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824 Words
O apartamento estava silencioso quando Eva acordou na manhã seguinte. O sol entrava pela grande janela da sala, iluminando o espaço com um brilho suave. Ainda se sentia um pouco deslocada ali, mas sabia que precisaria se acostumar. As aulas só começariam dali a dois dias, o que lhe dava um tempo para se adaptar à nova rotina. Bocejando, ela se espreguiçou e caminhou até a cozinha. Assim que abriu a geladeira, franziu o cenho. Estava completamente vazia, sem nem mesmo uma garrafa de água. Suspirou, lembrando-se de que, apesar de ter um apartamento próprio, isso significava que teria que se virar sozinha para comer. Olhando ao redor, sua mente percorreu as informações que recebera no dia anterior. Sabia que havia um mini-mercado no campus, além de restaurantes, lanchonetes, lojas de conveniência e até um mini shopping. Além disso, um centro de recreação parecia ser o ponto de encontro dos alunos. "Bom, acho que preciso descobrir onde tudo fica," murmurou para si mesma. Sem muita pressa, foi até o quarto e escolheu uma roupa simples. Pegou um jeans desbotado e uma blusa larga de algodão. Queria passar despercebida, sem chamar atenção. Colocou um tênis confortável, pegou o cartão da escola e saiu do apartamento. As ruas internas do campus eram amplas e bem cuidadas, com jardins floridos e bancos estrategicamente posicionados. Caminhando por ali, Eva percebeu que a arquitetura da academia misturava modernidade e tradição, com prédios imponentes de vidro e aço ao lado de edifícios com fachadas clássicas. O lugar era impressionante, e ela imaginou que cada detalhe fora planejado para refletir a elite que ali estudava. Sua primeira parada foi na lanchonete. O cheiro de café fresco e pães assados inundou suas narinas assim que entrou. O local estava movimentado, com alunos conversando em pequenos grupos e funcionários ágeis atendendo os pedidos. Eva se aproximou do balcão, observando o menu digital acima dos atendentes. Antes que pudesse perguntar algo, um rapaz de avental e boné preto sorriu para ela. "Bom dia! Vai querer algo?" "Na verdade, eu queria saber se vocês fazem entregas," disse ela, tentando não soar tão deslocada. O atendente pegou um panfleto e entregou a ela. "Sim, entregamos em todos os edifícios residenciais. Aqui está o número da lanchonete e também de outras lojas que fazem delivery." Eva pegou o panfleto e sentiu um alívio imediato. Isso facilitaria muito sua vida. "Ótimo, obrigada!" respondeu, guardando o papel no bolso. Ao sair da lanchonete, respirou fundo. Agora precisava ir ao mercado. O mini-mercado do campus ficava a poucos minutos dali. Era pequeno, mas bem abastecido, com prateleiras organizadas e uma seção de congelados com várias opções. Eva pegou uma cesta e começou a percorrer os corredores, tentando decidir o que comprar. Ela nunca fora uma grande cozinheira. Na verdade, "desastre" seria uma palavra mais apropriada para descrever suas habilidades culinárias. Até mesmo um simples miojo acabava ficando r**m quando ela tentava preparar. Sendo assim, foi direto para a seção de comidas prontas congeladas. Pegou algumas lasanhas, hambúrgueres e nuggets, coisas que poderia simplesmente esquentar no micro-ondas. Além disso, comprou sucos, refrigerantes, salgadinhos e bolachas, garantindo que, pelo menos, não passaria fome até se adaptar à rotina da academia. Quando terminou as compras, caminhou até o caixa, pagou com o cartão da escola e saiu do mercado carregando as sacolas. Seu plano era voltar direto para o apartamento, mas algo no caminho chamou sua atenção. Ela ouviu uma risada. Uma risada rouca, carregada de um tom familiar que fez seu coração parar por um instante. Congelou no lugar, os dedos se apertando ao redor das alças das sacolas. Seu olhar vagou pelo campus até encontrar a origem do som. No centro de recreação, que já estava lotado de alunos conversando e interagindo, havia um grupo reunido. Entre eles, um rapaz alto, de postura confiante e presença marcante. O ar fugiu de seus pulmões. Eva piscou algumas vezes, como se seus olhos pudessem estar lhe pregando uma peça. Não, não era possível. Carlos? Seu coração martelava dentro do peito, tão forte que ela teve medo de que todos ao redor pudessem ouvir. Agarrou as sacolas com mais força e começou a andar devagar, seus pés se movendo por conta própria, como se precisassem desesperadamente confirmar o que seus olhos estavam vendo. O mundo ao seu redor pareceu perder o foco. Ela só enxergava aquele rapaz, sua silhueta esculpida, a forma como seus cabelos escuros caíam levemente sobre a testa. Ele tinha o mesmo olhar que Carlos costumava ter... mas, ao mesmo tempo, era diferente. Seus traços estavam mais maduros, seu semblante mais frio. E então, quando ela estava perto o suficiente, ele se virou em sua direção. Eva sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele a viu. Por um momento, o olhar dele encontrou o dela, e tudo ao redor desapareceu. Mas, em vez da surpresa que esperava, ele simplesmente fingiu que não a conhecia. Como se ela fosse uma estranha qualquer.
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