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O ópio de um anjo

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Blurb

Antes de prosseguir, espero que entenda...

"O problema das feridas, é que até depois de curadas, ainda deixam cicatrizes."

Rafael Austin se perdeu no abismo mais escuro da dor. Encontrou na carreira a saída do padecimento. Ser o campeão invicto de fórmula E, queridinho da mídia, o preferido das garotas. Abasteceram sua personalidade, e o anestesiaram.

Já fora um homem apaixonado, doou a vida pelo que ele julgava ser amor, em troca ganhou uma bala no peito. Acha a coisa toda de romance bonita, desde que seja bem longe de si. Blindou seu coração com maestria. Ainda assim qual colete a prova de balas não se faz débil, para a graciosidade de Luz?

Achou engraçado o fato de que grande parte da vida, tenha sido chamado de anjo. Soube o tamanho da mentira que inventaram, quando avistou a perfeição de cada movimento que aquele corpo fazia.

Talvez se não fosse a diferença de idade, as mentiras, os passados... eles pudessem correr na direção um do outro e se colidirem sem medo. Porém quem inventou ou "se" não sabe o quanto ele pode ser nocivo.

"Como eu poderia transcender a vida por você? Se cada qual é dono de si, e você é o meu. "

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O passado nos condena - 1
Será que é assim que começamos a vida? Morrendo aos poucos? Sua existência parecia papel molhado por lágrimas crescentes, que a qualquer hora rasgaria. Como escrever em folha ungida? E como não molhar, se trancafiada no escuro todos os medos parecem maiores? Ela quis poder ter um lápis para desenhar o anjo que lhe sorria nas dificuldades. Acreditava num ser superior, porquê via os cabelos louros e olhos verdes da imagem que a perseguia, a cada personificação do m*l que o monstro assumirá. Quem não quer uma história bem contada, um conto de fadas real? Um príncipe, um anjo? Quem sabe até mesmo um final feliz, porque não? Riu ao constatar que na periferia, essas coisas só acontecessem nos filmes.  É sufocante a luz do armário, no entanto Aurora sabia muito bem que se tornar visível aos olhos dele, não era uma opção viável. Um grito, um soco, mais uma humilhação e o agora sobrará o choro reserva. Sua mãe se contorcia jogada ao piso frio, que ora ou outra era enfeitado de vermelho vivo. Carregar uma criança de sete meses a impedia de se defender da maioria dos golpes. Sabia que a mulher já não se levantaria quando viu o sangue escorrer, olhou nos olhos claros e tentou achar alguma luz.  Foi as trevas quem a abraçou ao invés disso. Ele era grande, e não sorria. O cheiro do álcool tingiu seu olfato junto com suor e odores masculinos. – Achei você queridinha.  – Por favor... – implorou atoa. Sabia que jogar palavras a ele, era falho. Mas o desespero banhou seus olhos e nas lágrimas tentou exclamar sua t*****a. – Eu sei que você gosta menininha, venha cá, venha fazer seu macho feliz – não foi um pedido. O homem agarrou seus cabelos com força, e a jogou na cama. Tirando o sinto lentamente, cada segundo parecia lhe embaçar mais a visão. – Por favor... – Tire a roupa caralh0. – Ela não obedeceu, recebendo em seguida o t**a que a fez virar o rosto, levando a mão a pele ardida, praguejou. Engoliu a seco e fez o que pediu. Ainda assim, sem piedade alguma, recebeu mais dois tapas no rosto. – Isso é pra você aprender quem manda aqui. É só me obedecer menininha. Quando cuspiu seu ódio salivando no rosto do homem, obteve um golpe tão forte no estômago que a faria vomitar se houvesse algo por ali, contudo estava a dois dias sem comer coisa alguma. A dor a fazia refém, enevoando sua resistência. Ela só tinha treze anos, mais sabia lutar. Tentou ainda erguer o joelho para lhe acertar no meio das pernas, se tivesse sorte chegaria a casa de Carly e encontraria um abrigo seguro. A sorte não foi um presente concedido a ela naquele dia, errou. E apanhou um pouco mais, seu olho direito parecia ter afundado, tão forte o soco o sangue escorreu na hora com o supercílio aberto. Não havia saída, fechou os olhos e esperou acabar. O inferno sempre foi sua casa, desde as paredes até o teto, tudo a causava aflição e rancor. Ela queria ter pra onde fugir, alguém que limpasse suas lágrimas, ferida por dentro, perdida por fora. Quanta dor alguém pode suportar?  O verão se fora, junto com sua inocência. Deixando como lembrança as marcas pelo seu corpo.  Seu genitor terminou o e*****o, caindo com o corpo cansado por cima do seu, o peso a esmagava prendendo a própria respiração. Somente após escutar o ressonar, girou na cama conseguindo escapar, caminhou enjoada pelo que escorria entre suas pernas. Andar parecia impossível, mas precisava chegar até sua mãe.  – Mamãe, mamãe não dorme.  – Me desculpe filha, eu não consegui impedir – os olhos da mãe estavam inchados tanto pelas lágrimas, quanto pelas agressões. O sangue escorria pela sua boca.  – Vamos sair daqui mamãe, Thalia pode morrer se continuarmos nessa casa.  – Ele é o meu marido, não posso o deixar. – Sentiu raiva e culpou a mãe inúmeras vezes, pois o homem passará dias longe de casa, tempo o suficiente pra recomeçarem em outro lugar. Contudo a mulher sempre o esperou voltar.  – Por favor mamãe, Carly pode nos ajudar. Deve haver alguém bom nesse mundo.  – Não seja tola Aurora, não existe bondade, as pessoas apenas usam máscaras. A gente precisa aprender a conviver com a dor. Ele é quem nos mantém vivas.  – Eu não aguento mais viver assim, eu quero que ele morra.  – Não fale assim garota, por pior que seja é do seu pai que estamos falando. Me ajude a deitar com ele. Se ele acordar e não me encontrar.  Aurora não conseguia acreditar, só sobrará dejavu's de sofrimento sem cessar.  Naquela noite, ela não quis ficar em casa. Procurou Carly, que ajudou com os ferimentos e a banhou. A vizinha era bondosa, e o seu marido um ser humano forte o suficiente para proteger das surras do seu pai. Ao menos fora o que imaginou. Pensou em pegar uma faca e enfiar bem no fundo do peito do homem, se fosse em passos lentos talvez ela conseguisse chegar até lá.  Não compartilhou com ninguém sua história, remoeu dentro de si. Mentia descaradamente sobre as surras, por mais óbvio que fossem as marcas, temia o que viria depois. Até mesmo o próprio conselho tutelar não conseguiu a tirar daquele lugar. Só havia um jeito.  Estava decidida, faria logo, foi interrompida dos pensamentos monstruosos com um barulho alto. Conhecia muito bem o som de uma bala, viu várias atravessar a parede do pequeno apartamento em que morava. Levantou apressada e correu para casa, Carly a seguiu preocupada. Os degraus para seu andar nunca pareceram tantos. E quando chegou, sua mãe estava engasgando no próprio sangue, com a mão na barriga.  – Socorro, socorro – gritou sem reação.  Carly ligou para ambulância. Mesmo sem um diploma de medicina, considerou as chances da mãe nulas. A bala entrou pelo peito, Aurora fazia pressão com uma toalha de banho que rapidamente já estava encharcada.  – Aguenta firme mamãe, aguenta firme.  – Salve sua irmã, salve sua irmã. Carly, salve minha filha. Salve Thalia.  – Por favor mamãe, aguente só mais um pouquinho.  Aurora beijava a face da mãe. Era pequena e entendia muito pouco sobre medicina, ou primeiros socorros, ainda assim o sangue escorrendo da boca, olhos e ouvidos, não parecia coisa boa. – Me desculpe por – a mulher engasgou e não conseguia falar a frase.  – Descanse mãe. Descanse, não precisa falar nada. Tá tudo bem.  – Por não te proteger, eu... eu te amo Aurora, eu te... – os olhos da mãe se fecharam de uma vez por todas quando viu os homens de branco chegarem. Eles a levaram em uma maca, e ela seguiu junto a Carly até o hospital.  Não contou o tempo, media a respiração até chegar em seu destino, as paredes brancas e o cheiro de éter a cumprimentaram. Foi quando recebeu um pacote enrolado contendo tudo que sobrou vivo de sua mãe, sua irmã chorou quando ela pegou desajeitada nos braços e beijou seu pequeno rostinho.  – Vou cuidar de você Thalia, vou cuidar de você pra sempre... – Foi uma promessa que morreria pra cumprir.  Não acharam seu pai, teve dúvidas de que se quer a policia tenha ido atrás dele. O homem matou a própria mulher e desapareceu. Só havia um lugar pra onde elas poderiam ir, já que não existia família nenhuma para cuidar de uma garota de treze anos, e um bebê recém-nascido com síndrome de down.  O desprezo e o trabalho f*****o, as surras continuavam, a dor não cessará. No orfanato também não encontrou as almas bondosas que apareciam nos filmes. Trabalhou pela própria comida. Lutou pelo leite e pela vida da sua irmã. Carregava o peso do mundo nas costas, e só tinha treze anos.  Dois meses no orfanato. O lugar competia muito em maldade com seu antigo lar. Donna a diretora do orfanato abusava das crianças com trabalho e*****o, teria que trocar a comida e a cama que dormiam, por limpeza, capinarem, lavagem de roupas. Aurora foi obrigada a trabalhar em dobro para que pudessem alimentar sua irmã pequena.  Mas o choro dela continuava incomodando a todos, por mais que a balançasse a noite até os braços cederem ao cansaço. Nada parecia dar certo, a bebê se contorcia e ficava vermelha de tanto berrar.  Mal tinha tempo pra dormir, pois precisava revezar-se entre cuidar da pequena, e dar conta de todo o serviço. Estava esgotada, sem forças quando implorou a Carly por socorro.  