Isabella Braga
Estou sentindo meu coração bater mais que o normal, parece que uma escola de samba está no lugar onde era para o mesmo. As batidas estão frenética demais. Hoje vou conhecer os pais de Saymon e sinceramente, estou nervosa demais com a possibilidade de descobrirem tudo ou simplesmente não gostarem de mim.
— Você está linda irmã.— olho para Oliver que estava em meu lado no carro dos pais de Liz que está também do meu lado no banco de trás e seus pais a frente.
— Eu...eu só tenho medo de não gostarem de mim.— confesso.
— Seriam idiotas se não gostassem.— murmura Sabine.— Essa cor realça demais a sua beleza querida, vai se sair bem.— complementa para me tranquilizar.
Estou usando um vestido vermelho, ele é de alças finas que vai até quatro palmos acima do meu joelho, sem nenhum tipo de decote e confesso, abraçou bem meu corpo, só não gostei porque deixou evidente demais minha cintura e meu quadril largo. Meu cabelo está solto e todo ondulado e em meu rosto, Liz insistiu em fazer uma maquiagem mais elaborada com sombra, delineador, rímel e entre outras coisas. Confesso que foi bom, destacou meus olhos claros ainda mais.
Quando o carro adentra pelos portões da enorme mansão que fica localizada ao oeste de Berlim em um dos bairros mais exclusivos e ricos da região, Charlottenburg.
— Meu Deus! Isso é grande demais.— murmura Liz.
De fato, pelo que pude ler, a mansão dos Kampamnn, é uma das maiores da região, e mesmo estando de noite, pude ver que as cores vão do branco, preto e marrom, janela enormes. Um chafariz enorme com a replica de bronze da estatua da deusa Vitória, a mesma que fica localizada na praça Königsplatz e é o cartão postal de Berlim.
Ao sairmos do carro, com a ajuda do que deduzo ser seguranças, logo na entrada da mansão, vejo Saymon, ele abre um sorriso e caminha até nós.
A cada passo que ele da, sinto como se meu ar estive indo junto, sinceramente odeio admitir que o efeito que esse infeliz tem em mim, é maior do que eu possa controlar.
Está usando um suéter azul escuro que deixa bem moldado seus músculos, uma calça jeans escura e o cabelo...porra, nunca tinha visto esse homem de coque samurai, p**a que pariu, ele está lindo.
— É um prazer recebe-los em nossa casa.—murmura cumprimentando a todos e quando chega na minha vez;— Está linda, meu amor.— sem desviar o olhar, ele pega em minha mão e beija aonde está o anel de noivado.
— Obrigada, querido.— digo, ele abre um sorriso i****a se deliciando com isso.
Infeliz!
— Venham, vou lhes apresentar minha família.— ainda segurando em minha mão, ele começa a caminhar em direção a enorme porta de madeira maciça.
Ao entrar, eu não estava preparada para a grandeza de tudo, parece que foi saído de um filme. O chão é todo de porcelanato xadrez, no teto, gesso rebaixado com belos desenhos feitos no mesmo e lustres gigantescos, a frente á uma enorme escada que pelo que vi da para o lado direito e esquerdo da parte de cima.
— Isso aqui é enorme.— murmura Oliver impressionado.
— Sim, essa mansão tem mais de quinze quartos, todos suítes, incluindo os de hospedes.
— Isso é coisa demais.— diz Sabine.
— É uma mansão passada de geração em geração, eu e meus irmãos optamos por ter nossa privacidade em nossos próprios lares, mas sempre que podemos, viemos ficar um pouco com nossos país.
— Isso é muito bonito.— comenta Liz.
— Oh, você é de verdade!— olho na direção de onde vem a voz e uma jovem que aparenta ter a idade de Oliver, muito elegante, surge.— É um prazer conhecer a mulher que fisgou meu primo!— sou surpreendida por um abraço forte.
— Ella, não seja inconveniente. — diz Saymon sério.
— Que falta de educação é a minha, vocês devem ser pais da Isabella, me chamo Ella, sou prima de Saymon, a mais bonita, claro.
— Prazer em conhece-la, me chamo Sabine, esse é meu marido Nico, minha filha Liz e o irmão de Isabella, Oliver.
