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Saymon Kampman
Olho para minhas mãos cobertas de sangue e junto disso, uma angústia que nunca pensei que um dia fosse sentir, aumenta ainda mais. Faz três horas que chegamos no hospital e com rapidez, Isabella foi levada pelos médicos na maca, ela estava desacordada, fria... p***a!
— Irmão. — Olho para cima e vejo Hans que logo se senta ao meu lado na sala de espera.
— Como está a situação?
— Max junto com o nosso pai e o tio Bernard, estão movendo céus e terra pra puxar a placa do carro que atingiu ela e fugiu sem prestar socorro. — Ele coloca a mão no ombro. — Saymon.
— Eu quero que ele apodreça na prisão, nem que eu use todos os recursos do mundo para isso.
— Como você está? — engulo seco e fecho os olhos tentando me manter firme.
— A culpa é minha.
— Saymon, a culpa não foi sua, vocês estavam alterados, brigaram mais cedo antes de você viajar, o que houve não tem nada a ver com você ou com ela. — Não digo nada. — Irmão, não se martirize.
— Eu só fico imaginando o que vamos falar para o Oliver. —Murmura Liz com a voz chorosa.
— Acho melhor não falar, ele está em um tratamento intensivo, isso pode ser r**m para ele. —diz Nico.
— Mas ele vai perguntar da irmã, principalmente porque amanhã ele iria visitá-lo. — explica Sabine.
— Podemos dizer que ela viajou com o Saymon a trabalho. — Indaga Emma.
Solto uma respiração pesada e me levanto da cadeira para me afastar deles.
— Saymon, não acha que seria bom ir para casa, está cheio de...
— Não vou sair daqui sem a Isabella. — Digo friamente.
— Senhor Kampmann. — Olho apreensivo para médico que recebeu Isabella quando a trouxe, ele está com uma roupa especial, o que indica que precisou de cirurgia.
— Sou eu, como está minha noiva?
— Eu vou ser muito sincero, eu não sei como ela aguentou chegar aqui, viva, ela teve diversas fraturas, uma costela quebrada, o braço, e o pé torcido, porém, de tudo o que me preocupou foi o ferimento muito grave na parte de trás da cabeça. Teve uma a******a funda e uma grande perda de sangue, tivemos que raspar a parte de trás do cabelo dela para fazer os pontos, fizemos uma cirurgia para tirar um coágulo que ameaçou se forma na parte lateral da cabeça. —Posso ouvir o choro baixo da Sabine e Liz, isso me deixa ainda mais destruído.
— Posso vê-la?
— Sendo sincero é recomendável apenas uma pessoa, e como ela está no CTI, vai precisar usar roupas especiais para evitar a proliferação de bactérias, essas primeiras setenta e duas horas são cruciais, ela ainda está sob o efeito de anestesia, mas se acordar, pode haver sequelas, mas só vamos saber quando a paciente acordar.
— Se? — questiono.
— Senhor Kampmann, sua noiva está em um estado nada bom, o impacto que ela sofreu foi muito forte, está muito machucada, eu fiz o que podia para estabilizar, mas agora depende dela.
*****
Me aproximo dela e um nó se forma em minha garganta, nunca pensei que sentiria mais um desses sentimentos horríveis, o medo, o medo de algo pior acontecer com essa mulher e pra piorar, ver ela assim, com a cabeça enfaixada, o rosto machucado, com a pele dela sem cor, me dói mais do que deveria, já faz dois dias que ela está assim, ainda não acordou, o que os médicos disseram não ser bom, Oliver ainda não sabe o que houve com a irmã, mas algo desse tipo uma hora ele vai descobri. O acidente de Isabella é notícia no país, incluindo que estamos empenhados em achar o maldito filho da p**a que fez isso. Nesses dois dias eu não fui à empresa, só vou em casa, tomo banho e venho para cá, me recuso a sair daqui sem ela.
— Isabella, eu sinto falta do seu atrevimento. — Pego em sua mão. — Você poderia acordar agora e me xingar como sempre, de i****a, porco, sujo. — Sinto meus olhos marejarem. — Dizer qualquer coisa, mas eu só preciso que você abra seus olhos tão lindos. — Levo uma de minhas mãos ao rosto para secar uma lágrima que desceu. — Nunca pensei que teria tanto medo de perder alguém que não fosse da minha família, e nunca imaginei que a sua ausência no meu dia, me deixaria tão triste. — Respiro fundo. — Eu sei que esses tipos de sentimos não deveria existir entre nós, você me odeia, mas não é para tanto, na boate eu fui um i*****l por ter dito aquelas coisas a você, mas é que... quando eu cheguei naquela boate e te vi no meio da pista dançando, tão...linda, sem se preocupar com nada a sua volta, somente com a sua dança, e perceber que tinha homens te cobiçando, eu senti algo que nunca achei que um dia fosse sentir, queria atirar em um por um que te olhava com desejo. — Abro um sorriso fraco. — Eu não sei o que é amar alguém, porque nunca senti isso por pessoas que não sejam da minha família, então não sei se é isso que sinto por você, mas acho que é o sentimento que mais descreve o que sinto quando te vejo, quando sinto seu toque, quando ouço sua voz. — Solto uma respiração pesada. — Você me odeia, mas acho que se soubesse o que eu fiz, o que escondo, me odiaria ainda mais, e eu tenho medo disso, medo de você nunca mais querer olhar para mim, Max e Hans já me recomendaram te contar isso, mas eu tenho...medo. — Minha voz falha na última palavra e choro.
