Calíope narrando Quando a porta do carro bateu e ele desceu, eu quase perdi o ar. Meus olhos arregalaram na hora. Cérbero vinha na minha direção todo sujo de sangue, a camisa grudada no corpo, as mãos marcadas como se tivesse acabado de sair de uma guerra. — Meu Deus… você tá bem? — soltei quase num sussurro, assustada com a cena. Ele não parou, apenas caminhou firme, olhar cravado em mim. — Tô — respondeu seco, como se nada tivesse acontecido. Esticou a mão na minha direção. — Vem. Olhei primeiro pra ele, depois pra mão estendida. Meu corpo hesitou. O sangue nele me dava calafrios. Ele percebeu, respirou fundo, arrancou a camisa e enrolou na própria mão, como se quisesse disfarçar, esconder um pouco daquela brutalidade. Depois esticou o braço de novo. — Se machucou? — a voz dele ve

