O restaurante Ciel Bleu, no alto de um dos prédios mais luxuosos de Boston, oferecia uma vista espetacular da cidade. As luzes refletiam no vidro panorâmico e transformavam o horizonte num mar de ouro e safira. Era o cenário perfeito para o primeiro jantar público do casal Schneider.
Mas os curiosos não paravam de olhar.
Sussurros percorriam o salão, e, aos poucos, os celulares começaram a se erguer discretamente, filmando cada gesto do jovem casal.
Melina, serena, mantinha o semblante de quem nascera acostumada aos holofotes, mesmo sem jamais ter pedido por eles. Blade, por outro lado, tentava se concentrar no jantar, em vão. A tensão era palpável — até que uma voz feminina, arrastada por um leve sotaque francês, rompeu o murmúrio elegante do ambiente.
— Bonsoir, Blade Schneider— soou uma voz doce e familiar. — Não esperava te encontrar por aqui.
Blade ergueu o olhar, surpreso.
Diante dele, Gigi Moreau, modelo francesa, uma de suas antigas conquistas. Vestida num conjunto prateado de seda, o sorriso dela era a própria lembrança do passado que ele tentava apagar.
Gigi se aproximou com passos lentos, ignorando completamente Melina, e estendeu a mão apenas para ele.
— Você está ótimo, mon chéri, — disse, num tom insinuante. — posso cumprimentá-lo?
O desconforto de Blade foi imediato.
Ele respirou fundo, mantendo o controle, e respondeu com voz firme:
— O que você está fazendo aqui, Gigi?
— Vim apenas cumprimentar um velho amigo. — o sorriso dela se ampliou, fingindo inocência.
Blade cruzou os braços.
— Isso não é de bom tom — disse friamente. — Estou com a minha esposa, e não é extremamente deselegante você vir até mim, fingindo que ela não existe.
Gigi arqueou uma sobrancelha, surpresa com o tom dele.
Mas Blade não se deteve.
— O passado deve ficar exatamente onde pertence: no passado, que você está fazendo agora é desrespeitoso, para com minha esposa e comigo. Você só me cumprimentou e ignorou deliberadamente minha esposa, esse gesto, Gigi, não é o tipo de atitude de pessoas educadas, você está sendo grosseria.
O murmúrio no restaurante cessou.
Alguns clientes observavam abertamente, outros registravam a cena discretamente em vídeos.
Melina permaneceu em silêncio, o que tornava sua presença ainda mais imponente. Apenas observava, o que parecia incomodar ainda mais a modelo.
— Não quis ser indelicada Blade— tentou se justificar Gigi, sem graça.
— Então recomendo que comece a praticar a educação , e etiqueta— respondeu Blade, gelado. — Porque a forma como você agiu foi, no mínimo, desagradável.
Gigi ficou sem reação, o sorriso se desfez.
E, naquele instante, todos no restaurante perceberam que algo havia mudado, o homem a*******e das colunas sociais agora falava com a firmeza de quem começava, enfim, a entender o peso do respeito.
— Por favor, Gigi, respeite a minha esposa. — Sua voz foi firme, cortante. — O nosso passado não tem nada a ver com o meu presente.
O restaurante inteiro pareceu silenciar por um segundo.
Gigi piscou, constrangida.
— Oh, você mudou muito, Blade.
— Mudei sim, e para a melhor— Ele cruzou os braços. — As responsabilidades da vida exigem isso, me casei, e decidi aprender o significado da palavra respeito. O que importa agora é o presente — e o futuro que estou construindo com a minha esposa.
Melina apenas observava, o olhar frio, calculado.
Quando Gigi tentou retomar o sorriso, Melina se inclinou levemente à frente e disse, com voz doce, mas firme:
— Querida, é tão f**o uma mulher se oferecer a um homem casado. — As palavras saíram suaves, mas afiadas. — Ele acabou de dizer que você é o passado. Eu sou o presente. E o futuro.
Gigi arregalou os olhos.
Melina continuou impiedosa:
— Se você tiver um pouco de classe e amor-próprio, vai se retirar como uma mulher civilizada. Porque o seu gesto não me ofende, apenas revela desespero e falta de respeito com você mesma.
A francesa engoliu em seco, tentando manter a compostura.
Blade a encarou e completou:
— Faça o que a minha esposa disse, Gigi. Não estrague o nosso momento com a sua presença.
Gigi virou-se sem palavras se afastou sob o olhar atento de todos.
Quando ela desapareceu, Blade voltou a se sentar. Pegou novamente a mão de Melina e, com um misto de arrependimento e admiração, beijou-a com reverência.
— Obrigado — disse, baixo.
Melina manteve o sorriso controlado.
— Não me agradeça, Blade. Eu apenas o defendi porque sou sua esposa — e porque não admito ser desrespeitada.
Ele assentiu, os olhos fixos nela.
Por dentro, porém, sabia que algo havia mudado.
A mulher que ele acreditava frágil acabava de provar que tinha o poder de derrubar suas defesas — e de reerguê-lo — com uma única frase.