— Ella, porque demora?— agora é uma voz familiar.
— Max, estava conhecendo eles antes.— Ella diz com animação.
— Olá, prazer em conhece-los.— ele olha para mim.— bom ve-la novamente Isabella.
—Digo o mesmo, Max.
— Vamos, papai e mamãe estão na sala de visitas, em breve será servido o jantar.
Ambos caminham na frente e quando vou andar, Saymon me segura.
— O que foi? — questiono olhando para a direção que todos sumiram.
— Eu só queria reforçar que vamos conhecer meus pais, e quero te advertir de uma coisa, esses seus sorriso falsos, não estão ajudando em nada.— abro um sorriso sarcástico.
— Deveria ter feito aula no mesmo lugar que você, afinal, é um belo ator. — ele ri.
— Você é uma mulher atrevida demais, isso me irrita e me excita ao mesmo tempo.
— Você é um porco!— tento me afastar mas ele me puxa pela cintura segurando-me com possessividade, minhas mãos ficam espalmadas em seu peitoral, e enquanto uma mão está na cintura, a outra ele leva a meu rosto.
— Acho que a segunda, é uma boa opção.— murmura.
— Eu te odeio.— sussurro bem próximo do seu rosto, sinto sua respiração pesada perto.
— Um dia, posso te fazer mudar esses sentimos para ao contrario dele.— rio de suas palavras.
— O inferno vai ter congelado.— engulo seco quando sua boca chega perto do meu ouvido.
— Aprecio um bom desafio.
— Eu não sou um mero desafio, ou qualquer uma de suas conquistas.— ele afasta seu rosto e olhando em meus olhos, com seus belos olhos verdes brilhantes.
— Tem razão, você não é um desafio ou uma conquista qualquer.— por um leve momento de fraqueza, fecho meus olhos quando sinto sua mão acariciar meu rosto, absorvendo a sensação desconhecida que é seu toque em minha pele e quando abro, ele diz;— Você vai ser minha esposa. — engulo seco.
Esse homem, p***a! Como me deixa em completa confusão.
****
— Oh, finalmente Saymon.— murmura um homem, ele parece um pouco com Saymon, na verdade ele parece muito, é como se fosse uma versão mais velha dela, exceto pelo cabelo e cor dos olhos, o cabelo dele é escuro com fios brancos, olhos pretos como a noite. Tem um bom porte para um homem de quase sessenta anos.
— Querida, não sabe como nos anima em conhece-la, achávamos que nosso filho iria demorar demais em arrumar uma esposa, meu marido estava até querendo arrumar uma noiva pra ele.— comenta a moça me deixando muito envergonhada, olho para Liz que não está muito atrás.
— Mãe, por favor.— murmura Saymon.
— Sua mãe só está dizendo o obvio, sabe que sempre prezamos o melhor para vocês, mas não vamos falar disso agora. Hoje é um bom momento para festejar.— ele olha para mim.— Pelo seu sotaque, não é Alemã.
— Ah...não...eu...eu sou brasileira, vim a alguns anos com bolsa de estudos, senhor Kampmann. — Esse homem é tão intimidante como o Saymon.
— Não precisa dessas formalidades, me chame de Valentino.— ele sorri.
— E pode me chamar de Wanda, você já é parte da família.— ela diz com animação.
— Meu irmão, quem diria, que Saymon arrumaria uma esposa.— diz o tal homem que se chama Bernard, ele é irmão de Valentino e tio de Saymon, Max e Hans.
— Bom, logo mais Max e Hans nos darão essa alegria.— murmura Valentino, os mesmo se mantém sérios.
— Senhora Kampmann, posso servi o jantar?— pergunta uma moça ao entrar.
— Claro Iara.
— Nico, soube por meu filho que é dono de uma oficina de carros.
— Sim, é algo passado de pai pra filho, meu pai fez tudo do zero, graças a Deus tem ido de vento em poupa.— Nico diz com animação.
— Isso é maravilhoso, estava precisando de um bom mecânico para meus carros, os últimos que levei sempre pareciam não saber o que estavam fazendo.— Valentino diz com humor.