Tento me recompor logo quando ouço batidas na porta e logo meu irmão Max, aparece.
— Como ela está, irmão?
— Ela ainda não acordou, está instável, mas... ela já deveria ter acordado. — Murmura olhando para ela.
— Você ainda não comeu, vamos comer algo. — Balanço a cabeça em negação.
— Não quero sair daqui.
— Mano, o Otto está com o Oliver lá fora. — Olho surpreso pra ele.
— O que? Mas e o tratamento? Isso pode ser perigoso pra ele e pra ela.
— Otto e o doutor que cuida do caso de Isabela disseram que vai ter o devido cuidado para ele conseguir entrar aqui sem problema nenhum. — Ouço a porta ser aberta e logo vejo Oliver, ele está com mascara, touca, roupas especiais, luvas e com Otto o ajudando a andar.
— Bella. —Murmura com a voz chorosa olhando para a irmã e isso me faz querer chorar junto. — Saymon...minha...ela, eu não posso perder, ela é tudo que me resta da minha família. — é nítido a emoção de todos ao ouvi-lo dizer isso. — Sem ela, eu não vou querer viver, vou querer que a doença me consuma e me mate. — Puxo ele para meus braços e sem me importa do meu irmão ou do Otto está presente, eu choro.
— Ela é forte, sabe disso melhor que eu, e sei que ela vai sair dessa, mas para ela se recuperar bem, você precisa está bem. Você é a vida dela, então nunca mais diga isso. — Ele chora em meus braços e eu me permito o mesmo.
Por favor, Isabella, acorde!
****
Me sento na cantina do hospital com Hans, Max, Valentino e Bernard, disseram que tinham algo para me dizer e pela cara de enterro deles, com certeza eu vou odiar, ainda mais por meu pai e meu tio estarem aqui juntos para falar sobre.
— Como está, Saymon? — meu pai pergunta.
— Por que fazer rodeios? Diga logo o que houve.
— Você é meu filho, me preocupo e sei que está sofrendo, por isso movi céus e terra para descobri quem foi a filha da p**a que fez isso com Isabella.
— E descobriu? — ele olha para meu tio que parece o incentivar a falar.
— Saymon, o acidente da Isabella, não foi um acidente, alguém mandou fazer aquilo. — Olho surpreso para eles.
— O que? Como assim?
— A placa do carro, era clonada, e com a ajuda de amigos nossos da Polícia, puxamos dados antigos da placa e vimos que ele pertence a Steven Simos. — Pisco meus olhos várias vezes.
— Espera, Steven Simos? O assassino de aluguel?
— Sim, a polícia está no rastreio dele, mas ainda não sabemos de fato onde ele está. — Comenta meu tio.
— Por que iriam querer matar ela?
— Ainda não sabemos, para saber isso, seria bom conseguir prender o Simos, mas cogitamos mais duas possibilidades. — Murmura Hans.
— E quais seriam?
— A primeira é que pode ser algum inimigo nosso, sabe que temos, por isso peço sempre para assumirem seus lugares, e em especial você, Saymon, sem você naquele lugar, vira uma bagunça, Conrad está investigando as coisas, mas ainda não sabemos de nada. — Levo as mãos ao rosto.
Nunca pensei que meu destino fosse atingir alguém dessa forma.
— Eu nunca quis esse inferno de vida! Isso é culpa sua! — vocifero para o meu pai. Ele se mantém frio me olhando.
— Saymon— Max tenta me repreender.
— Vocês são a Tríade Kampmann, assim como eu fui, seu tio e sua tia. — Rio de suas palavras.
— Que se f**a essa merda de tríade, minha tia está morta por causa disso!
— Já chega! Não mencione a Ivy, você não sabe de p***a nenhuma, acha que eu e seu tio não sentimos a ausência dela? Ela era nossa caçula, nossa vida! — olho surpreso para meu pai e pela primeira vez, o vejo com lágrimas nos olhos.
— Valentino. — Meu tio coloca a mão no ombro dele. — Saymon está m*l devido a tudo isso, devemos relevar. — Ele olha para mim. — Saymon, vou pedir para nunca mais tocar nesse assunto, é algo meu e do seu pai, então nunca mais, toque nisso. — Penso em falar mais, porém se continuar, só iria gerar mais brigas e nesse momento, estou cansado.
— Qual a outra possibilidade? — pergunto.
— Isabella pode ter inimigo.
— Isso é impossível, mandei investigar a vida dela, se tivesse algo desse nível eu saberia.
— Quando queremos esconder algo de alguém conseguimos bem e nem mesmo mais treinados dos detetives pode descobrir. — Murmura Hans
— Mas o que Isabella poderia ter causado a essa suposta pessoa a ponto de fazê-la pagar um assassino de aluguel para matá-la? — questiono.
— É isso que queremos saber, estamos investigando isso, mas nenhuma das possibilidades é descartada, a final, são as mais lógicas. — Explica Max.
Solto uma respiração pesada.
O que será que deixei passar? Será que Isabella esconde algo de mim, é tão grave assim?