Antes de descer dei mais uma olhada em Guto que continuava a dormir, segui em direção as escadas escutando a gritaria aumentar, ao chegar no andar inferior à gritaria rolava solta.
— Que barulho todo é esse? — falei enquanto descia a escada.
— Essa perua louca veio aqui invadindo a minha casa, junto com o restante dá facção dela — Falou a minha mãe, apontando para Maísa, Alberto e Lívia.
— Me respeita sua destrambelhada — respondeu Maísa.
— Você está na minha casa, eu nunca fui para a sua casa te xingar sua capivara loira. Eu quero que vocês saiam dá minha casa agora, se não vou dar parte na polícia por invasão de propriedade.
— Olha aqui senhora, não fale desse modo com a minha mãe, temos todos os direitos de tentar conhecer o meu sobrinho e eles o neto — Falou Lívia apontando o dedo para a minha mãe.
— Tira o seu dedo imundo dá minha cara senão eu vou quebrar ele — minha mãe estava brava.
— Eu já não disse para vocês que meu filho não tem o seu sangue? — falei cruzando os meus braços olhando para eles, Alberto estava de cadeira de rodas o que me surpreendeu — Por que insistem em me atormentar? Não chegam os problemas do passado que me causaram? Maísa eu não entendo o motivo de você invadir a casa dos meus pais, para tentar ver o meu filho, se eu me lembro bem, eu não era um garoto adequado para o seu filho — eu estava me irritando com a presença deles em minha casa.
— Eduardo, eu te amo como um filho, sempre desejei que você e o Diego se resolvesse, depois que sofri o acidente, eu só penso em morrer, mas eu descobri que eu posso ter um neto, por favor dá-me uma oportunidade de conhecer ele. Eu imploro-te — Falou Alberto com os olhos marejados.
— Não posso te ajudar nesta questão Alberto — cruzei os braços frente ao corpo — Acho que você deveria pedir isso ao seu filho não acha? Não tenho obrigação de dar um neto a você — arqueei uma sobrancelha — Até porque nem tenho como, não sou seu parente.
— Eduardo eu — o interrompi.
— Alberto, eu sempre gostei e respeitei muito você, mas eu estou protegendo a minha família e no momento, eles são os meus pais e o meu filho — Falei me aproximando do senhor na cadeira de rodas.
— Eu sou um homem velho, eu já desisti de viver, só me deixa o ver uma vez, só por um minuto, eu te imploro, rapaz — Alberto, pegou minhas mãos, fiquei encarando os olhos azuis, sendo dá mesma cor do meu filho e do cretino do outro pai,
Lembrei dos momentos felizes que passei com Diego e como o senhor de cadeira de rodas sempre nos ajudou e aconselhou no relacionamento do seu filho mais velho.
— Papai? — aquela voz inocente, vinha do alto da escada onde todos olhamos e ali estava o meu menino sonolento coçando os olhinhos que acabara de acordar, ele desceu as escadas com cuidado que sempre peço — Quem são eles papai? — perguntou ele curioso, olhei para as pessoas, a minha frente, eles estavam com os olhos vidrados em Guto com lágrimas nos olhos.
— Guto vem cá um pouquinho — chamei ele sem sair da frente de Alberto que olhava o meu filho com um sorriso e os olhos brilhando. Guto veio sem hesitar, peguei sentando-o em uma das minhas pernas — Amor esse aqui é Alberto um amigo do papai — falei passando a mão nos seus cabelos que estavam bagunçados.
— Poque ele tá! Sentado nessa c****a? — perguntou ele colocando o seu rosto no meu pescoço.
— Lembra aquela vez que estávamos no parque e você viu um garotinho que também estava numa cadeira assim? — falei e ele olhou-me afirmando com a cabeça — Lembra que o papai disse que ele estava nela porque ele estava dodói, então o tio Alberto também está — falei com ele que olhou de mim para Alberto que o olhava encantado.
— Oi! — falou ele com a voz trêmula pelo choro contido.
— Oi! — Guto respondeu sorrindo.
— Quantos anos você tem? — perguntou Alberto sorrindo para ele.
— Tenho 4 anos — respondeu ele mostrando os dedinhos indicando a sua idade.
— Posso te dar um abraço? — perguntou ele. Guto olhou-me confuso eu afirmei com a cabeça encorajando ele que andou até chegar mais perto de Alberto que pegou no colo e o abraçou chorando. Guto olhou para ele e deu um beijo em sua bochecha.
— Não chora tio, o meu papai sempre dá beijinhos em mim, para eu parar de chorar — falou ele sorrindo, peguei ele do colo de Alberto que ficou-me olhando.
— Filho a sua avó fez um bolo de chocolate do jeitinho que você gosta, vai lá com ela na cozinha vai — soltei ele no chão que foi até a minha mãe pegando na sua mão saindo da sala — É o máximo que posso fazer por você Alberto.
— Não tenho dúvidas, ele é meu neto — falou ele olhando para onde Guto tinha ido com minha mãe.
— Mesmo se fosse, não quero que ele tenha contato com a sua família — falei voltando a minha postura rígida.
— Por favor não me tire esse direito, você estaria me devolvendo a vontade de viver novamente, não tire o meu neto de mim — pediu ele chorando, ver um homem como Alberto chorar era raro, mas ali estava ele não ligando para os presentes na sala e demonstrando o quanto queria Guto em sua vida.
— Por favor Eduardo — Maísa pronunciou-se depois de um tempo calada.
— Preciso pensar, mas se algum de vocês abrir a boca, para dizer a Diego eu juro que essa foi a última vez que falaram comigo e viram Guto entendido? — Falei frio. Eles olharam-me espantados, mas afirmaram com a cabeça.