CAPÌTULO 01

1776 Words
Isabella Braga Olho com atenção a sala onde será feita a minha entrevista, uma moça com o olhar simpático me recebeu dizendo ser responsável pelas contratações da empresa, e a mesma se chama Emma. Aparentemente na casa dos trinta, pele branca, olhos escuros, cabelo curto a cima dos ombros de cor castanho claro e uma postura impecável. — É um prazer conhece-la Isabella, quando a Liz me indicou, fiquei surpresa pelo seu currículo, você é formada em administração com pós graduação, como está em busca de algo na aera da limpeza? — envergonhada olho para ela e digo. — A Liz, na verdade sabia que a senhora iria fazer essa observação, e achou que der repente poderia ver outra coisa pra mim.— ela abre um sorriso. — Essa minha assistente.— diz em tom de brincadeira. —Eu sei que foi errado, mas por favor, não a puna. A Liz é como uma irmã pra mim e desde o dia em que fiquei desempregada, ela tem me dado todo suporte.— engulo seco.—Eu tenho um irmão de quinze anos, eu cuido dele desde o dia em que meu padrasto morreu, e ele sofre com leucemia.— sinto as lágrimas querendo vir.— Ele é minha vida e eu preciso pagar pelo tratamento dele, mas tudo que eu tinha guardando e o que meu padrasto deixou, acabou a três meses. —Eu sinto muito pelo seu padrasto e pelo seu irmão, de verdade. — Senhora, mesmo que a vaga que a senhora tenha, seja só pra faxina, eu não me importo em trabalhar nisso, o que eu preciso é de emprego. — Pelo seu sotaque, não é daqui. — Eu sou carioca, nasci no Rio de Janeiro, Brasil, vim pra Alemanha com uma bolsa de estudos para a Berlin International University of Applied Sciences. Conheci a Liz lá. — Bem, pelo que vi aqui, trabalhou em uma empresa de turismo no ramo administrativo financeiro por três anos.—comenta olhando meu currículo. — Sim, lá foi meu primeiro emprego que tive depois de formada e eu adorava lá, mas a empresa teve que fazer cortes e eu fui um deles, estou desempregada a seis meses. Meu irmão veio morar comigo quando meu padrasto morreu a dois anos em um assalto a mão armada no Brasil, então trouxe meu irmão para cá achando que daria condições melhores aqui para ele, mas dois meses depois de ser demitida, foi descoberto a doença de meu irmão, está bem no inicio. Agora entende meu desespero.— eu sei que não faz sentido dar todos esses detalhes, mas se for necessário para ser contratada, eu beijaria os pés dela, eu faço qualquer coisa pela vida do meu irmão. — Isabella, eu particularmente me encareço com o que está passando, e do fundo do meu coração, sinto muito por tudo.— ela olha novamente o currículo e volta a me olhar. — Acho que consigo algo pra você, porém a próxima entrevista que vai fazer não será comigo e sim com o CEO da empresa, será para ser assistente pessoal e secretária dele. Sinceramente isso não garante o emprego, mas posso da um empurrão para que seja feita hoje a entrevista.— sem pensar muito, me jogo em cima dela e a abraço e com lágrimas nos olhos digo. — Muito obrigada, obrigada, obrigada!— ela retribui o abraço. — Que isso, eu confio na Liz, ela minha assistente também desde quando se formou e tem demostrando confiança, então confio em sua indicação, fora que seu currículo é impecável. — Eu vou fazer o possível para conseguir essa vaga. — Ok, eu vou ligar para secretária do setor da presidência e ver, por favor, espere um pouco.— ela caminha até sua mesa e pegar o telefone. — Suzane, boa tarde, tudo bem? Estou ligando pra falar da vaga que surgiu hoje...sim, eu fiquei sabendo, aquela mulher é louca— ela ri de algo que a outra moça falou do outro lado.— Sim, estou ligando justamente pra isso, a Liz indicou uma pessoa que tem um ótimo currículo para a vaga, a que horas o senhor Kampmann pode entrevista-la? Sim, perfeito, vou avisa-la, obrigada. —Isabella, o senhor Kampamann está para retornar daqui a uma hora, pode esperar por ele na sala de recepção da presidência no ultimo andar, Suzane vai te receber, mas vai deixa-lo sobre aviso de sua presença.— pego em suas mãos e a beijo, ela fica surpresa. — Obrigada, do fundo do meu coração obrigada mesmo, prometo que darei tudo de mim.