Era uma quarta-feira qualquer.
Sol rachando lá fora, o ar-condicionado da Dante Motors trabalhando no talo, cheiro de café passado invadindo a recepção. Eu tava na minha sala, camisa branca alinhada, relógio reluzindo no pulso, cabelo loiro cortado e penteado milimetricamente pra trás. Sem boné, sem pressa, só analisando umas planilhas no notebook enquanto o movimento na loja seguia no ritmo.
De repente, a recepcionista bate de leve na porta.
— “Seu Dante, tem uma moça aqui querendo falar com o senhor. Disse que é importante.”
Eu nem olhei direito, só levantei a cabeça e respondi meio no automático:
— “Pode mandar entrar.”
A porta se abre devagar...
E aí o tempo congela.
Era ela.
Ayla.
Linda. Com um vestido azul claro, cabelo preso de leve, rosto limpo, e aquele olhar doce que eu
