Debora Narrando
Esse episódio da traição, foi a anos atras. Aquele dia, ele chegou em casa mais tarde, tentando conversar comigo e eu nao queria saber. Mas no dia seguinte acordei com fl ores, presentes, dinheiro.. tudo que eu gosto. E depois de uns dias sendo mimada, eu "esqueci" o que houve.
Hoje a parada tá diferente, mas o esquema continua o mesmo: eu, Débora, vivendo num luxo absurdo, numa casa que parece palácio, lá no coração do morro Santa Marta, com o Cobra do meu lado, ser mulher do maior traficante do Rio tem um peso,
dizem né? Por que eu não sinto peso nenhum. Eu só quero saber do dinheiro e do poder que ele me dá.
Quando eu to em casa e vejo os empregados rodando, cada um cumprindo uma função, tudo pra manter a aparência impecável da nossa residência. Eu fiz ele contratar pessoal pra tudo: desde limpar os quartos até lavar os pratos. Eu não lavo um prato sequer, e nunca encostei a barriga no fogão! Pra mim, a vida é só sobre curtir e mostrar que eu tô acima de qualquer coisa.
Acordo de manhã já me sentindo no topo do mundo. O sol entra pelas janelas enormes, o quarto gelado do ar condicionado, e a vista lá de fora é de cair o queixo: o Santa Marta se estende em morros, vielas e becos, mas aqui de cima, no meu lar, a vida é outra, é privilégio puro. Eu me espreguiço, dou aquele sorriso de satisfação – porque eu sei que, enquanto o Caio se dedica a fazer o que faz de melhor – mandar no morro e lucrar –, eu posso curtir o que realmente importa: o meu bem-estar, meu estilo e, claro, meu status.
A verdade é que o casamento com o Caio é uma grande farsa. Ele adora ostentar, gosta de me ter do lado dele por que eu tenho uma otima presença, e ele é o maior traficante do Estado,e é disso que ele precisa. Mas pra mim, o que vale é o brilho do dinheiro, o luxo das festas e a sensação de estar sempre no controle – mesmo que esse controle seja só aparente. Eu sempre fui assim, fútil e toda preocupada com o meu conforto e com a imagem que projeto.
Lembro até hoje dos dias em que, antes de casar com o Cobra, eu vivia na humildade, mas sonhava alto. A vida era dura, mas eu tinha garra. Agora, olho pra trás e penso: "Que p***a, nem sei como consegui virar essa mina que curte tanto a grana!" Mas a verdade é que eu mudei, e o Caio, com seu jeito arrogante e aquele corpo escultural – cheio de tatuagem e músculos, que ele adora mostrar – só me ajudou a dar aquele upgrade no meu rolê. Só que tem um porém: por trás de todo esse luxo, o nosso casamento é só fachada. Ele tá sempre ocupado com o morro, com os negócios dele, e eu fico aqui só vivendo salão, shopping, academia e fazendo compras.
Lembro bem, uns anos atrás, quando eu ainda tava começando a me acostumar com essa vida de ostentação e luxo. Aí eu descobri que o Caio tava com outra mina. Foi um baque danado, mas vou te dizer: desde aquele dia, eu nunca mais vi ele “pegar” com outra mulher por perto de mim. Só que não pense que foi porque ele parou de fazer merda, não! A verdade é que eu nem procuro mais, porque sei que o cara continua fazendo as suas paradas, mas tudo fica bem escondido, do jeito que a gente combina.
— Olha, Débora, cê tá viajando se acha que ele mudou, hein? – disse a Lili uma vez, enquanto a gente rolava na sala, trocando ideia depois de mais uma festa badalada.
— Ah, Lili, relaxa. Eu sei bem que o Caio continua fazendo o que bem entende, mas o negócio é o seguinte: ele pode até sair pra comer mulher na rua, mas não vai ter moral pra nada de público, não! – respondi, dando aquela risada meio amarga, enquanto mexia no meu copo de vinho.
Pra mim, o grande problema é se ele começar a dar moral pra outra mina, se ele começar a bancar o “macho alfa” e distribuir dinheiro pra qualquer uma. Porque, ó, eu não tô nem aí se ele resolver se aventurar fora de casa – contanto que seja na dele, sem que eu veja e, principalmente, sem que ele comece a dividir meu dinheiro com outra. Esse é o pulo do gato: eu não quero dividir o trono, entendeu? Se ele quiser comer mulher na rua, pode comer, mas sem a minha cara e sem gastar uma grana sequer com elas.
