Blade ergueu o queixo, desafiador.
— O senhor pode, ao menos, me falar mais dessa italiana?
Richard cruzou os braços, a expressão firme.
— Não. — respondeu, categórico. — Só o que você precisa saber agora é o nome dela. Melina. E você vai conhecê-la daqui a trinta dias. Então, se quer aproveitar o seu tempo de playboy, aproveite bem. Porque em trinta dias você conhecerá a sua futura esposa. A minha nora. A mãe dos meus netos… se tiver a capacidade de conquistá-la.
Blade soltou uma risada curta, nervosa.
— Conquistá-la?
— Exatamente. — Richard inclinou-se para frente, o olhar faiscando. — Você tem trinta dias para se preparar para esse casamento. E vou lhe dar um conselho: compre um anel de noivado à altura dela. Não me apareça com essas joias espalhafatosas que você costuma dar às suas conquistas de uma noite.
Por um instante, os olhos de Richard suavizaram, como se evocassem uma lembrança.
— Ela tem os olhos azuis, quase violetas. Exóticos. Lembra pedras preciosas raras. Uma beleza que impressiona de imediato, mas que só um homem atento é capaz de perceber por completo. A pele dela tem um tom dourado, quase oliva, como o sol da Itália. E os cabelos… ruivos, longos, descendo até a cintura.
Blade piscou, surpreso com a intensidade da descrição.
— Parece que o senhor fala dela com, admiração.
— Porque admiro. — Richard assentiu. — Mas não como homem, e sim como pai. Ela se esconde atrás de óculos, atrás de uma fachada de estudiosa. Mas eu e sua mãe vimos a beleza dela. Não só a exterior, mas a interior também. É uma jovem rara. E se você tiver inteligência, vai perceber isso antes que seja tarde.
Richard deixou escapar um sorriso quase nostálgico.
— Vou ser sincero, Blade. Se eu fosse mais jovem, se não fosse casado e se não amasse sua mãe como amo, talvez eu mesmo tivesse tentado conquistá-la. Mas não. Eu a escolhi para você.
O silêncio se instalou. Blade, pela primeira vez, não encontrou palavras para retrucar.
— Só posso lhe dizer uma coisa, meu filho. — Richard finalizou, em tom grave. — Nenhuma das mulheres com quem você já andou chega sequer aos pés de Melina.
Richard levantou-se, ajeitando o paletó com calma.
— Esqueci de mencionar, Blade, — disse, olhando firme para o filho. — Melina tem curvas que fariam qualquer homem perder o fôlego. Mas não pense que isso será fácil para você. Essa mulher não se entrega a qualquer um. Você terá de conquistar cada olhar, cada gesto, cada toque.
Blade bufou, tentando disfarçar a surpresa com o tom do pai.
Richard, então, pegou as chaves sobre a mesa.
— Agora vou para casa. Sua mãe está me esperando. Acabei de chegar da Itália e vim direto falar com você.
Parou diante do filho, encarando-o uma última vez.
— Aproveite, meu filho. Aproveite esses trinta dias para se preparar. E aproveite também para imaginar a sua noiva. Imagine uma deusa da beleza, exótica, diferente. Porque é isso que você encontrará.
Blade ficou em silêncio, pela primeira vez sem ironias.
— Ah, e mais uma coisa. — Richard prosseguiu. — Quando for escolher o anel de noivado, que a pedra central seja digna dela. Diamantes, sim, mas que combinem com os olhos azul-violeta que ela tem. O aro do dedo dela é dezesseis. As alianças quero que sejam alianças de luz. Tudo será levado e entregue no altar, no dia do casamento.
Deu um passo em direção à porta, mas voltou-se com um meio sorriso carregado de ironia paterna.
— E prepare-se, Blade. No dia do casamento você não vai colocar uma coleira nela. Vai ser ela quem colocará uma coleira em você.
E saiu, deixando o filho sozinho com o copo de uísque na mão e a mente povoada por imagens de uma mulher que ainda não conhecia, mas que já lhe tirava o sono.