrível. -Já vi que você não presta. -Falei me afastando dela e Priscilla deu uma piscadinha. - Vamos entrar? -Priscilla me oferece a mão e eu logo pego. Está a lado de Priscilla me dava uma sensação de ser a mulher mais poderosa daquele lugar, ela me guiava e por onde passávamos as pessoas olhavam para nós, uns com inveja, outros com admiração, pois modéstia parte formavam um casal da p***a. -Você gostou das fotografias? -Priscilla perguntou quando resolvemos jantar no bistrô que tinha ali. -Eu achei elas incríveis, mas sou leiga no assunto. - Eu sempre gostei muito de fotografar. - Ela falou, mas parecia distância, como se estivesse em um mundo só dela. -Eu adoraria ver as suas fotografias. Coloquei a mão por cima da dela que estava em cima da mesa e sorri. Priscilla retribuiu o sorriso olhando para as nossas mãos unidas e acabou fazendo um carinho em mim. O garçom chegou com os nossos pedidos quebrando o clima entre nós. O jantar continou de maneira agradável, ela me contava algumas coisas sobre a sua vida e eu senti que estava na hora de arriscar saber mais sobre a empresa. -Priscilla você… -Não precisa me chamar de Priscilla, só Pri está bom Nath, você falando assim parece que eu não estou saindo do lugar com você. - Ela falou com uma carinha de neném e eu babei encantada de que ela não poderia ser uma má pessoa. -Ok, Pri. -Ela abriu um lindo sorriso quando a chamei pelo apelido. - Você sempre quis seguir os passos do seu pai? -Na verdade não…-Me surpreendi com a resposta, ela parecia idolatrar o pai. - Meu pai mudou muito após a morte da minha mãe. - Pri se ajeitou na cadeira e abaixou o olhar. -Eu sempre fui muito ligada a ela, meu pai sempre estava fora de casa trabalhando e as brigas entre eles se tornaram mais frequentes quando cheguei a adolescência, ou pelo menos passei a reparar mais. - Se não quiser falar sobre isso, tudo bem, Pri. -Eu precisava saber mais da vida dela na visão dela, mas me doía ver ela com frágil. -Tudo bem, eu confio em você. A Priscilla não parecia alguém que se abria com qualquer pessoa, ela tinha um jeito reservado e formal, mas eu conseguia ver o quanto ficávamos confortáveis na presença uma da outra. E pelo visto ela precisava de alguém para conversar sobre a falta que ela sebtia da mãe. -Minha mãe sempre foi aquele tipo de mãe que vive para os filhos. -Filhos? Achei que fosse filha única. - Eu lembro de ter lido algo sobre irmão no dossiê, mas não poderia deixar que ela percebesse que eu sabia de muitas coisas sobre a vida dela. -Eu tinha um irmão mais novo, o Felipe, ele estava no carro com a minha mãe, mas o corpo dele não foi encontrado entre os escombros do acidente. - Acidente esse que nunca foi concluída a investigação, e cá entre nós essa história é muito m*l contada. - Eu sinto muito, por sua mãe e seu irmão, Pri. - Tentei lhe confortar. - Eu sei que parece impossível, mas eu sinto que ele ainda está em algum lugar por aí. Depois disso eu mudei de assunto e Priscilla voltou a sorrir durante a nossa conversar.