E assim, nesse jogo de aparências e conveniências, a gente segue. Cada um tem o seu papel: ele, o dono do morro, o maior traficante do Rio, e eu, a dona de uma imagem impecável, que não deixa ninguém ver o que realmente acontece nos bastidores. Porque, no fim das contas, enquanto o dinheiro continuar enchendo a conta, eu posso fingir que o nosso casamento é perfeito – mesmo sabendo que, lá no fundo, é só fachada.
E se algum dia ele resolver dar moral pra alguma mina de verdade, que fique fora do meu radar. Pode comer, mas não vai ter permissão pra me fazer de trouxa e, muito menos, pra tocar no meu dinheiro. Porque aqui, nessa vida de luxo e ostentação, eu sou a rainha absoluta, e ninguém, nem mesmo o Caio, vai conseguir tirar isso de mim.
Agora, enquanto o sol se põe lá fora e a brisa do Santa Marta refresca o ambiente, eu sigo na minha, satisfeita com o que conquistei. Afinal, viver no topo não é pra qualquer um. E se o Caio continuar fazendo suas merdas na dele, eu vou ficar de boa, curtindo cada momento do meu reinado, sem me preocupar com as traições que acontecem nos bastidores. Porque, no final das contas, o que importa é o meu brilho, o meu luxo e o meu status – e isso, p***a, ninguém vai tirar de mim.
Agora, é sério, parece que o Caio resolveu transformar a nossa vida num episódio de novela barata, só que com muito dinheiro rolando e sem nenhum pudor. O negócio é o seguinte: o meu marido, o Cobra, agora tá gastando uma grana absurda com a mãe dele. E, olha, eu não aguento mais essa parada. Não é porque ela tá doente que a gente tem que virar caixa dois do morro, entendeu?
Desde que a Dona Marta foi diagnosticada com câncer, o Caio ficou obcecado em cuidar dela. E não, eu não tô falando de um cuidado decente, que é o mínimo que qualquer filho faria. O que ele faz é de inventar moda: contratou enfermeiras, arrumou médico particular, encheu a casa de equipamentos de última geração e não para de mandar dinheiro pra lá e pra cá, tudo com a desculpa de “tentar impedir que a mãe dele morra”. Pfff... Como se dinheiro pudesse travar o tempo e enganar a morte!
A verdade é que eu não suporto a Dona Marta. Ela tem esse jeitinho mandão e invasivo que me tira do sério. Sempre se intromete em tudo, mesmo quando nem é convidada. E, pior, a forma como o Caio a idolatra, gastando dinheiro que era pra ser nosso, é de fazer qualquer mina explodir de raiva. Mas eu aprendi a ficar na minha, a me emburrar, a guardar esse rancor só dentro de mim. Não adianta gritar pro Caio que essa história tá demais, porque ele já se fecha naquele jeito de “não me venha com papo, Débora”. E, cá entre nós, eu não tô nem afim de dividir a grana com a velha. Se ele quiser cuidar dela, que cuide, mas sem me prejudicar!
Eu penso: “Se ela tiver que morrer, que morra, Caio! Não adianta gastar rios de dinheiro pra tentar segurar a morte, porque a morte não se engana com dinheiro nenhum.” Mas, claro, não posso dizer isso alto. Porque se eu falar, o Caio vai ficar daquele jeito, com aquele olhar de gente r**m que ele tem, e aí a briga vai ser feia, e eu não quero ver isso por que nao quero da motivos pra ele tirar nada de mim. Tenho orgulho demais do meu status, da minha imagem impecável, e não quero ver a grana escorrendo pelo ralo.
— Se cê acha que vai dividir meu dinheiro com mais alguém, cê tá muito enganado, Caio – eu sussurrei pra mim mesma, enquanto observava o sol se pôr sobre o Santa Marta. E, naquele momento, entre o brilho da grana e o som dos gritos contidos na minha cabeça, eu soube que, apesar de tudo, o jogo continuava. Eu continuava no topo, e o Caio, com todas as suas manhas, tinha que aprender que o meu dinheiro e o meu status não eram pra serem disputados com ninguém, nem mesmo com a mãe dele.
Assim sigo, emburrada, mas decidida. Porque nessa vida de ostentação e poder, eu não vou deixar ninguém, nem mesmo o Caio, fazer a mínima besteira com o que é meu. E, enquanto o mundo lá fora pode até mudar, aqui dentro da minha cabeça, a regra é clara: dinheiro é pra mim, e ninguém vai tirar isso de mim, p***a nenhuma!