A Princesa Prometida do Mafioso

4

WINTER

Emma tem sido uma guia muito útil porque ela me mostrou tudo, me ajudou com minha agenda e me levou para minha primeira aula.

Foi estranho ir para a aula pela primeira vez e sentir os olhares curiosos

dos outros alunos enquanto me sentava ao lado dela na frente da classe. Eu sei que isso vai me rotular como uma nerd, apenas ser vista com ela vai fazer isso, mas eu não dou a mínima de qualquer maneira porque estou aqui para desfrutar da minha liberdade enquanto for minha para manter.

Saímos após o sinal e Emma disse docemente. — Vou encontrar um

armário para você. Acho que há alguns sobressalentes perto do meu.

Enquanto seguimos pelo corredor, sinto os olhares caminharem comigo. Meninos, meninas e professores registram que sou um rosto desconhecido, tento parecer despreocupada e amigável porque a última coisa de que preciso é chamar a atenção para mim.

Enquanto Emma tagarela ao meu lado, tento ouvir, mas minha mente

divaga enquanto penso em como isso é surreal. Eu poderia ser normal. Poderia ser perdoada por pensar que posso ter tudo, mas sei que assim que me formar, vou me casar como parte de um acordo comercial com uma família rival. Os homens continuam os negócios da família e as mulheres se casam no poder. Sempre foi assim e só de pensar naquele destino que me espera me dá vontade de correr e nunca mais olhar para trás. Quero fazer minhas próprias escolhas, fazer meus próprios planos e viver uma vida livre de raiva e dor. Eu sou uma tola se eu acho que isso vai acontecer, mas Angelo me disse que vai me proteger ou pelo menos tentar.

Emma para na frente de um banco de armários e diz com uma pitada de entusiasmo. — Aqui está. Fallon Edwards se mudou na semana passada e eu sabia que estava sobrando.

Ela abre a porta e ouvimos uma voz arrastada. — O que temos aqui?

Seus olhos arregalados me olham por trás da porta e eu olho com interesse para a pessoa que falou. Eu vejo um cara grande e musculoso vestindo um suéter esportivo, é bastante óbvio que ele é um do time de futebol e pelo olhar da garota segurando seu braço, ela é uma líder de torcida. Ela tem o cabelo loiro mais lindo e olhos castanhos que estão me observando com um brilho malévolo neles e antes que eu saiba o que está acontecendo, o cara fecha a porta do meu armário, batendo no rosto de Emma com tanta força que acho que ouvi seus ossos estalarem. Seu grunhido de dor faz meu sangue correr quente e eu digo bem alto. — Que p***a é essa...

É tudo o que consigo dizer por que de repente, do nada, aparece um cara

que me faz gelar o sangue porque pela segunda vez hoje, eu encaro olhos dançando de loucura. Assisto incrédula enquanto ele bate o rosto do atleta em seu próprio armário aberto e continua quebrando-o com um olhar de fúria em seu rosto. Ele não para e os gritos da líder de torcida não fazem nada para detê-lo, enquanto ele quebra o rosto do cara em pedaços, o tempo fica parado em um momento de puro terror. Ainda segurando o cara esfolando, ele sibila. — Leve-a para a sala médica.

Saltando para a atenção, vejo Emma com o nariz sangrando, tentando desesperadamente conter o fluxo de sangue com lágrimas escorrendo pelo rosto.

Pegando o braço dela, a última coisa que ouço é ele dizendo asperamente. — Fodase, v***a.

O som da garota correndo pelo corredor é quase escondido pelo baque constante quando o rosto de seu namorado bate na parte de trás de seu armário repetidamente.

Emma está chorando e eu estou ficando incrédula porque nunca testemunhei nada assim, já vi algumas merdas fodidas no meu tempo. Eu nunca esperei isso, porém, definitivamente não dele.

Apesar de estar completamente traumatizada, Emma me guia até a sala médica, quando entramos, a enfermeira ergue os olhos, incrédula. — O que aconteceu?

— Ela caiu.

Eu aperto o braço de Emma em um aviso e Emma funga. — Eu sou tão

desastrada.

Posso dizer que a enfermeira não acredita em uma palavra disso e enquanto ela se encarrega de minha amiga, me encolho sob o sorriso de desaprovação de seus lábios apertados.