— Fique a vontade para ir lá a qualquer dia, será uma honra.— abro um sorriso vendo a animação deles e ver que talvez a família do Saymon não parece ser esnobe.
— E você Oliver, estuda onde?— pergunta Ella.
— No momento estou afastado da escola, por causa da minha doença.— meu irmão diz com naturalidade a fazendo ficar surpresa.
— Doença?
— Eu tenho leucemia.— posso ver espanto na cara de todos da família de Saymon, logo sinto a mão do mesmo segurar na minha por debaixo da mesa.
— Eu...me desculpe...eu...
— Não precisa se desculpar, sei que pra muita gente, saber que está com uma doença tão r**m é o fim do mundo, mas eu tenho a melhor família do mundo ao meu lado me dando todo o suporte, em especial a Bella.— ele me olha.— Depois que meu pai morreu, ela tem sido forte por nós dois e isso eu nunca vou conseguir agradecer.— sinto as lágrimas descerem de meus olhos.
— Oh, não sabia que esse jantar seria tão emocionante.— murmura Wanda com lágrimas nos olhos.
— Semana que vem começo o meu tratamento, as chances de cura são altas demais e isso tem me animado ainda mais.
— Então temos mais um evento a comemorar, a sua recuperação.— Bernard diz levantando a taça e fazendo todos brindarem, quando colocamos a taça na mesa, empregados surgem para servirem o jantar.
— Seu irmão conseguiu emocionar a pedra do meu pai.— murmura Saymon em meu ouvido, olho para Valentino que parece visivelmente emocionado olhando para meu irmão que conversa com Ella.
— Oliver tem esse dom.— paro para olhar meu irmão.— Ele é minha vida, por ele sou capaz de tudo.— olho para Saymon.— Até de me casar com um homem que não amo.— digo somente para ele ouvir.
— Por isso a escolhi para ser minha esposa.
— Porque estava desesperada?— ele ri.
— Por que é uma mulher forte e admirável, Isabella. — diz sem desviar seu olhar verde brilhante do meu.
— É visível o quanto estão apaixonados, meu sobrinho.—murmura Elke, esposa de Bernard.
— Não faz ideia do quanto, minha tia.— murmura ele ainda me olhando me deixando totalmente envergonhada.
Esse homem...ele me confunde tanto.
— Quem sabe em breve podem dar a alegria de um neto, Wanda, quando meu Conrad me deu os gêmeos, foi maravilhoso, aqueles meninos são uma de minhas alegrias.— diz Elke com emoção.
— Conrad é um menino de ouro, se casou com uma boa moça e tiveram lindos filhos, uma pena eles não virem.— comenta Valentino.
— Meu filho foi a Itália, resolver algumas questões de nossa família, irmão, achou melhor levar a esposa e filhos.— os dois se olham e parece se comunicar com o olhar.
— Logo irei me juntar a ele, tio, eu e meus irmãos.— diz Saymon olhando brevemente para seus irmãos que fazem o mesmo olhar que seu pai e seu tio fizeram.
Essa família, parece que esconde coisas, que nem o melhor repórter do mundo pode descobri, mas o que será?
— Isabella, Saymon, já tem uma data marcada?— questiona Wanda.
— É..eu...
— Ainda não mãe, primeiro pensamos em anunciar isso, sabe como a vida de Isabella e de sua família pode virar do avesso com isso.
— Oh querido, mas isso não impede de já terem uma data. Quanto mais cedo saberem uma data, mais fácil para preparar tudo.— Saymon parece pensar em algo e me surpreende com a seguinte fala.
— Que tal no dia cinco de junho?
— Nossa, no dia do aniversário da Bella.— murmura Liz.
— Então é uma data especial, que maravilha!— diz Wanda animada.
— Mas é daqui a três meses.— digo ainda surpresa.
— Não se preocupe, vai está tudo pronto dentro do prazo.
— Sim querida, e eu posso ajudar em tudo.— complementa Sabine tentando me tranquilizar.
— E eu ajudaria com o maior gosto, será uma honra.— Wanda indaga.
— Então está decidido, em junho.— olho para Saymon que mantém seu olhar brilhante e ao mesmo tempo enigmático em mim.
— Em junho.
Que seja o que Deus quiser.