O Abismo da Desilusão
A casa estava silenciosa demais. A única coisa que eu ouvia era o eco dos meus próprios pensamentos, que se arrastavam como um grito abafado em meu peito. A dor da perda ainda estava fresca, cravada como uma lâmina afiada no fundo da minha alma. O vazio era esmagador, maior do que qualquer sentimento que eu já tivesse experimentado. Eu sentia como se, a cada segundo que passasse, parte de mim fosse se desintegrando.
Eu olhava para o quarto vazio, os móveis intactos, mas nada parecia real. A cama que antes era preenchida com a alegria da expectativa da maternidade agora estava fria. O cheiro do bebê que eu jamais teria se dissipava lentamente, enquanto a saudade me consumia. Cada canto da casa me lembrava daquilo que eu havia perdido, de tudo o que poderia ter sido, mas não foi.
Naquela manhã, eu estava no meu limite. Eu estava de pé, tremendo, olhando pela janela, enquanto a raiva e o desgosto se misturavam em meu peito. Então, a porta se abriu.
Era ele. Robson.
Ele entrou como se nada tivesse acontecido, como se tudo ainda estivesse bem, como se ele não fosse o responsável pela dor que eu carregava dentro de mim.
Robson: "Ainda está aí, se lamentando? Você vai ficar aí o dia todo?"
Aquele sorriso insensível me fez ferver por dentro. Ele estava se divertindo com meu sofrimento.
Marisol (com raiva): "Você destruiu minha vida, Robson!" Minha voz tremia, mas as palavras saíam com um veneno que eu nunca imaginei ter. "Você me matou, me destruiu, e agora fica aí, com esse sorriso no rosto, como se fosse um herói! Você é um monstro!"
Ele riu, uma risada escrota que me cortou como facas.
Robson: "Ah, você acha que está no controle, Marisol? Você acha que me conhece? Eu não tenho culpa do que aconteceu. Quem me trouxe até aqui foi você. Você, com essa sua fraqueza, com essa sua mania de ser a vítima."
As palavras dele me atingiram com força, mais do que qualquer tapa. Ele não tinha vergonha nenhuma. Robson não sentia nada. A dor que ele causava não fazia nem cócegas nele. E, naquele momento, algo dentro de mim explodiu.
Marisol (gritando): "Você me traiu, Robson! Me traiu com minha própria irmã. E ainda tem coragem de falar de fraqueza?" O ódio e a dor saíam em um turbilhão. "Você me arrancou tudo, roubou de mim até a minha filha, e agora quer me fazer acreditar que foi culpa minha?"
Ele avançou para mim com uma fúria que eu não esperava. Antes que eu pudesse reagir, ele me empurrou contra a parede com uma força brutal, me fazendo perder o equilíbrio. Eu estava tão furiosa, tão cheia de raiva, que quase não senti a dor física. Eu só queria quebrar tudo ao redor, destruir tudo que tivesse relação com ele.
Robson (com desprezo): "Você não vai me vencer, Marisol. Eu sou seu marido. E você vai se curvar a mim, porque eu sou o único que restou para você."
Eu não sabia mais o que fazer. A raiva me cegava, a dor me consumia. Eu não estava mais no controle. Ele tinha me tirado tudo. E, agora, ele queria me fazer sofrer ainda mais, me forçando a ver quem ele realmente era.
Ele me empurrou de volta para o sofá, se posicionando na minha frente com um olhar triunfante.
Robson (sorrindo cruelmente): "Você vai me ouvir agora, Marisol. Você vai entender quem manda aqui."
Ele se abaixou até ficar na minha altura e, com um sorriso c***l, disse:
Robson: "Não pense que vai sair impune. Você ainda vai aprender a sua lição. Não há ninguém que possa te salvar agora."
Eu o olhei, sem forças para resistir, sem forças para gritar. Só havia dor, dor e mais dor. Ele estava destruindo tudo o que eu tinha de mais precioso. Ele estava destruindo minha vida, minha essência, minha vontade de viver. Mas uma parte de mim sabia que, por mais que eu estivesse quebrada, eu não podia deixar que ele vencesse. Eu não podia deixar que ele continuasse a me matar aos poucos.
Marisol (com um fio de voz, mas com uma fúria que queimava como fogo): "Eu te odeio, Robson. E vou te fazer pagar por tudo o que fez."
Aquele sorriso de Robson cresceu ainda mais, como se ele tivesse vencido. E então, sem avisar, ele agarrou meu rosto com força, suas mãos frias e grosseiras apertando minha mandíbula, me forçando a olhar em seus olhos.
Robson (sorrindo perversamente): "Você acha que tem poder aqui? Que vai fazer alguma coisa? Vou te mostrar o que é poder."
Sem mais palavras, ele aproximou seu rosto do meu e, antes que eu pudesse reagir, ele me beijou à força. Seus lábios pressionaram os meus com violência, e, quando tentei me afastar, ele apertou ainda mais, fazendo minha boca se abrir. A dor foi instantânea. Eu tentei gritar, mas a pressão nos meus lábios e a sensação de ser destruída por ele tomaram conta de tudo.
Eu senti o sangue quente escorrer da minha boca, o gosto metálico misturado com as lágrimas que estavam prestes a cair. Eu não sabia se o ódio ou a dor eram maiores, mas naquele momento eu sabia que ele havia quebrado mais do que só meu corpo. Ele havia quebrado o que restava de minha dignidade, da minha alma.
Quando finalmente ele me soltou, eu caí de volta no sofá, respirando com dificuldade. O sangue ainda escorria, e eu podia sentir o gosto amargo do seu beijo forçado. Eu não sabia mais o que fazer, mas uma coisa estava clara: eu não ia deixar que ele ganhasse. Eu não ia ser a vítima para sempre.
Marisol (com raiva, mas ainda com uma chama de determinação em seus olhos): "Eu te odeio, Robson. E você vai pagar."
Ele me olhou, sem compreender o quanto eu estava decidida a acabar com aquilo. A cada segundo, eu me tornava mais forte, mais disposta a fazer o que fosse necessário para me livrar daquele inferno. Ele podia tentar me quebrar, mas nunca iria destruir tudo. Eu ainda tinha a força para lutar.
No entanto, quando ele saiu da sala, eu não consegui mais me segurar. A força que eu tentava manter se quebrou completamente. Eu me afundei no sofá, com os olhos cheios de lágrimas. O choro veio sem controle, profundo e desesperado. A dor física não se comparava à dor que eu sentia dentro de mim. Eu sentia como se minha alma tivesse sido arrancada, como se tudo que eu acreditava estivesse desmoronando.
O choro foi um eco de todas as perdas, de todas as traições. A última força que restava em mim se foi, e eu fiquei ali, sozinha, chorando em silêncio, enquanto a casa vazia se tornava ainda mais fria e distante.