— ela sorri amigavelmente. — Boa sorte menina. **** Olho com atenção a sala da presidência e fico abismada pelo tamanho pra uma pessoa só. Quando cheguei aqui, a tal Suzane me recebeu bem e disse que eu poderia esperar na sala desse senhor Kampmann e quando entrei aqui, quase tive um treco, fiquei até com medo de respirar dentro da sala. A mesma tem uma vista maravilhosa da capital Berlim, a parede que á atrás da mesa enorme, é toda de vidro, e como estamos no vigésimo quinto andar, imagino como deve ser incrível trabalhar apreciando essa vista. Nas paredes, vi diversas obras de arte que com certeza devem valer uns dez anos de salario de uma secretária ou até mais, vi também uma outra parte separada onde fica uma espécie de biblioteca com diversos livros maravilhosos, alguns da literatura brasileira como Dom Casmurro, Capitães de Areia, Gabriela Cravo e Canela e A Moreninha de Joaquim Manuel de Macedo. Sinceramente não esperava ver tantos livros do Brasil em um estante de um homem tão importante da Alemanha, o que me faz questionar como ele é, eu nunca fui de saber muito da vida desse povo então não faço ideia de como ele deve ser, será que é bonito, gentil? Ou um mimadinho de merda? Bom, seja como for, eu tenho que engolir porque preciso muito. Única coisa que sei é que a Kampmann é uma gigante de pedras preciosas, conhecida mundialmente e com uma dinastia incalculável e poderosa. Tomo um susto quando uma outra porta é aberta perto da biblioteca e um homem surge, deixo cair alguns livros. Porra! — O que está fazendo mexendo nas minhas coisas?! — Perdão! eu, eu...senhor, eu...— paro de falar quando olho para ele e lembro do breve encontro que tive com ele e mais um homem no hall da empresa. Puta que pariu! ele é o CEO! Ele abaixa junto comigo para pegar os livros que caiu e me ajuda a por novamente no lugar, por um simples segundo, sinto o toque da sua mão na minha, e como se fosse automático, sinto uma sensação estranha, como se tivesse tomado um pequeno choque e pela expressão dele, parece ter sentido o mesmo. Que estranho. — Me desculpe eu...— paro de falar quando percebo que estava falando português.— Perdão, quando eu fico nervosa ou ansiosa, acabo me embolando e falando português. O olhar esverdeado com um leve tom de amorronzado desse homem é tão enigmático, a expressão fechada dele, a altura dele e seu tamanho é de intimidar, parece um viking. Sua postura de homem que parece que vai me atacar a qualquer momento me faz ficar extremamente corada e sem saber mais o que falar. Que coisa. — Você é a moça que esbarrou em mim no hall.— balanço a cabeça em afirmação.— Não estava indo fazer uma entrevista pra aera de limpeza do prédio?— engulo seco. — É que a Emma, a moça do RH achou meu...meu currículo muito bom e como teve a a******a dessa vaga, ela achou melhor me encaminhar para uma entrevista com o senhor.— ele fica quieto, logo se vira e caminha em direção a sua mesa, eu fico quieta no meu canto, com medo de me mexer e derrubar algo. Quando ele se senta em sua cadeira grande de couro escuro, ele faz um sinal para que eu me aproxime, com cautela eu caminho para perto da mesa dele, e me sento em uma das outras poltronas a frente. Ele abre a tela do seu notebook e parece observar algo. — Sim, de fato seu currículo é ótimo, e vi um e-mail da Emma, com as observações que ela fez na entrevista que teve com você, é uma indicação da assistente dela, correto? — Sim, a Liz é minha melhor amiga.— ele para de olhar para tela do notebook e me olha. — Você é brasileira, portuguesa...? — Brasileira, eu consegui uma bolsa de estudos e vim para cá.— o olhar dele, parece que consegue ver minha alma. — Eu e meu irmão, ficamos surpresos por não ter nos reconhecido quando esbarrou conosco no hall.— olho confusa pra ele. — Porque? — Geralmente quando isso ocorre, a pessoa começa puxar nosso saco, e quando é mulher só falta abrir as pernas.— fico surpresa com essa fala. — Porque eu abriria minhas pernas para um homem que m*l conheço? — minha resposta e pergunta, perece ter pego de surpresa. Nem eu mesmo esperava que iria falar isso, só falei o que meu veio primeiro na cabeça. — Definitivamente, eu não sei, mas para o mundo em que vivemos, a futilidade e o interesse reina, então tudo que elas querem é ter o prazer de dizer que transaram com um Kampmann, ou tentar dar algum golpe. — Isso é tão...idiota.— ele abre um sorriso. Uau, esse homem é muito bonito, sinceramente no fundo entendo porque as mulheres devem ficar loucas. Ele passa a mão em seus cabelos loiros escuros, e depois coça a barba rala me observando. — Você começa amanhã.— fico surpresa com sua fala. — Sério? o senhor...o meu Deus! — Sem pensar eu acabo me levantando e dando pulinho de alegria. Paro na mesma hora quando vejo que ele está me observando e parece sorri com isso.— Perdão, é que o senhor não faz ideia de como ouvir isso me deixa feliz, tem muita coisa em jogo e conseguir esse emprego é como salvar uma vida!— digo com animação. — Você ficará um tempo em observação para vermos como se sai, Suzane vai te ajudar com algumas coisas, terá que ter disposição para viajar quando necessário para fora do país quando for requisitada.— fico pensativa por um momento, vou ter que conversar com os pais de Liz, tentar ver com eles se o dia que eu me ausentar, ficariam com o Oliver, não posso deixa-lo sozinho. — Claro.— é tudo que digo. — Esteja aqui amanhã as oito em ponto.
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