CAPÍTULO 1
Mari, 20 anos
Falcão, 32 anos
Deco, 25 anos
Rod, 25 anos
Lara, 23 anos
Kadu, 28 anos
Vicente, 4 anos. Filho de Mari
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Mari
Mari: Mãe, tem certeza? - falei fechando o zíper da minha mala. - e se ele chorar sentindo minha falta?
Estela: Mari, relaxa. Ele não vai sentir sua falta, serão só 15 dias, minha filha.
Mari: eu ainda acho que deveria levar ele.
Estela: não confia em sua mãe? - afirmei com a cabeça - então pronto, se divirta porque você merece, trabalha demais pra ajudar a gente, então chegou a hora de tirar uns dias pra você.
Mari: aí Mãe, não sei o que seria de mim sem a senhora. Se ele chorar, a senhora promete me ligar? Eu volto correndo.
Estela: juro de dedinho. - fez levantando o dedo mindinho para o alto. - agora vem cá. - falou me abraçando - pode ficar tranquila que você sabe que eu cuido muito bem dele, você vai ver como vai se divertir nesses 15 dias.
Mari: bom, eu espero que sim. Faz bastante tempo que não viajo e essa é a primeira vez que vou pra longe sem ele.
Estela: ele não é mais um bebezinho, Mari. Vicente já tem 4 anos, sem falar que ele passa a maior parte do tempo comigo.
Mari: tudo bem. - falei pegando o celular pra chamar o uber - eu tenho que ir, se não vou perder o ônibus.
Estela: vai com Deus. Eu te amo e se cuida. - falou me abraçando e beijando minha testa - quando chegar lá, me liga, viu.
Assenti com a cabeça e fui até o quarto para dar um beijinho no meu pacotinho de amor, que dormia tranquilamente.
Eu trabalho numa loja de material de construção das 7 as 18 horas. Já trabalho já faz 2 anos, e agora estou de férias, peguei 30 dias.
Combinei com minha amiga que iria passar pelo menos 2 semanas com ela, onde ela morava recentemente, Complexo da Maré.
Tive João Vicente quando eu ainda tinha 16 anos. Me envolvi com uma pessoa e quando ela descobriu que eu estava grávida, pulou do barco me deixando sozinha. Desde então eu e minha mãe criamos ele, do pai nunca ouviu falar, nunca mais vi ele.
E eu depois que ganhei ele, terminei o ensino médio um ano depois e comecei a trabalhar.
Sempre foi do trabalho pra casa, de casa pro trabalho, e eu curtia essa rotina, já que aqui nao tinha nada de interessante pra fazer.
Perdi totalmente a vontade de sair pra conhecer alguém, sabendo das intenções dos homens que habitam aqui. Cidade pequena, sabe como é, né?
Chamei o uber indo para rodoviária, mandei mensagem para Lara avisando que chegaria 4 horas depois. Meu ônibus era às 22:00 horas, então chegaria lá na madrugada, odeio. Mas é o único ônibus que tem, é nesse horário.
Entrei no uber em direção à rodoviária e saí correndo pagando o motorista, o ônibus já estava lá.
Entreguei minha passagem guardando minhas 2 malas, e subi tentando encontrar a numeração da minha poltrona.
45, bem lá no fundo. Havia poucas pessoas no ônibus, então deitei tentando relaxar e dormir por pelo menos essas 4 horas.
Me aconcheguei na poltrona, fechando meu casaco, já que o ar tava ligado e já estava começando a sentir frio.
Por um momento adormeci, mesmo odiando dormir quase sentada.