Ela mexeu no guardanapo por alguns segundos, depois apoiou o rosto na mão e olhou bem pra mim, com aquele olhar dela… curioso, gentil, mas direto.
— “E você? Fala mais de você. Sempre que conversamos, você só escuta… quero saber mais de você.”
A pergunta bateu fundo. Eu tentei disfarçar, dei um sorriso torto e encostei nas costas da cadeira, olhando pro copo de água que já tava pela metade.
— “Não tem muito o que contar não, Ayla… eu não tenho família, nem gente próxima. Cresci meio solto no mundo, sabe?”
Ela franziu o cenho.
— “Sério? Nenhuma família?”
Balancei a cabeça.
— “Nada. Nem lembrança boa, pra ser sincero. Meu pai sumiu cedo, minha mãe… morreu quando eu era moleque. De lá pra cá, foi só eu e as ruas.”
A última frase saiu meio amarga. Eu não queria parecer coitadinho, e ne
