Carlos Eduardo narrando
- Hey, bom dia, dorminhoco. - ouvi uma voz doce soar.
Sem abrir os olhos sorri, era ótimo acordar com ela ao meu lado. Abri um pouco os olhos e puxei-a pela cintura, fazendo com que ela caísse deitada ao meu lado.
Ela sorriu.
- Bom dia, menina-mistério.
Apoiei-me com o cotovelo e a observei antes de unir nossos lábios.
- Ok, Shakespeare. O café esta pronto.
- Hum... Estas manhãs me fazem parecer tão maduro.
- Você deve ver algo que não vemos.
Fuzilei-a com o olhar.
Ela gargalhou.
- Lua vai vir? - perguntei.
- Sim, ela e o Louis.
- Ai meu Deus...
- O que ?
- Não estou afim de outro garoto aqui, fora eu. Vai ficar secando você, cuidado pra não morrer desidratada.
Ela riu.
Por que ela riu?
Eu estava sendo 100% sério.
- Cabeçudo você, hein...
- O que? O que é? - perguntei.
- Só você pra conhecê-lo há quase dois anos e não perceber que ele não gosta de mim.
- Isso é o que parece. - afirmei.
- b***a. Estou falando que ele não gosta do meu tipo.
- Bom, eu gosto. Você é perfeita.
Ela bateu a mão na testa e soprou, impaciente.
- Ele é gay.
Minha boca se abriu.
Eu não tinha preconceito. Com certeza, não. Mas eu sempre achei que ele achava a Laís bonita e tudo mais.
- Então, vamos tomar café? - perguntei, desviando o assunto.
- Olha a hora. É melhor eu começar a preparar o almoço.
- Quer ajuda? - perguntei.
- Claro.
Dei um selinho nela.
- Vou me arrumar. - avisei.
Ela assentiu e saiu do meu campo de vista.
Coloquei uma bermuda e uma camisa, meu chinelo nos pés e desci.
Laís colocava uma panela no fogo quando eu cheguei por trás e a abraçei.
- O que teremos no cardápio?
- Frango assado e arroz de forno.
- Huuummm. O que quer que eu faça?
- Pode cortar os legumes para colocar no arroz.
Ela apontou para a tábua, com alguns legumes lavados em cima, e eu comecei a picar cada um deles.
(...)
O almoço estava pronto e agora só faltava Lua e Louis.
Me sentei no sofá e esperei ao lado de Laís.
- O que quer fazer depois do almoço? - perguntei.
- Não sei. - ela disse dando de ombros.
- Que tal uma tarde só nossa? Apenas eu, você, sorvete e alguns beijos.
Ela riu e se virou me olhando, ainda com um sorriso nos lábios. Assim que eu a vi, eu soube. Ela seria minha pro resto da vida, por isso eu já estava começando a planejar um pedido de casamento. É claro que ninguém sabe. Apenas eu. Mas quero que fique em segredo por um tempo, talvez eu a pedisse no fim do ano. Eramos novos e tinhamos tempo.
Ela apertou minhas bochechas, deixando em meus lábios um biquinho de peixe, logo ela me deu um selinho, permitindo-me aproveitar a maciez de seus lábios.
Ouvimos o interfone tocar.
- Sim?
- Senhor Newmann, tem um homem aqui. Ele diz que veio para um almoço.
- Louis. - falei, lembrando que o homem viria. - Pode deixar ele entrar, senhor Warper.
Diiiing Doooong
- Eu abro. - informei.
Assim que abri a porta me deparei com Louis, mas Lua não estava lá.
- Louis. - disse, em um tom animado.
Demos um aperto de mão, seguido de um abraço com batidinha nas costas.
- Como vai? - perguntei.
- Ótimo e vocês?
- Bem. Cadê a Lua?
- Não quis vir no meu carro, deve chegar a qualquer momento.
- Então tá. Pode entrar. Quer alguma coisa ?
- Não, obrigado.
Ele caminhou até onde Laís estava e se abraçaram, ambos continuaram na sala batendo um papo. Muitos sorrisos e risadas depois, ouvimos a campainha tocar novamente.
- Lua. - falei, abraçando-a.
Lua estava trajando uma calça jeans escura e uma blusa fina cor de vinho.
- Oi, maninho.
- Do que veio? - perguntei.
Ela apontou para um skate que estava em sua mão esquerda.
- Não acha que está grandinha para andar de skate? - pausei. - Já tem 19 anos, quer dizer, quase 20.
Ela me fuzilou com os olhos.
- Não. Gosto do meu skate, e não ia machucar ninguém andar nele um pouquinho. Sempre carro, carro, carro. Por que não um skate de vez em quando?
- Ok. Não vou discutir.
Ela entrou indo cumprimentar Laís, logo todos estavam na mesa, se servindo.
- Já engravidou minha cunhada? - perguntou Lua, divertida.
Laís se engasgou com o suco.
Eu ri.
- Ainda não, maninha. Somos muito novos.
Laís afirmou.
- Então tá. - falou.
- Mas e você Lua? Já arranjou um namorado? - Perguntou Laís.
- Não. E, na verdade, não pretendo fazer isso tão cedo.
- Hum.
Voltamos a comer.
- Gostando do apartamento? - perguntei a Lua.
- Muito. Tenho qu e agradecer ao papai. Ele já deixou tudo montado.
- Hum.
- Falando nele, qual foi a última vez que ligou?
- Ontem. Estava tossindo demais.
- Deve ser apenas uma gripe. Vou tentar vê-lo amanhã.
- Ok.
- Sabe se ele foi ao médico?
- Não.
- Tá bem.E seus pais Laís?
- Ótimos.
- Seus irmãos?
- Também estão bem.
- E vocês já fizeram um jantar com eles?
Lua pergunatava sem parar, enquanto eu e Louis apenas assistiamos.
- Ah, já. Quer dizer, estamos marcando um jantar no sabádo. - ela disse. - Né, amor?
- Sim. - afirmei.
- E a escola? Sente falta? - perguntou Laís a minha irmã.
- Nem um pouco. Estou adorando a faculdade. E vocês?
- Sinto um pouco de falta da irresponsabilidade que podíamos ter.
Soltamos algumas risadas.
- Mas e o povo, hein?
- O que será que estão fazendo?
- Os meninos começaram uma faculdade esse ano. Aproveitaram o ano de folga para uma viagem. - falei.
- Que legal. - falou Lua.
- Eu não mantenho contato com ninguém - falou Laís.
Após mais alguns minutos de conversa, todos terminamos de comer e eu e Louis ficamos com os pratos.
- Valeu pela força. - agradeci Louis.
- De boa.
- Como ela ta sozinha? - perguntei.
Por mais que ainda tivessemos uma ligação, eu e Lua já não éramos grudados. E Louis era quem mais passava o tempo com ela.
- Ela tá bem. É forte. É independende. Consegue tudo, mesmo que seja sozinha, é determinada.
Eu sorri.
- Sim, eu sei.
Secamos as mãos em um pano assim que terminamos e fomos pra sala, onde as meninas conversavam mais.
- Vou indo, Carlos. - falou Lua.
- Está bem. - afirmei.
Nos abraçamos forte.
- Vai em casa, viu?! - pediu.
- Claro e volta mais, você e o Louis.
- Tá.
Depois das despedidas, eu e Laís ficamos sozinhos, prontos para aproveitar nossa tarde sozinhos.
- Que tal um sorvete? - perguntei.
- Com muito chocolate, por favor. - afirmou.
Rimos e fomos nos aprontar para sairmos.