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Clara Narrando Dona Marta ainda segurava minha mão. O olhar dela estava distante, como se lembrasse de algo que fazia tempo que ela não tocava. — Você não é a única, minha filha. Franzi a testa, confusa. — Como assim? Ela respirou fundo, apertando meus dedos com mais força. — Eu também passei por isso. Meu estômago embrulhou. — Dona Marta… Ela desviou o olhar, fixando em um ponto qualquer da parede. — Eu nunca falei disso. Nem pro Caio. Nem pra ninguém. Mas eu sei como é. Sei como é crescer num lugar onde a gente devia estar protegida e, na verdade, vive com medo. Fiquei em silêncio, esperando ela continuar. — Meu pai… ele fazia comigo o que o seu fez com você. E minha mãe? Minha mãe fingia que não via. Dizia que eu tinha que obedecer ele, que ele era o homem da casa. E eu obe

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