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1958 Words
WINTER ROCKWELL ACADEMY Se alguém está surpresa, por estar aqui, sou eu. Nunca esperei ser enviada para cá, nem em um milhão de anos. A vida na Glendale Academy era boa e eu estava feliz até certo ponto, mas quando a diretora me chamou em seu escritório e me informou que meu pai estava me mudando, lembro-me de pensar que ele estava me chamando de volta para casa. Aparentemente não. Devo terminar meus estudos na Rockwell Academy e tenho sentimentos confusos sobre isso. O Diretor Stoner sorri em sua enorme mesa de carvalho e eu encaro um homem que já viu de tudo isso antes. Ele parece cansado, um pouco abatido e como se já tivesse desistido. Ele consulta a tela do computador e suspira. — Eu juntei você com Emma Bayliss. Uma excelente aluna que irá guiála no caminho certo. Ela é uma de nossas alunas mais estudiosas e um excelente modelo. Alguns podem achar estranho, mas tudo que eu quero é me misturar nas sombras e manter minha cabeça baixa. — Ela é minha colega de quarto? Ele levanta os olhos. — Sim, a anterior dela se mudou para outro estado. Tenho certeza que você vai conseguir, ela se mantém longe de problemas e eu ficaria grato se você seguisse o exemplo dela. A nitidez de suas palavras me faz sorrir, porque acho que ele está se referindo ao meu irmão Angelo. Esta é a escola dele, é por isso que fiquei surpresa por meu pai ter concordado em me enviar para cá e não tenho certeza se estou feliz com isso. Por mais que eu ame meu irmão, foi bom ter alguma independência da minha família e tentar fingir que era apenas uma garota comum. Na maioria das vezes, consegui e fiquei feliz o suficiente, mas havia uma parte de mim que invejava meus colegas porque nunca terei as oportunidades que eles consideram garantidas. — Hum, diretor Stoner. Ele olha para cima e eu suspiro. — Existe alguma chance de eu ficar fora das aulas do meu irmão? É apenas… Ele me olha pela primeira vez com interesse e quase vejo pena em seus olhos quando ele suspira. — Não precisa explicar Srta. Sontauro. Eu sentiria o mesmo em sua posição. Você sabe… Ele balança a cabeça e diz baixinho. — Estou sempre aqui se você precisar de mim. Caso contrário, a Sra. Grayson, sua housemistress,1 ficará mais do que feliz em ouvir. Você não está sozinha, nós podemos ajudar. Concordo com a cabeça, no entanto, nós dois sabemos que ninguém pode me ajudar, meu pedido foi apenas para ganhar um pouco de tempo. — Ele sabe que estou aqui? Mais uma vez, ele suspira e passa os dedos pelo cabelo ralo. — Acho que ele sabe de tudo, Srta. Sontauro e duvido que precise lembrá-la disso. Uma batida na porta me faz pular, ele grita cansado. — Entre. Olho com interesse para a garota que passa pela porta como se tivesse acabado de fugir de um assassino em série e fico surpresa ao ver o olhar selvagem em seus olhos e o arfar em seu peito. Seus olhos estão arregalados e ela parece assustada, eu pego o olhar do diretor, notando que ele já parece derrotado. — Emma, há algo errado? — Não senhor. — Ela mantém os olhos no chão e nem olha para mim, ele pigarreia e diz com a voz cheia de resignação. — Esta é Winter, sua nova colega de quarto. Mostre a ela e dê-lhe as boas-vindas. Eu sorrio, mas ela nem olha e uma sensação desconfortável toma conta de mim. Ela sabe quem eu sou, o que significa que estou fodida antes mesmo de começar. De pé, atravesso a sala e digo gentilmente. — Oi, sou Winter. Obrigada por me ajudar. Ela olha para cima e vejo o medo em seus olhos, o que me deixa triste. Sorrindo, tento deixá-la à vontade, ela acena com a cabeça, a curiosidade afastando um pouco seu medo. — Vocês podem ir. A voz do diretor a faz pular, ela olha para a porta como se houvesse um pelotão de fuzilamento esperando do lado de fora. Tomando as rédeas da situação, viro a maçaneta e quando saio, meu coração afunda. Pelo amor de Deus. Agora eu sei por que ela estava tão assustada porque encher o corredor com uma raiva sombria é a única pessoa que eu esperava evitar por pelo menos algumas horas. Ele não está sozinho. Quatro caras estão com ele e é difícil respirar o ar tóxico que os cerca. Cheios de ameaça e vestindo uma roupa escura como um uniforme, esses homens à espreita assustariam o próprio d***o. Mas não consigo nem registrá-los porque encostado na parede, me observando aproximar, está Angelo e pelo visto ele não está muito feliz em me ver. — Winter. — Angelo. Emma está em silêncio atrás de mim, eu sei que ela está tentando não respirar com medo de atrair a atenção deles. Suspiro pesadamente e vou até meu irmão gêmeo e sussurro. — Obrigada pelo comitê de boas-vindas, mas você está assustando minha nova colega de quarto. O brilho de seus olhos, o sorriso escuro e torcido me fazem sorrir, antes que eu perceba, seus braços se estendem e me puxam para perto quando eles me envolvem, me sinto muito em casa. Descansando minha bochecha em seu peito, respiro o cheiro familiar e quando ele beija o topo da minha cabeça, quase posso acreditar que estou feliz. Angelo é a felicidade para mim vestido como um cavaleiro do inferno e que Deus me ajude se é assim que se sente o conforto. Ele se afasta e diz em sua voz baixa e rouca. — Vamos conversar em casa. — Não! — Não? Eu suspiro com exasperação. — Eu vou com Emma, você vai me deixar. Esta é minha última chance de liberdade, então me dê pelo menos isso. Eu