Blade riu, debochado, jogando-se de volta no sofá de couro. Os olhos claros refletiam arrogância.
— Então é isso? — disse, com ironia. — Um garoto com dinheiro, bonito demais, viril demais… e agora querem me domesticar. Eu sei como funciona, pai. Você deve ter escolhido uma mulher f**a para mim, só para me castigar.
Richard não se abalou. Segurou o olhar do filho e respondeu com firmeza:
— Muito pelo contrário. Ela é uma italiana lindíssima. E não apenas isso: culta, inteligente, educada. Se você pisar na bola com ela, Blade, tenho até pena de você.
O jovem ergueu a sobrancelha, surpreso, mas logo deixou escapar um sorriso sarcástico.
— Uma mulher que aceitou um contrato desses só pode estar ganhando muito dinheiro.
— Não, — retrucou Richard, seco. — Ela não está ganhando nada. Pelo contrário, ela está vendendo a própria liberdade para salvar o pai. Foi vítima de uma armadilha de um sócio corrupto. E, como boa filha que é, aceitou esse contrato para livrar a família da ruína.
— Uma mártir? — Blade riu. — Que h*****a perfeita.
— Não uma mártir. — Richard bateu o punho na mesa. — Uma filha honrada. E se você, como filho, tiver metade da dignidade que ela tem como filha, vai honrar esse contrato sem pestanejar.
Blade se levantou, irritado, andando de um lado a outro.
— Por que o senhor não casa logo a minha irmã, então? Ela é mais adequada para representar a família.
Richard estreitou os olhos.
— Porque a sua irmã não é desajuizada como você. Ela é médica, tem noivo, já construiu a própria vida com seriedade. Não é promíscua, não se comporta como você.
Blade cerrou os punhos.
— Promíscuo?
— Sim. — Richard o encarou sem medo. — Eu não sei para quem você puxou. Ah, sei sim. Para o meu irmão. Aquele velho t**o que nunca casou, está doente, e continua desfilando com meninas que têm idade para serem suas netas. Quando era jovem, não precisava pagar por isso. Agora, aos quase setenta, precisa. É assim que você quer terminar, Blade?
O filho soltou uma risada curta.
— Ele é mais velho do que o senhor. Tem quase setenta anos.
— Justamente. — Richard ergueu a voz. — Quase setenta anos e nenhum juízo. Você sempre achou bonito o exemplo dele, trazendo cada vez uma mulher diferente para os almoços de família. Mas eu nunca lhe dei esse exemplo. Então pare de se esconder atrás da desculpa de sangue. A responsabilidade é sua. E começa agora.
Blade enfiou as mãos nos bolsos, bufando.
— Então eu vou aproveitar bem esses trinta dias, porque depois vou ter que usar só uma.
Richard se inclinou para frente, os olhos faiscando de indignação.
— Usar, não. — disse, em tom cortante. — Nenhuma mulher existe para ser usada, e essa italiana muito menos. Você terá de conquistar Melina. Ela não vai se submeter a você só porque você se acha bonito. A sua beleza não vai conquistá-la.
Blade piscou, surpreso. Era a primeira vez que ouvia o pai falar de uma mulher com tanta reverência.
— Você vai precisar conquistar a confiança dela — continuou Richard. — Só então terá direito de tocá-la. E, para deixar claro, o contrato é objetivo: você tem exatamente um ano para me dar um neto.
Blade arregalou os olhos.
— Um ano?
— Sim. — Richard assentiu. — Mas não se engane. Ela não é obrigada a deitar com você na primeira noite. Você terá de conquistar, passo a passo, cada gesto dela, até que escolha estar com você. Se falhar nisso, não terá nem esposa, nem herdeiro, nem empresa.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Blade, pela primeira vez, sentiu o peso da armadilha em que estava. E, por mais que tentasse disfarçar, uma centelha de curiosidade acendeu-se em seus olhos. Quem era aquela italiana que tanto fazia o pai falar? Quem era a mulher que, em breve, mudaria a sua vida?