Ela não iria reclamar, no fim tinham um teto pra si e sua pequena irmã, no fim ainda deveria agradecer, porem o desespero a invadiu quando ameaçaram tirar a vida de Thalia. A bebê jamais seria aceita por qualquer família. Sabia que havia dinheiro e suborno, para facilitar a adoção das crianças. E segundo Donna, quem pagaria por uma coisinha frustante como sua irmã?  Não sabe ao certo como ainda tinha reservas de esperança, orou e implorou aos céus que estivessem do seu lado, que mandassem anjos para lhe salvar. E pela primeira vez, suas preces foram atendidas.  Foi quando os céus se abriram, e sobre ela desceu a bondade. Layla e Thor Telles a mostraram o lado bom do mundo, encontrou naquelas pessoas o verdadeiro significado de família. P Nos braços da família Telles ela conseguiu consolo e tudo aquilo que imaginava existir apenas no universo da telinha. Amor, carinho, cuidado, p******o, zelo. Quantos adjetivos pudera aprender com seus novos pais, que tão rápidos passaram a ser heróis, salvadores e melhores amigos.  Contudo, ela já estava ferida, por mais que existisse remédios que tratassem, as cicatrizes ficariam sempre, somente para lembrar-la do passado infortúnio.  ♣ Do outro lado do mundo, tão averso as palavras amor, carinho, cuidado, se encontrava o menino perdido num corpo de um homem bem feito. Seu cartão de crédito black formava mais uma carreirinha do tão precioso ** branco. Ele olhou novamente o seu perfil na rede social, não muito atualizado, mais atualizado o suficiente para ferir-lo, antes não tivesse feito isso. Layla Gianini estava sorrindo feito tola para Thor Telles, seus olhos se iluminaram pela beleza estonteante da mulher. Montada nos ombros do homem havia uma garotinha linda que não sorria pra foto contrariando a todos, e nos braços da mulher que tanto amou um bebê mostrava seu sorriso banguela.  Ela formou uma família perfeita. E como de costume, ele sobrou.  – Vai ter um racha, você ta legal pra participar? Porque eu coloquei seu nome gato. – Dandara Sparks se tornou uma ótima companhia.  – Eu sempre estou.  – Mas dessa vez a coisa é séria, tem um carinha ai fora. E ele procura novos talentos. Coisa profissional e tudo, o dinheiro que se ganha aqui nem se compara ao que se ganha com ele. – Bebê, eu sou o melhor, aqui ou em qualquer lugar – piscou seu olho claro, mesmo sem notar o efeito a ruiva estonteante suspirou por dentro. Levantou com toda audácia que a jaqueta preta, os cabelos bagunçados e o copo de wisky lhe davam.  – Posso apostar que é – soltou um gritinho de empolgação, envolvendo os braços no pescoço do amante. – Vamos lá meu campeão, acaba com eles. Ah, e só pra avisar serei sua mascote, dispensei as duas loiras, elas tinham cara de sanduíche. – Tanto faz, só não grita muito. – Eu nunca grito, muito. Sou a melhor – piscou um olho e o garoto notou que estava criando um monstro, Dandara muito rápido passou a agir exatamente como ele. Era só mais uma corrida. Ele ganhava algum dinheiro com isso, nunca lhe faltou grana pra apostar, e nunca lhe sobrou motivos pra viver. Arriscar a vida sobre quatro rodas fazia toda a m***a descer pelo ralo, por menor que fosse o tempo, a dor não aparecia. Ele sentia apenas a adrenalina pulsando entre suas veias.  Correr foi um talento que ganhou de berço. Nunca soube enfrentar muito bem a vida, preferia fugir. E isso era uma cosia que ninguém podia tirar dele, a velocidade súbita.  Não foi novidade, dos dez carros ele largou por ultimo e chegou em primeiro. Seu carro podia não ser o melhor, mas ele era. Modéstia não, não sobre isso.  – Você é muito bom– m*l saiu do carro, mas aceitou de bom grado a morena que lhe pulou nos braços. Nunca tinha a visto antes, ainda assim saboreou o gosto de cerveja que restava em sua boca. – Valeu gata.  – Será que eu poderia falar com o campeão de vocês?  – O senhor ruivo apareceu por detrás da pequena torcida.  – Quem é você?   – Prazer Rafael Austin, eu sou Aurélio Sparks, e tenho grandes planos pra você?  Olhou f**o para Dandara ao reconhecer o sobrenome, ainda assim resolveu ouvir o que o carinha tinha a falar. Que diabos era aquele sorriso vitorioso que Aurélio assumia em sua face, como se tivesse achado um bilhete premiado da loteria?  Alguns anos depois desse encontro, entendeu porque os olhos de Aurélio se tornaram cifras de dinheiro quando colocou sobre ele. Entendeu que o futuro é mesmo uma caixinha de surpresas, que a vida podia ser uma festa sem fim. Que a dor e os seus pedaços incompletos podiam ser tapados com fita crepe e isso duraria algum tempo.  O problema que Rafael Austin nunca conseguiu resolver, é que por maior que fosse o efeito das suas diversas formas de anestesia, nenhuma delas curava os mil pedaços em que ele fora partido.  ♣ Não esqueçam de comentar o que acharam desse primeiro capítulo. E cliquem na estrelinha, beijos beijos ♥

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