Clara Albuquerque sempre acreditou que a vida era feita de estruturas sólidas. Arquiteta em ascensão em um prestigiado escritório da capital, ela se orgulhava da disciplina que a mantinha no topo de sua carreira e da segurança oferecida pelo noivado com Henrique, um advogado bem-sucedido cuja família influente a acolhera como a nora perfeita. Do lado de fora, Clara parecia ter tudo: estabilidade, promessas de futuro, uma vida cuidadosamente planejada como os edifícios que projetava. Mas por dentro, havia uma inquietude que ela não ousava nomear.
Essa inquietude encontra forma numa noite chuvosa, quando o destino — ou talvez o acaso — coloca Rafael Viana em seu caminho. Fotógrafo de rua, dono de um olhar capaz de transformar o banal em arte, Rafael é o oposto de tudo o que Clara representa: desorganizado, impulsivo, livre ao ponto de assustar. Ele não acredita em planos de longo prazo, prefere se perder nas esquinas da cidade em busca de rostos, luzes e momentos que jamais se repetirão. Quando os olhos de Clara se cruzam com os dele pela primeira vez, ela sente uma vibração que nenhuma estrutura planejada poderia sustentar.
O primeiro encontro é breve, quase trivial: um clique de câmera, um pedido de desculpas que soa mais como convite, um olhar que não se esquece. Clara tenta afastar a lembrança, convencida de que se tratava apenas de um lapso na sua rotina. Mas a cidade insiste em conspirar. Dias depois, voltam a se esbarrar em uma exposição fotográfica, sem que nenhum dos dois tenha planejado. Ali, Clara descobre que parte das obras expostas eram de Rafael: retratos intensos de pessoas comuns, de lugares negligenciados, de olhares que falavam mais do que palavras. E, sem perceber, ela se vê refletida em cada imagem, como se ele já a tivesse capturado muito antes daquele primeiro clique.
Será possível para eles viver este amor intenso, mas definitivamente proibido?