Não tenho escolha a não ser sentar e esperar, enquanto penso no que

aconteceu, ainda não consigo entender o por quê. Não fazia sentido. Por que o cara implicaria com Emma assim e de onde diabos o amigo de Angelo veio?

Imaginando a fúria n***a em seu rosto e o olhar selvagem em seus olhos, minha alma estremece. Há algo bonito sobre esse cara. Olhos tempestuosos malévolos disfarçados de beleza. Cílios longos e escuros escondem muitos segredos dentro deles, o olhar meio perdido de um psicopata faz minha alma chorar. O cabelo loiro descolorido que o faz parecer um anjo caído e a aura perturbada que o envolve o faz parecer quase demoníaco disfarçado de anjo.

Emma logo está de volta e parece ter travado uma guerra. Na verdade,

estou surpresa que o atleta ainda não tenha chegado aqui e estou ansiosa para fugir antes que ele o faça.

Pegando o braço de Emma, a ajudo e ela sussurra. — Não acredito que

isso acabou de acontecer.

— Nem eu posso. — Eu olho para ela com simpatia. — Você quer voltar

para o nosso quarto e se deitar? Posso buscar qualquer coisa que você precisar.

Ela funga e estremece quando seus ferimentos se apresentam. — Eu tenho matemática. Não posso perder uma aula.

— Mas... — Eu a encaro incrédula enquanto ela diz quase ferozmente — Eu não vou perder uma aula. Trabalhei muito duro para deixar algo assim me atrapalhar.

Enquanto caminhamos, me sinto um pouco perdida porque não tenho a menor ideia do que está acontecendo aqui e enquanto Emma avança com determinação, não posso fazer mais nada além de segui-la.

Ela para do lado de fora de uma sala de aula e diz, cansada. — Você está aqui. Estou na porta ao lado, então esperarei por você quando o sinal tocar e pudermos almoçar e voltarei para consertar isso.

Ela nem mesmo olha para mim enquanto sai e não posso deixar de sentir o desespero crescendo dentro de mim. Um dia e eu já estou envolvida em alguma merda séria, apesar de tudo.

Ao entrar na sala, vejo o professor olhar impaciente para o relógio.

— Você é?

— Hum, Winter, senhor.

Ele consulta sua lista e acena com a cabeça, apenas o leve tique nervoso em sua mandíbula revela que ele sabe exatamente quem eu sou.

— Ocupe qualquer assento vago.

Tentando não chamar a atenção de ninguém, eu pego o mais próximo e

olho fixamente na minha frente.

Eu posso sentir os olhos nas minhas costas, no entanto. Há uma atmosfera de perigo, curiosidade e medo ao meu redor, me pergunto se eles já sabem, ou se é apenas minha imaginação hiperativa pregando peças em mim.

Enquanto me concentro na aula, fico feliz em descobrir que estou familiarizada com a matéria. Na verdade, tenho certeza de que fizemos isso no último semestre, então pelo menos terei uma jornada fácil por um tempo. Eu tento ignorar o que aconteceu antes e quase consigo, mas quando o sinal toca e a aula termina, alguém para na minha mesa enquanto eu me levanto, me empurrando de volta para o assento.

Olhando para cima, vejo uma garota zombando de mim que é quase uma

cópia carbono da líder de torcida de antes. Então eu vejo a própria garota, pairando atrás de sua amiga, parecendo nervosa enquanto a primeira garota sibila. — Cuidado, nerd. Diga ao seu amiguinho que ninguém nos faz de boba. Meu amigo vai precisar de cirurgia para a bagunça que aquele filho da p**a fez no rosto dele, nós estamos responsabilizando você e seu amigo i****a. Portanto, tome cuidado porque seus rostos logo ficarão irreconhecíveis quando terminarmos com vocês dois.

Suspirando, olho para um rosto contorcido de animosidade e digo em voz baixa. — Afaste-se. Você não me intimida. Já lidei com coisas piores, então corra e balance seus pompons em outro lugar. Não brinque com o lado n***o a menos que você possa lidar com as consequências disso.

Ela apenas se endireita e ri na minha cara.

— Então, você é uma tola, assim como uma v***a. Bem, venha porque você está prestes a descobrir quem comanda as coisas por aqui, como eu disse, tome cuidado.

Ela gira nos calcanhares e sai, seguida de perto por sua amiga, eu suspiro. Primeiro dia, dois inimigos, uma surra e ainda nem é hora do almoço.

Apenas mais um dia no paraíso.