só quero que você fique longe e me deixe ser normal pelo menos uma vez. Ele não parece chocado e meu coração suspira de alívio quando ele dá um pequeno passo para trás. — Se é o que você quer. — Isso é. Eu o encaro desafiadoramente e ele acena com a cabeça. — Estarei aqui se precisar de mim. Ele olha além de mim e a diversão em seus olhos me faz virar para assistir a cena mais estranha. Um de seus amigos está observando Emma como um lobo salivando para sua próxima refeição, ela está achando toda a experiência extremamente enervante. Não estou surpresa porque esse cara parece ter acabado de escapar de uma instituição, o olhar ligeiramente louco em seus olhos complementa uma beleza caótica de santo e pecador combinados. Alto, largo e devastadoramente bonito, sua cor de cabelo é a única coisa clara sobre ele e os olhos loucos que encaram minha nova amiga fariam qualquer um se encolher de medo. Olho para Angelo incrédula e ele sorri antes de dizer abruptamente. — Estamos indo embora. Sem outra palavra, ele se afasta pelo corredor e seus amigos apenas encolhem os ombros e o seguem sem outro olhar em nossa direção. Imediatamente a atmosfera se ilumina, me pergunto se preciso ressuscitar minha guia porque ela se joga contra a parede e respira fundo. — Você está bem? Eu me sinto bastante preocupada, ela balança a cabeça. — Isso foi intenso. — Na verdade, não. — Reviro os olhos. — Apenas ignore-os. Funciona para mim. Ela parece chocada e diz com um tremor na voz. — Angelo é seu irmão? — Sim. Irmão gêmeo, na verdade. — Estou tão fodida. — Por quê? — Eu não posso deixar de rir e ela se endireita, olha em volta como se as paredes tivessem ouvidos. — Com o devido respeito, Winter, seu irmão não é o tipo de companhia que mantenho. Eles não iriam querer minha companhia de qualquer maneira, mas eu tento ficar invisível perto daquele grupo de caras. A maioria das pessoas o faz, a menos que você tenha um desejo de morte ou goste de dançar com os bad boys. Quando digo dançar, não quero dizer dançar de verdade, quero dizer… Ela respira fundo outra vez e ri nervosamente. — Desculpe, estou divagando. Você vai descobrir em breve, mas só para constar, eles me assustam pra c*****o, só de dizer. Começamos a andar e eu cavo um pouco. — Como funciona por aqui? — Igual à maioria das escolas, eu acho, mas há uma grande diferença no que diz respeito ao seu irmão e sua gangue. — Eu meio que esperava isso, mas tirando eles, como é? Pela primeira vez, ela sorri. — É principalmente bom. Os professores são bons e as instalações são as melhores do estado. Se você gosta de esportes, está no melhor lugar, academicamente, isso envia mais alunos para a Ivy League do que a maioria dos outros. — O que você está estudando? — Lei. Ela se vira e noto a luz em seus olhos quando ela diz com entusiasmo. — Estou tentando uma vaga em Harvard. Eu estudo muito, então você vai ter que me desculpar por isso. Mas se você gosta de festas, as melhores são na casa do Augustus. — Por que elas são as melhores? — Por causa dos caras que participam. Quero dizer, seriamente carregados, super bonitos e eles dão as melhores festas. Não que eu saiba disso em primeira mão, é claro, mas se é isso que você está procurando, tente ser amiga das líderes de torcida. Elas são regulares lá e podem conseguir um passe para você. — Eu dificilmente sou o tipo de líder de torcida. Eu rio baixinho e ela balança a cabeça. — Talvez não, mas você é o tipo delas. Na verdade, acho que você é do tipo que gosta mais de garotos, algumas garotas também, não que eu seja... bem, eu gosto de garotos, não que sejam como eu, mas você sabe o que quero dizer. Ela parece tão desajeitada tagarelando palavras como confete enquanto seus nervos levam a melhor, descanso minha mão em seu braço e sorrio. — Só para constar, sei exatamente o que você quer dizer. Para ser sincera, não sou de festejar muito e gosto de estudar também. Talvez possamos ser colegas de estudo. Ela parece um pouco chocada. — Sério. — Sim. Eu gostaria disso. Ela sorri, mas vejo que ela realmente não acredita que eu seja genuína, o que me entristece um pouco. Emma é a típica nerd que sofre bullying na maioria das escolas. Roupas práticas com suéteres grandes e jeans. Seu cabelo castanho provavelmente sempre preso em um r**o de cavalo bagunçado e seus enormes óculos grossos fazendo seus olhos parecerem maiores através das lentes. Sua acne está fora de controle e não há um pingo de maquiagem em seu rosto. Ela também é maior do que a média e obviamente prefere estudar em vez de se exercitar, me sinto m*l por ela porque ela obviamente tem baixa autoestima por causa de anos sendo ignorada. Enquanto caminhamos para o nosso dormitório, penso em Emma. O fato de um dos amigos de Angelo estar dando a ela atenção indesejada me deixa furiosa. Ele estava brincando com ela. Fazendo-a se sentir desconfortável e não estou nem um pouco feliz com isso. Pensar no meu irmão me dá sentimentos contraditórios. Por um lado, estou feliz por ele estar aqui. Senti tanto a falta dele, mas sei que estamos melhores separados. Ele cresceu na loucura sombria que está dentro de sua alma, estou fazendo o possível para me separar da minha. Precisamos um do outro, mas precisamos estar separados para sobreviver, mas uma vez, me pergunto qual era o plano de meu pai ao me enviar para cá.
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