Estranha o Suficiente II

Lua narrando          Novamente eu limpava o suor que havia na minha testa. O cansaço e o calor me dominava. Carregar aquelas caixas estava me proporcionando não só exercícios, mas também a dor muscular. Uma coisa levando a outra. A faculdade estava agora cada vez mais puxada, e manter uma mudança e os estudos havia acabado com a minha rotina. Mas eu continuava a lutar por um diploma de advogada e uma boa qualidade de vida           Me deitei no sofá, buscando por algumas horas de descanso. Enfim eu me mudava para o meu próprio apartamento.  (...)        Como eu não tinha muita opção, resolvi abrir as caixas e organizá-las nos móveis que já estavam montados e nos devidos lugares. Eu havia trago apenas algumas roupas e lembranças, por isso eu não demoraria muito. Depois teria que ligar para o meu pai para agradecê-lo, afinal ele contratou alguns montadores e quando abri a porta do apartamento os móveis já estavam ali. Guardei as roupas no meu guarda-roupa, coloquei meus livros na estante, alguns enfeites e porta retratos nas prateleiras. Eu já havia guardado tudo em seu lugar, quando decidi tomar uma banho. ~•~ 20:00 p.m ( da noite )         Após um banho, vesti uma lingerie e uma camisola confortável, fiz um coque frouxo no cabelo e me dirigi até a sala ligando a TV. Foi aí que me deparei com uma caixa, não era grande nem pequena, mas me perguntei o porquê de ela estar ali. Por que eu havia me esquecido dela? Resolvi abri-la. Eram apenas alguns objetos. Aqueles que eu ganhara do Kile, na época dos meus 17 anos. Era tudo que me lembrava de nós, encarei a pulseira branca com um coração bordado no centro. Por que eu ainda não tinha jogado aquilo fora? Já haviam se passado dois anos ... Peguei a caixa e andei até a cozinha, abri a lata de lixo feita de alumínio e observei o vazio que estava ali. *** Eu estava vendo um filme na sala, com um pote de sorvete em mãos e uma colher, eu estava na maior animação gritando com os personagens para que fizessem isso e aquilo, e quando cheguei no ponto clímax do filme ... Diiinng Dooonnnggg Bufei e revirei os olhos. - Não tem ninguém. - gritei. Cruzei os dedos para que aquilo desse certo. - Vai logo, Lua. - escutei a voz do menino. Andei arrastada até a porta e abri encarando o homem a minha frente com muito tédio. - Você não tem nada pra fazer? Quer dizer, eu tava muito bem mofando no meu sofá. - falei. - Eeeee amigo, que bom que você veio. - o loiro falou com a voz aguda, numa péssima tentativa de me imitar. Revirei os olhos e abri passagem. - Como que você tá, gostosa? - Louis, já falei que amo esses apelidos? - ironizei. Louis era um amigo da faculdade, praticamente um irmão, muitos diriam que eu teria um relacionamento com ele, o garoto era realmente um gato, loiro, olhos castanhos, se vestia bem, corpinho definido, mas além de eu enxerga-lo como um amigo, digamos que "da fruta que eu gosto ele chupa até o caroço". Desde que Louis se assumiu homossexual, ele havia passado por muita coisa, eu admirava sua garra, mas também sofria com ele. De fato, ele era um ótimo amigo, estava comigo em todas as horas e essa deveria ser a única coisa que importava sobre ele.  - Na verdade já. Mas, e aí? Me mostra o apê. - Você tem pernas, ande e descubra as coisas, não sou guia turístico. - Chata. Ele me deu um beijo na bochecha e começou a desfilar pela minha casa. Uma coisa que eu amava em Louis era o fato de ele me conhecer e mesmo sabendo que eu sou extremamente chata, me aceitar. Voltei a sentar no sofá com o pote de sorvete e logo vi Louis correndo até mim. - Amei esse porta-retratos, vou levar. Encarei o objeto e olhei para o meu amigo. - Não vai, não. - concluí. - Minha casa não é supermercado. Para de furtar minhas coisas e esse porta retratos eu ganhei da minha cunhada, deixa onde achou. Ele fez cara emburrada e coçou a nuca. Após deixar o porta retratos onde ele encontrou, ele voltou com uma colher nas mãos e começou a pegar meu sorvete. Me aconcheguei nele. - Sabe que eu te adoro, né? - falei. - Sei, também te adoro. - falou sorrindo. Assim que o filme acabou, eu ainda estava deitada com Louis. - Esse filme é h******l. - concluiu. Olhei para ele indignada. - É o meu favorito. - falei. - E é h******l. - Você vai ficar? - Depende, vou ter uma cama de casal? - Bom, terá a metade de uma cama de casal, por que a minha é a única e a do quarto de hospedes é de solteiro. A menos que você encha um colchão inflável. - Tá bem. Ele sumiu nos corredores e eu fui para o meu quarto, onde encontrei o garoto esticado na minha cama. - O que é que você ta fazendo aqui? - Eu vou dormir aqui. Sem forças para discutir, deitei-me ao seu lado e dormi profundamente. ~•~ Louis narrando 7:00 a.m (manhã) Abri os olhos e me deparei com Lua dormindo em meus braços, era bom ver minha amiga daquele jeito, em paz e sem preocupações. Tentei sair dali sem acorda-la, mas infelizmente ela abriu os olhos e sorriu de lado ao me ver. - Bom dia.- cumprimentei. - Bom dia, Louis. O que acha de fazer o café? Eu ri. - Claro. Me levantei e caminhei até a porta. - Hey. - me chamou-me. Me virei para ela. - Tenho algumas roupas suas aqui, se quiser tomar um banho, fique a vontade. - Obrigada, e pare de rouba-las a noite para sentir meu cheirinho, viu?! Ela riu dando altas gargalhadas. Fui a cozinha preparar algo para nós. Lua era minha amiga a quase dois anos, ele me aceitava bem e era isso que eu admirava nela, o fato de ela ser minha amiga sem fazer piadinhas fúteis ou me olhar torto era incrível. Após arrumar a mesa, fui até o quarto de Lua, esperando encontrar ela pronta, mas certamente aquilo não fora possível, pois a garota ainda dormia. "Incrível, ela me colocou pra trabalhar enquanto voltava a dormir." Resolvi me vingar e pulei em cima da mesma. - Ai Louis, sai de cima, vai procurar o que fazer. Eu seria o primeiro a dizer que o humor dela de manhã é incrível? - Own ... Dá até dó, levanta logo essa b***a daí. Ela resmungou e foi para o banheiro. O fato de eu e Lua sermos amigos a muito tempo, nos ajudava a conversar sobre nossos segredos mais íntimos, fora que nunca tinhamos vergonha um do outro, ela sempre me defendia quando eu era alvo de piadas, e o jeito que ela defendia sua opinião era realmente motivador. - Louis. - ela gritou do banheiro. - Diga. - Meu irmão vai dar um almoço hoje, o que acha de ir comigo? - Acho ótimo. Faz tempo que eu não vejo ele. - Meu irmão é comprometido, viu? - E eu não sei?! Uma pena, ele é realmente lindo. - Diga isso pra Laís. - Ah, a Laís! Faz tempo que eu não vejo a loirinha, como que ela tá? - Grávida do segundo filho. - What? - falei surpreso. Lua teve um ataque de risos e falou: - Estou brincando, b***a. Tá louco? A menina tem 19 anos, tem muito o que viver. - Ufa. Lua saiu do banheiro vestindo apenas as roupas inferiores. - Não tem vergonha de mim, não? - falei. - Não. - ela respondeu descaradamente e dando de ombros. Eu ri. - Ahh e eu já te vi de cueca. - ela gritou do quarto. E mais uma vez eu ri.